capítulo 4

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Alguns dias depois.

Daniel.

Eu, Kelly e o nosso filho voltamos para São Paulo ontem à noite, nós decidimos que Kelly e Matheus dormiriam no meu apartamento comigo atéo fim dessa semana. Não é como se fosse algo definitivo, que nós iremos morar juntos, ao menos não por enquanto. Eu não quero ir rápido demais com as coisas dessa vez.

Tudo ainda parece surreal demais para mim, mesmo já tendo se passado pouco mais de um mês desde que eu e Kelly nos reconsiliamos a minha ficha parece nunca cair. Todos os dias que conseguimos dormir juntos eu fico exatamente como estou nesse exato momento, a olhando como um bobo e passeando minhas mãos delicadamente entre seu rosto e cabelo. Ela continua dormindo como um anjo. Ela é tanto para mim. Ela é tão linda.

Interrompo a onda de carinhos por seu rosto quando um pensamento ruim invade a minha mente antes que eu possa controlar. "Será que eu não devia estar a tocando enquanto ela continua dormindo? Mas eu não tenho nenhuma intenção ruim, eu só gosto de fazer carinho nela sempre que tenho a oportunidade, é só isso. Droga, odeio quando me sinto assim, errado por estar fazendo algo que é natural entre um casal, ou não?"

Chacoalho a cabeça por algumas vezes a fim de que esses pensamentos idiotas abandonem a minha mente. Não posso e não vou permitir que eles me dominem e estraguem nenhum minuto a mais do meu dia.

Decido me levantar e fazer o café da manhã. Saio da cama bem devagar para que Kelly não acorde. Pego uma roupa mais devagar ainda, saio do quarto e fecho a porta o mais silenciosamente que consigo. Em seguida vou até o banheiro do corredor e faço a minha higiene matinal.

Quando finalizo me olho no espelho rapidamente antes de me direcionar até a cozinha.

Assim que chego no cômodo minha respiração fica irregular e quando dou por mim percebo que minhas mãos estão em meu peito. — Matheus, você quer matar o seu pai do coração, é isso mesmo? — o olho sério, enquanto tento controlar o sorriso bobo que insiste em querer se formar em meu rosto.

Matheus praticamente gargalha em minha frente, com suas mãozinhas em minhas pernas.

— Me desculpa papai? É que isso é engraçado. — ele continua sorrindo ao mesmo tempo que seus olhos tão iguais aos meus estão em mim. Ele tem um jeitinho tão lindo no olhar que eu não consigo ficar bravo.

— Para de ficar rindo de mim e vem já me ajudar a fazer um café da manhã bem gostoso pra mamãe. —tento manter um tom zangado na voz, mas acabo sorrindo para ele ao mesmo tempo em que faço um carinho de leve en seu rosto antes de ir até o armário pegar as coisas pro café.

Demoro mais tempo que o necessário para preparar tudo, já que eu realmente fiz Matheus me ajudar nos preparativos do café da manhã. Claro que isso me rendeu uma cozinha mais bagunçada que o normal para eu arrumar depois, mas isso não importa, o importante é ver ele exatamente como ele está agora, todo feliz por ter ajudado a preparar o café da manhã pra mamãe.

— Falta mais alguma coisa papai? — ele me pergunta assim que coloca algumas bolachas dentro da bandeja.

— Não meu amor, não falta mais nada. Agora já podemos ir lá acordar a mamãe, mas com carinho, ok? Sem assustar ela, certo? — o olho nos olhos. Ele faz que sim com a cabeça enquanto ja corre em direção ao quarto. Pego a bandeja e o sigo logo atrás.

Matheus diminui o passo assim que se aproxima do cômodo. Ele abre a porta sem fazer praticamente nenhum barulho. Quase me derreto todo quando ele se aproxima de Kelly e começa a acariciar o seu rosto até ela começar a ir acordando aos poucos.

Coloco a bandeja do café no bidê ao lado da cama. Kelly abre os olhos e alterna o olhar entre mim e Matheus, um sorriso comeca a aparecer em seu rosto e eu me sinto como se fosse energizado só de ver esse sorriso.

— é tão bom acordar com os amores da minha vida aqui. — ela sorri ainda mais enquanto se senta na cama lentamente. Me aproximo apenas para arrumar os nossos travesseiros de modo que eles sirvam de encosto para ela. Assim que Kelly se ajeita nosso filho se senta ao seu lado na cama.

— A senhora gostou mamãe? — ele pergunta lhe lançando um sorriso tímido em seguida. Não consigo deixar de sorrir também ao observar aquilo. Acho tão linda essa troca entre mãe e filho.

— Se eu gostei? Eu não gostei, eu adorei meu amor. — Kelly sorri, ainda alternando o seu olhar entre mim e Mateus. Ela começa a comer e estende a bandeja para que o nosso filho pegue também.

Faço menção de me sentar ao lado deles quando o toque de mensagem do meu celular chama a minha atenção. Pego o aparelho de cima da cabeceira da cama, decidido a apenas ver o conteúdo da mensagem e ignorar por agora, eu responderia depois. Mas assim que abro e vejo o que está escrito eu sinto como se o chão estivesse saindo dos meus pés.

A mensagem era de Sônia dizendo que o advogado de meu pai conseguiu um habeas-corpus para ele, e meu pai havia deixado a cadeia no dia anterior. Me pergunto como isso foi possível? Não, isso não está acontecendo. Isso é só um pesadelo ruim, que eu logo vou acordar.

Destroços do PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora