Capítulo 10

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Daniel.

Meu corpo já começa a sentirvos efeitos da ansiedade assim que meu carro cruza a rua do hotel onde meu pai está hospedado. Decidi vir logo depois do almoço, não falei claramente para ninguém que viria para cá, mas com certeza Katherine deve imaginar Onde eu estou agora, mas não quis deixar claro, até porque isso talvez gerasse uma discussão com minha mãe que não gostaria de ter no momento. Mas o fato é que agora estou aqui, praticamente parando o carro em frente ao hotel Villaje. Assim que paro o meu carro não consigo deixar de reparar na fachada imponente e na placa enorme com o nome do hotel, só consigo me perguntar como meu pai conseguiu se hospedar aqui, já que está sem dinheiro algum.

Decido deixar meus pensamentos de lado, pelo menos por agora, já que não ganharia nada além de mais ansiedade ficar me perguntando tantas coisas, simplesmente decido entrar e me dirigir até a recepção,  assim que chego sou recebido por uma moça simpática que me lança um sorriso assim que me vê.

— O que o senhor deseja? Ela me pergunta, me olhando de cima a baixo. Já não acho ela tão simpática assim.

— Eu vim visitar o meu pai, ele está hospedado aqui, no quarto 301, o nome dele é carlos de Moura. Digo tentando ignorar o seu olhar, que continua fixo em mim.

— Claro, vou interfonar avisando que o senhor está aqui. Ela diz deixando de me olhar e colocando a mão no interfone que está em sua frente.

— Olha, eu gostaria que não avisasse que eu estou subindo. Bom, é que faz muito tempo que eu não o vejo, então gostaria de fazer uma surpresa. Ela me olha desconfiada, tenho quase certeza que ela não quer me liberar. Então pego a minha identidade que está no meu bolso e entrego para ela. Vejo suas expressões se suavizarem assim que ela vê o nome do meu pai no documento, me entregando em seguida. Pego da sua mão, guardando novamente em meu bolso.

— Porque vocês não se veem há tanto tempo? A moça me pergunta em um tom de curiosidade, e eu tento me controlar para não perder minha paciência.

— Porque nós acabamos nos mudando para  cidades diferentes um do outroentão com toda a correria do dia a dia não conseguimos mais ter o mesmo contato de antes sabe. E eu tô com muita saudade dele. Falo no tom mais natural que consigo.

— Eu imagino. Fica no terceiro andar, no primeiro corredor à direita. Ela sorri e eu quase comemoro internamente por finalmente ser liberado.

— Muito obrigado. Sorrio em agradecimento já chamando o elevador. Assim que ele para no térreo entro e aperto no número do quarto e no terceiro andar. Quando as portas se fecham sinto o meu coração acelerar, sem ter ideia do que posso esperar quando eu me encontrarcom o Carlos. Quando as portas se abrem novamente, indicando que já estou no andar desejado, tento manter minha respiração regular e vou me dirigindo devagar até o quarto 301.

bato na porta e os segundos que se passam até que ele abra a bendita porta mais parecem uma eternidade para mim.

— Eu nunca imaginaria que você teria coragem de vir aqui. Meus pensamentos são interrompidos pela voz do meu pai e seus olhos arregalados direcionados a mim

Decido criar coragem e o óleo atentamente também. Não consigo deixar de notar o quanto ele está diferente fisicamente desde a última vez que eu vi. Seus olhos parecem ligeiramente mais Fundos a barba está começando a ficar grisalha, assim como os seus cabelos. Apenas alguns traços do rosto ainda lembram o homem bonito que ele sempre foi. É como se estivessem se passado 15 anos e não apenas cinco. Não sei se minha percepção está cega por conta de toda mágoa que tem dele, mas não me parece o homem cheio de ternura Que a Katherine me descreve. Seu olhar para mim é firme, como se tivesse uma raiva mau contida em seus olhos.

— posso entrar? Meu tom de voz é firme, assim como meu olhar para ele. Quero deixar muito claro em meus olhos o quanto vim aqui pronto para o embate.

— Claro. Ele me dá passagem, apontando a poltrona que a do lado da cama para que eu sente. Ele continua me encarando, daria tudo para saber o que ele está pensando. Queria entender o porquê ele não deixa de me olhar. É como se ele estivesse me avaliando. Me sento na poltrona que ele me aponta E continuo encarando também. Eu realmente estou determinado a não sair como derrotado nessa conversa dessa vez.

— a que devo a honra da visita do meu filho mais velho? Ele diz pegando uma garrafa de água em um frigobar., tomando alguns goles do líquido bem devagar.

— O senhor meu pai Procurou a minha irmã, esperei que fosse me procurar, mas como não aconteceu então eu tô aqui. Por que o senhor não me procurou? Eu acho que sei o porquê. Meu tom de voz é carregado de ironia

— Eu Só não te procurei porque tive medo, não tive coragem. Porque eu sabia que você iria me receber exatamente como tá fazendo agora. Então decidi começar pela parte mais fácil, eu não sei. Só não queria sofrer tanto. Carlos resolve se sentar na cama a minha frente. Mantenho meus olhos atentos nele, Tentando ler suas expressões. Mas ele sabe como deixá-las como sendo uma incógnita para mim

— Não vim aqui para tentar me dar bem com você, não quero que sejamos pai e filho. Eu tentei isso uma vez quando fui te visitar naquela cadeia há 5 anos atrás. Agora eu só vim aqui para que saiba que eu não acredito em você, e que não sou mas o tolo que fui durante tanto tempo Quero que saiba que se fizer algo com alguém na minha família eu juro que sou capaz de te matar. Meus olhos espelham toda a  raiva que sinto só de pensar na possibilidade de ele ter algum plano ruim contra a Catherine ou qualquer outra pessoa que eu amo.

— eu não tenho nenhuma intenção oculta Daniel, a única coisa que eu quero é me reaproximar dos meus filhos, do meu neto. Aliás, ele é muito lindo né. Eu vi o seu neném hoje, passeando com a Kátia. É um príncipe, parabéns.

Não sei se estou vendo coisas, mas posso praticamente jurar que ele falou isso como uma ameaça. Não consigo controlar a raiva que me atinge, me levanto rapidamente, ou puxo pelo colarinho, apertando o seu pescoço com toda a minha força. Só consigo me dar conta da merda que eu estou fazendo quando finalmente ouço o fio de vós que saía dele. Me afasto tentando manter a minha respiração regular, mas isso é impossível. Ainda não consigo acreditar no que acabo de fazer, não acredito no meu pai, não tenho a intenção de ter uma boa relação com ele. Mas ainda não sei de verdade o que ele quer, não sei se tudo que estou pensando é real. Mas não poderia ter perdido a cabeça dessa forma. Eu não sou igual a ele. Assim que volto a olhar meu pai consigo ver seu rosto pálido, as expressões de surpresa e medo estão explícitas em suas feiçõe.. É como se ele também acreditasse no que fiz  Tento não demonstrar o turbilhão que está a minha mente.

— Acho que agora viu que eu não estou brincando né. Espero que tenha entendido que se mexer com alguém que eu amo vou te matar. Tento me manter firme, não quero que ele perceba o quanto estou apavorado com essa ideia.

— Não vou desistir de tentar me aproximar da Catherine, e de quem eu perceba que quer se aproximar de mim, ou quer tentar ao menos me dar uma chance.

— se tiver a intenção genuína de se aproximar, não vou impedir isso. Acho que essas coisas só cabe aí eles decidirem. Mas acredito que tenha entendido o meu recado, já sabe que vou ficar de olho. Foi muito bom ver você, papai!

Vou saindo devagar do quarto, fazendo questão de manter meus olhos no dele até que eu fechasse a porta atrás de mim quandojá estou do lado de fora. Não sei o que ele pensa de verdade, mas acho que ele entendeu o meu recado, Pelo menos é o que eu espero

Destroços do PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora