capítulo 6

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Daniel.

Desde que recebi aquela mensagem de Sônia avisando que meu pai havia saído da cadeia o meu dia virou um completo caos, droga, e ele tinha começado tão bom. Parece até uma brincadeira cruel do destino comigo, não era possível. Agora que eu acho que começo a colocar um pouco de ordem na minha vida Carlos surge diretamente das profundezas do inferno para me atormentar e ferrar com o resquício de controle emocional que tenho lutado tanto para construir.

Durante aquela manhã a única coisa que consegui fazer foi a minha consulta com Michele, minha psicóloga aqui em São paulo. Isso graças a kelly, que conseguiu me convencer a não desmarcar o horário. Eu não sei o que seria da minha vida agora se ela não estivesse comigo.

O restante do dia se passou arrastado. Tentei contato com minha mãe e Katherine e nenhuma atendeu aos meus telefonemas ou responderam àsminhasmensagens, e isso está a ponto de me deixar uma pilha de nervos.

Respiro fundo algumas vezes buscando relaxar. Eu preciso urgentemente me acalmar, pois agora estou parado em frente a escolinha de Matheus, e tudo o que ele não precisa ver é o caos que está a minha mente. Kelly tinha me ligado há alguns minutos atras, dizendo que daria um jeito de sair mais cedo do estágio para buscar o nosso filho, já que eu não estava bem. Eu disse que não era preciso, que eu iria buscá-lo, que ela poderia fazer as suas coisas tranquilamente que tudo ficaria bem. Eu não deixaria que ela deixasse ou adiasse qualquer compromisso que fosse por minha causa. Ela já teve que fazer isso antes e eu não podia deixar que aquilo continuasse, afinal não era justo com ela. Então cheguei na escola 15 minutos antes do horário da saída a fim de que tivesse um tempo para me acalmar.

Me remexo algumas vezes no banco de couro do meu carro, minha ansiedade me deixa inquieto. Fixo meus olhos no por do sol, que está tão lindo agora, isso me distrai um pouco e faz com que eu me sinta um pouco mais tranquilo.

Sinto o meu celular vibrar em meu bolso, assim que o pego vejo o número de Katherine no visor. Sinto um alívio ao ver o seu nome na tela.

— Caramba Katherine, eu quase morri te ligando, tá tudo bem com você? — Pergunto assim que atendo o telefone.

— Calma Daniel, tá tudo bem comigo, ok? Eu já sei que o papai foi solto, ele me procurou: — ela fala em um tom tranquilo na voz, acho que na tentativa de me deixar tranquilo também, mas eu não tenho certeza de que isso surtiu algum efeito.

— Droga! Eu tava sentindo que ele faria isso. Ele não machucou você, machucou?

— Claro que não, fica tranquilo Dan, tá tudo bem. Ele queria conversar comigo, disse que foi ótimo poder me conhecer, disse que se arrependeu e deseja recomeçar, essas coisas.

Ouvir aquilo me surpreendeu. Eu queria muito acreditar que Carlos disse a verdade para a minha irmã, mas eu sinceramente não consigo acreditar que ele tenha se arrependido verdadeiramente. Será que estou sendo ruim e injusto ao pensar dessa forma? Decido compartilhar meus pensamentos com Katherine, mas tenho um certo receio de expor isso em voz alta.

—Kath, eu sei que isso deve ter mexido com você. Eu só te peço que tenha cuidado e não crie expectativas demais em tudo isso que ele te disse agora. Pode até parecer ruim da minha parte te dizer isso agora, afinal eu sei bem o quanto é terrível se arrepender de algo assim, querer que alguém acredite em você e te dê só um voto de confiança e não ter nada disso, mas não acredite em nada que ele tenha dito, por favor. Eu sei que posso estar errado e sendo muito injusto, mas eu só quero proteger você. Se ele estiver mesmo arrependido nós vamos saber com o tempo.

— Eu sei Dan, eu sei. Olha, quando eu voltar pra São Paulo no fim da semana nós conversamos melhor sobre isso, tá bom?

— Acho que voltaremos pra Marília no máximo até amanhã, aí conversamos, ok?

Destroços do PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora