Capítulo 10° Mentes Atribuladas

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   O jovem tentava se rastejar para longe da entidade. O mesmo gritava o nome de Lucas e o xingava por ter o deixado para morrer.

— Por favor, tenha piedade. - Suplicava o jovem cuja a perna não parava de sangrar, e quanto mais o orixá chegava perto, ele gritava. A entidade colocou sua perna no tronco do jovem, tirou o machado do calcanhar do mesmo, fazendo Diogo soltar um grito medonho.

O orixá pegou ele pelo pescoço e ergueu como se ele fosse uma criança.

— Sinto muito, mas nós não estamos na praça da piedade - Largou o jovem, o virou de costas e usando de seu machado, rasgou as costas do mesmo, escrevendo coisas que pessoas que não entendem da área, não iriam saber. Xangô se divertia com os últimos suspiros do jovem, antes de Diogo morrer ali, a entidade tirou seu lenço mostrando seu belo rosto, todavia ele se transfigurou, dando um baita susto em Diogo que logo começou a ter choques epiléticos em decorrência do susto. De sua boca começou a sair bastante sangue, não demorando para seu coração parar de bater.

— Ainda desacredita? Tolo... - Chutou devagar a cara do jovem, constatando a morte dele.

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— Você é cruel Xangô... - surge Zé pelintra.

— Apenas fiz justiça, e você deveria se colocar em seu lugar. Ficou vulnerável por conta disso - Apontou o orixá para a outra entidade.

— Sim, você tem razão... o que vai fazer com os outros?

— Aguarde meu caro, pois à noite está só começando.

  As entidades somem e novamente, Exu é convocado para deixar a mente dos jovens ainda mais atribulada.

 
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  Atordoados pelo que acabará de acontecer, Lucas acaba tendo um plano. Todos deveriam ficar anoite toda na igreja católica que tinha no final de linha do bairro.

— É a nossa única chance... deve ter gente lá, então vamos bater bastante naquela porta - Disse Lucas completamente alterado puxando com força a sua namorada.

— Lucas se acalma! - Pede Bianca.

— Amor, desculpa, mas não é o momento para calma.

    Assim que eles chegaram na frente da igreja, Lucas abriu o portão que tinha, e todos foram entrando, no entanto Ryan foi impedido de entrar. Todos juntos tentaram puxar ele para dentro, e o desespero tomou conta. Uma parte do corpo de Ryan ficou voando e a força era tanta que estava arrastando o grupo para fora da igreja, por isso eles não tiveram escolha a não ser soltar.

   O céu começou a fechar e vários relâmpagos começaram a cair perto de onde estava Ryan. Exu que tinha arrastado ele, e desta vez, só Ryan podia ouvir os risos desta entidade. Sua ferida começou a doer mais ainda, pois a entidade apertava. Foi nesse momento que pela primeira vez ele viu Exu. Seus olhos pareciam que iriam sair da caixa de tão horrorizado que estava. A entidade começou a se aproximar devagar balançando seu corpo.
O mesmo barulho de machado batendo foi escutado por Ryan e também pelo grupo que estava na porta da igreja. Exu sumiu da frente dele, mas Xangô apareceu novamente arrastando seu machado pelo asfalto. O mesmo assobiava e antes de ir até Ryan, olhou para o grupo e piscou, gesto que facilmente dizia que eles seriam os próximos. O orixá começou a matar Ryan com vários golpes de machado. Os jovens começaram a bater na porta gritando, até que o padre que estava dormindo lá dentro, abriu e os jovens empurraram ele, não ligando se isso machucaria o senhor que quando viu quem estava lá fora, ficou chocado da mesma forma que todos os jovens. Rapidamente ele trancou a porta e meteu um crucifixo. As batidas na porta da igreja cessaram dando a entender que funcionou.

    Depois de muito tempo, os jovens finalmente conseguiram respirar. Lucas percebendo que o padre estava ainda em choque pelo que acabará de vê, foi até ele — Padre, estamos seguros aqui, certo?

— Eu não diria isso, não por muito tempo.

— O que ele tá falando??? - Indagou Marcelo.

— Devem ser demônios. Isso é uma porra de igreja! - Gritou Beatriz.

— Lave está sua boca para falar deste lugar - Disse o padre elevando o tom de voz.

— Perdão pela minha amiga padre, mas diga-me... ele vai entrar aqui ou não? Ele pode fazer isso?? - Mesmo tentando manter a calma, era evidente que Lucas estava aterrorizado.

— Sinto muito meu jovem, mas o que vocês estão enfrentando não é um demônio.

— Por favor padre não me diga que o que está lá fora é um...

— Santo? Orixá? - Cortou Lucas que deu dois passos para trás. O orixá começou a bater na porta da igreja e o padre deu de ombros, o crucifixo só havia funcionado contra o Exu.

— Não posso ajudá-los. Quem deve está lá fora é Xangô e eu asseguro a vocês que ele é muito violento.

— A gente acabou de perceber isso - Se levantou Marcelo fazendo menção de pegar o padre.

— Tem que existir alguma forma de pará-lo - Disse Lucas.

   Xangô bateu com mais força na porta e toda a estrutura da igreja começou a tremer.

— As suas vidas estão nas mãos dele. Seja lá o que vocês tenham feito, pode ser parâmetro para a decisão final dele
- Avisou o padre.

— Machucamos um homem de chapéu branco e roupa branca também.

O padre passou a mão nas têmporas e respirou fundo.

— Nem todos nós somos culpados.
- Se indignou Lucas.

— Não importa meu filho. Vocês estavam certamente juntos, sendo muito provável que Xangô vá atrás daqueles que não fizeram nada por último. Vocês conseguiram a proeza de machucar uma entidade de respeito. Assim como não se deve desafiar o Deus todo poderoso, também não se deve insultar ou desrespeitar essas entidades.

   A porta da igreja se abre e Xangô entra. Os jovens levantam rapidamente, e correm ficando atrás do padre.

— Corram para os fundos. Tentarei ganhar tempo para vocês.

Os jovens começam a correr ficando ali no recinto o padre e o Orixá que estava com as mãos apoiadas em seu machado.

— Saia da minha frente. Você cheira a pecado igual qualquer outro.

— Não me compare com os outros, não se atreva.

— Hahaha! olha, eu gosto de você. Pelo menos não disse para os jovens que sou um demônio. Mas ainda sim, fede a pecado - Brincou o Orixá.

— Acha que é tão superior? Não precisa matar para fazer justiça, existe outros meios.

Xangô riu horrores e o padre tremeu todo o seu corpo.

— Viu? Eu só preciso soltar uma risada para você se colocar no lugar. Agora saia da minha frente, pois essa sua cruz nem cócegas faz em mim, e você sabe disso.

O orixá passou pelo padre, mas antes de terminar de passar, o mesmo se aproximou do ouvido dele. O padre tremeu ao sentir o machado encostar em suas costas.

— Quem perdoa é o todo poderoso,  Deus como você gosta de falar, ah, e os anjos dele, pelo menos alguns são bonzinhos. Ah padre, se tu soubesse das coisas que sei, ficaria decepcionado.Tenha uma boa madrugada.

   A entidade foi embora, mas antes ele destruiu todas as janelas da igreja, pois havia perdido tempo, porém Xangô não ia descansar até pegar cada um dos jovens.

O Preço da Desobediência📿Where stories live. Discover now