| Seis |

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Belle Edmond

Dormi feito uma pedra na noite anterior. Era engraçado que, em três anos, foi a minha primeira noite de sono completa. No café da manhã eu me sentia mais disposta e ansiosa. O dia anterior parecia ter acontecido há muito tempo e eu me sentia aliviada por isso.

Na parte da manhã, fiquei com Remy enquanto Renè ficava na floricultura. Nós tínhamos uma escala programada desde que eu tive Remy e precisei trabalhar em meio-período, o que me dava tempo para ficar com o meu filho e poder fazer o que mais amava.

E aquele dia a nossa escala estava perfeita, uma vez que a cliente que eu esperava com urgência viria na parte da tarde, no meu turno.

E aquilo me deixou ansiosa. Apesar de Renè ter atendido a cliente por ligação e me passado todos os detalhes depois, a minha curiosidade estava batendo na porta.

Não era todos os dias que eu recebia um pedido de orçamento para um casamento que aconteceria em duas semanas. Tudo bem que já recebi foram informações de que a cerimônia aconteceria em um vinhedo e um pedido de horário.

Logo, eu tinha várias ideias rabiscadas em um caderno, pois casamentos eram muito comuns em vinícolas em Bordeaux e uma noiva ansiosa que eu sabia que viria à tarde.

E, claro, um nome.

À uma da tarde desci com Remy para a loja. Renè disse que seria a babá do dia. Eu achei que foi mais uma imposição, quando Francis declarou na noite anterior que era a vez dele de cuidar do meu filho.

Eu, inicialmente, me sentia incomodada quando Renè, Francis, e até mesmo Daphne, falavam que cuidariam do meu filho. Quer dizer, eu sentia que estava os incomodando, sendo que poderiam aproveitar o restante do dia para fazerem o que bem entendessem.

Contudo, o desconforto foi passando a cada dia que eu via o amor que os três tinham por Remy. O cuidado e atenção. E depois de muitas broncas, deixei de lado o tal "canguru" que eu usava para trabalhar com Remy, e deixei que eles me ajudassem.

Eu era orgulhosa, tinha que admitir, mas o bem estar do meu filho falou mais alto e eu passei por cima do orgulho.

Agora eu tinha uma avó e dois tios babões cuidando do meu filho.

— Olá — exclamei ao entrar pelos fundos.

Bonjour! — Renè saudou de algum lugar da loja.

Coloquei Remy sobre o balcão, e ele logo agarrou uma flor que estava perdida por ali, interessado nas pétalas.

— Ei, mocinho, isso não é para você! — Peguei a flor de sua mão a tempo de ele colocá-la na boca.

Perry surgiu na nossa frente.

— Oi, amorzinho da tia! — Renè praticamente gritou.

Remy começou a rir.

— Tia, vamos assistir Big Hero? — Remy perguntou, enrolando em vamos e Hero.

Ele ainda estava na fase de aprender a formular frases maiores, apesar de ter apenas dois anos, e mesmo tropeçando nas palavras, nós conseguíamos entender perfeitamente o que ele queria.

Renè abriu a boca, fingindo estar indignada com o meu filho.

— É assim? Você chega aqui com sua mãe e nem me dá um beijo? Um abraço? Nem um beijinho na titia querida? — dramatizou.

Remy começou a gargalhar e estendeu os braços para Renè, que o pegou no colo e o encheu de beijos.

— Hoje ele acordou animado — falei. Remy raramente acordava risonho daquela maneira. — Me fez assistir Moana. E advinha?

Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now