𝘀𝗶𝘅.

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G.M, 14/01/2022
Los Angeles, CA

─ Gina, visita! ─ Maggie me grita da sala de estar, enquanto eu estou me arrumando para a primeira aula do ano.

Saio do meu quarto, usando o collant preto e a meia calça bege de sempre. Abro a porta e encontro Yuliya.

─ O que você tá fazendo aqui? ─ pergunto, deixando ela entrar. ─ Como você chegou aqui?

─ O Luke me trouxe. ─ Luke era o motorista da minha família. ─ E eu vim passar um tempo com você. Não posso?

─ Não. ─ respondo, de cara feia. Ela me olha com indignação e eu dou risada. ─ Você não pode ficar aqui sozinha, Lia. Eu vou para a aula e a Maggie... pra sei lá onde.

─ Claro que posso. Eu já tenho onze anos. ─ ela se gaba. Reviro os olhos. O aniversário dela foi há uma semana.

─ Onze anos e uma semana é mais perto de dez do que dezoito, então não vai rolar. Liga pro Luke e pede pra ele vir te buscar. ─ volto ao meu quarto para terminar de me arrumar, mas ela vem atrás.

─ Não quero voltar, Gina.

Me viro assim que percebo o tom de voz triste.

─ Por que? Aconteceu alguma coisa?

Ela balança a cabeça.

─ Parece que o papa perdeu um investidor hoje cedo, agora ele tá gritando no telefone no escritório. Eu não gosto quando ele fica assim, então avisei a mama que viria te visitar. ─ ela diz.

Suspiro, passando as mãos no rosto.

─ Você quer ir comigo? ─ pergunto.

─ Não. Odeio ballet. ─ ela faz uma careta. ─ Por que você não pode faltar só hoje?

─ Porque eu preciso de toda a preparação possível para a minha apresentação, e você sabe.

─ Eu sei. Mas a sua apresentação é em outubro! Daqui nove meses. ─ ela resmunga. ─ Aliás, você não ficou três semanas sem aula? Por que mais um dia é o fim do mundo?

Maggie no fim do corredor, dizendo: ─ Ela tá certa.

Sorri para Yuliya e fui trocar de roupa. Coloquei de volta o conjunto de moletom da Nike, me camuflando contra o frio, e levei minha irmã para a cozinha.

─ Pega uma panela naquele armário e coloca um pouco de óleo. ─ aponto para o armário, e ela faz o que eu disse. ─ Pega a pipoca naquele de cima e joga tudo dentro.

Apesar de ter onze anos, Yuliya puxou o lado da família de papa e já está quase do meu tamanho, com um corpo que não parece ser de onze anos. Eu tenho medo por ela.

Enquanto ela faz a pipoca, eu faço um doce de chocolate, mais uma das receitas da minha avó, e depois de uns quinze minutos levamos todas as besteiras, incluindo uma Pepsi de dois litros e um pacote de cookies e M&M, para a sala de estar.

Eram poucos os momentos que isso acontecia. Ela e eu juntas, sem nossos pais por perto pra nos incomodar. Ela até que é mais legal longe deles.

─ Escolhe o primeiro filme. ─ falo, checando o meu celular. Respondo a mensagem de mama confirmando que Lia está aqui, e depois largo.

Vejo que ela escolheu um filme de terror clássico, dos anos 80. Eu sorrio, porque sei que ela puxou isso de mim. Os filmes clássicos não são os melhores, mas são meus favoritos.

Assistimos juntas, comendo a pipoca e tomando o refrigerante. Mal notei quando Maggie saiu, mas ela se despediu com um grito e disse que voltaria amanhã.

Yuliya foi embora às oito. Luke veio buscá-la, mas eu vi como ela parecia relutante em ir, e eu a entendo. Eu até diria para ela ficar essa noite, mas ela conhece nossos pais tanto quanto eu, e sabe que isso seria tópico de discussão em algum momento.

Decido assistir mais um filme, sozinha dessa vez. Pego o que sobrou do refrigerante e um pacote de Oreo no armário. Coloco Paranoia pra rodar e assisto, vidrada.

Me assusto quando meu celular toca, no volume mais alto, e dou risada do meu próprio susto.

É mama. Suspiro antes de pausar o filme e atender.

─ Oi.

Yuliya acabou de chegar.

─ Que bom.

Ela te contou o motivo da visita? Ela saiu quase correndo daqui, fiquei preocupada.

Como se ela não soubesse.

─ O papa estava nervoso e ela ficou com medo de acabar descontando nela de alguma forma. ─ não foi isso que ela me disse, mas eu sabia.

Ele perdeu um investidor forte hoje cedo. Coisa de bilhões de rublos. ─ o rublo russo não é uma moeda muito valorizada como o dólar ou euro, mas bilhões de rublos seriam milhões de dólares, então entendo o apelo. ─ Ele ficou nervoso, sim, mas depois saiu para tentar resolver a situação. Não entendi Yuliya ter saído.

─ Não foi nada demais, mama. Ela não estava com nenhum estranho. Nós comemos algumas besteiras e vimos alguns filmes.

Coisa errada a dizer.

Besteiras? O que?

─ Só... um pouco de pipoca e kartoshka.

─ Kartoshka? Aquela bomba de calorias?

Reviro os olhos, feliz por ela não conseguir me ver.

─ Eu só fiz alguns, mama.

Você precisa levar a sua dieta a sério, Gina. Se lembra quando você engordou quase sete quilos, comendo besteiras assim? Eu quase tive que te tirar do ballet.

─ Como eu poderia esquecer? Você me lembra disso sempre que tem a oportunidade.

Porque me preocupo com você, e sei o quanto você quer aquela bolsa para Bolshoi. E você não vai conseguir se sair da linha de novo. ─ bufei.

─ Tá bom, mama. Já entendi. ─ corto. ─ Eu vou conseguir a bolsa. Nada vai me impedir.

Eu sei.

Segundos depois, me despeço e encerro a ligação. Tiro as palavras dela da minha cabeça a ataco o pacote de Oreo.

Eu queimo muitas calorias dançando, é mais que normal eu gostar de comer muito. Isso não vai me afetar.

Nada vai me afetar.

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cap chato ne eu sei

dancing queen  ꪵOnde as histórias ganham vida. Descobre agora