Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)

| Oito |

Belle Edmond

Eu não sabia o que fazer. Era como se um furacão estivesse passando por minha vida. Levando com sua fúria todos os planos e conquistas que eu havia feito nos últimos anos.

Minha única opção ao ver Eliza e Nickolas na minha floricultura foi chamá-los para o lado da decoração. O convite, claro, incluía apenas Eliza, mas ela deu um jeito do cunhado vir junto.

Com um pouco de sorte, consegui disfarçar enquanto pegava o meu celular e enviava uma mensagem para Renè, implorando com um alerta máximo que Remy permanecesse em casa.

Ela leu a mensagem rapidamente, e se disse disposta a descer e chutar Nickolas, caso fosse necessário. E, pior ainda, minha amiga conseguiu fazer piada da minha desgraça.

Eu merecia!

E, naquele exato momento, era eu quem estava pensando seriamente em chutar Nickolas Lefebvre para longe da minha floricultura.

Ele estava me irritando, com seus olhares incisivos e seu sorriso ofuscante.

Merde! Eu o odiava por ser tão bonito! Seu sorriso me desconcentrava, e eu estava fazendo uma força hercúlea para manter minha cabeça e minha expressão neutra na conversa com Eliza.

Ela, por outro lado, parecia continuar a mesma. Sorrindo gentil e ficando animada a cada vez que falávamos da decoração.

- Qual é a data do casamento? - perguntei, já que isso fazia parte do meu trabalho.

Não que eu estivesse cogitando aceitar aquela proposta.

Decorar um casamento na vinícola de Nickolas significava passar um tempo lá, com ele, mais perto dele e com sua presença intoxicante me rodeando a todo momento.

Eu não poderia correr o risco.

- Sete de agosto - Eliza respondeu.

Não senti felicidade na sua voz.

Levantei meu olhar do caderno e encarei seu rosto. Ela parecia furiosa.

- Do ano que vem? - indaguei, uma vez que as noivas planejavam com até um ano de antecedência.

Eliza suspirou. Não era um som de alívio, estava mais para cansaço e desgosto.

Ouvi um som abafado, como uma risada, e notei que ele vinha de Nickolas.

- Pare de rir, enfer! - Eliza esbravejou para ele.

- Pardon - Nickolas pediu. Ele não parecia arrependido, pois continuou a rir.

Aquilo me deixou nervosa. E Eliza parecia estar prestes a estrangular Nickolas e qualquer pessoa que falasse sobre a sua decisão da data do casamento.

- Pardon, Belle. Nickolas está rindo, pois ele e o irmão são dois idiotas! - ela, literalmente, rosnou as últimas palavras.

Pisquei, um pouco tonta com o rumo que a conversa estava tomando. Eu nunca havia visto alguém falar assim da família Lefebvre antes. Quer dizer, Renè vivia xingando Nickolas, mas ela o odeia. Eliza, por outro lado, incluiu o próprio noivo nessa.

- E-está tudo b-bem! - Minha voz não mostrou a confiança que eu queria. Eliza fez uma careta. Nem mesmo ela confiava nas minhas palavras. - Então, a data do casamento? É para agosto... - falei, enquanto pegava a minha agenda e olhava para o calendário.

Meus olhos pararam na data que estávamos.

Vinte e quatro de julho.

Muito perto de agosto. Uma semana, para ser exata.