Sob Os Vinhedos de Bordeaux #2 (DEGUSTAÇÃO)

| Dez |

Frustrado.

Era essa a palavra que me definia ao chegar em casa. E parecia que eu era o único a sentir aquilo, pois Eliza parecia radiante ao meu lado, me fazendo duvidar se ela estava, de fato, bem.

Belle praticamente havia recusado decorar o casamento de Eliza e meu irmão, não com todas as palavras. Eu só não conseguia entender o sorriso no rosto da minha cunhada.

Qualquer noiva se sentira decepcionada.

Eu me sentia decepcionado!

Qual era o problema dela, então?

Tudo bem que eu tive um pequeno, um mínimo, gosto do que era tocar Belle Edmond novamente. Não consegui me controlar na despedida curta e rápida. Dieu! Eu pensei que meu corpo nunca responderia a uma mulher assim. Eu a ansiava, mais do que qualquer outra coisa no mundo. E Belle estava ali, a centímetros de mim. Foi impossível resistir à tentação.

E parecia que eu não era o único imune.

Assim que beijei sua mão delicada, vi um relampejo de desejo cruzou seus olhos violeta. Foi impossível não sorrir, enquanto ela tentava disfarçar e desviava o olhar do meu. Seu desejo era claro, mas Belle o reprimia como se fosse o pior pecado do mundo.

E eu adoraria fazê-la ansiar por mim novamente.

A frustração começou logo que entrei no carro. Eliza não deu uma palavra sequer comigo, digitando algo em seu celular e me ignorando completamente.

Tentei repassar na minha cabeça a conversa anterior, mas nada, a meu ver, aconteceu para que minha querida cunhada me ignorasse.

Não até entrarmos na sala de estar e encontrarmos vovó e Hector sentados no sofá, nos esperando.

— Então? — vovó indagou, assim que nos viu.

Eliza começou a rir. Simplesmente do nada.

Meu irmão sorriu também, olhando para Eliza como se compartilhassem algum segredo. Fiquei momentaneamente confuso.

— Ele parecia um idiota — Liz revelou.

— Mon Dieu! — vovó exclamou, começando a rir também.

Levei alguns segundos para perceber que eles falavam e riam de mim. Fiz uma careta, sem conseguir me controlar, e encarei cada um de forma mortal.

— Vocês sabiam disso? — questionei.

Encarei Hector furioso e vovó, decepcionado.

Aquela idosa fofoqueira!

— Só segui as sugestões da minha amada noiva — respondeu Hector, com ironia.

Marion começou a rir mais quando Eliza se sentou ao lado do meu irmão, encarando-o seriamente.

— Pensei que você estivesse do meu lado, vó! — exclamei, chateado com a situação.

A saída de hoje nada mais era do que um plano muito bem arquitetado pelo meu próprio irmão e minha querida cunhada. A intenção deles com isso? Eu jamais saberia. Mas era, de fato, frustrante enquanto se metiam na minha vida daquela maneira.

Principalmente me levando para perto de alguém que parecia desejar a minha morte.

Ok, exagero meu. Mas Belle não parecia me querer por perto. Por mais que os sinais do seu corpo desse a entender o contrário, eu jamais insistira.

Um não era um não. E isso violaria os direitos dela. E eu jamais seria esse tipo de homem.

— Eu estou do lado da mulher até que se prove o contrário — Minha avó esbravejou. Seu olhar contrastava com sua voz dura e fria. — Não é porque sou sua avó que passarei a mão na sua cabeça. Conheci Belle, sei da mulher maravilhosa que ela é. Com certeza não te deixaria sem um bom motivo! — finalizou, me olhando cética.