20° Capítulo

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Ayla narrando: 

Miguel: É um prazer te conhecer… 

Ayla: Ayla, meu nome é Ayla — Estendi a mão — Meu pai falou muito bem de você, mas eu prefiro tirar minhas próprias conclusões e você ter socado a cara do meu pai não ajudou muito para a primeira impressão. 

Miguel: Não tem mesmo como negar que você é filha dos seus pais — Disse rindo e tirando uma risada do meu pai e de Mari. — Peço desculpas por isso, mas precisava descontar o que ele me fez passar. 

Diego: Vou contar como tudo aconteceu — Colocou a mão no meu ombro — Mas eu passei dezoito anos comendo folha, peixe e fruta, será que a gente pode ir comer primeiro? 

°°°

Diego: Então quando Isaac apareceu não tinha como dizer não — Olhou para Isaac — Sabia que ele era insistente igual você. E agora estamos aqui, mesmo com riscos. 

Miguel: Sinto muito por tudo que passaram sem apoio — Senti ele um pouco magoado — Eu vou ir lá fora um pouco. 

Mari: Ele vai ficar bem — Colocou a mão no ombro do meu pai — Vocês brigavam e logo estavam juntos se metendo em encrenca. 

Diego: Agora é diferente Mari — Suspirou — Não foi uma discussão. 

Percebi Mari e Isaac tentando dar um apoio para o meu pai dizendo que o antigo alfa vai ficar bem, e logo saí de perto sem perceberem.

Abri a porta do outro lado da sala e saí, andei um pouco pelo jardim da casa e logo encontrei Miguel sentado em um dos bancos, na frente de uma árvore enorme. 

Sentei do seu lado e ficamos um pouco em silêncio. 

Ayla: Meu pai te considera muito — Comecei a falar devagar — Ele não queria te magoar nem decepcionar, ele só fez o que achou certo — Dei uma pausa — Sei que precisa de um tempo para processar tudo que meu pai te disse, mas não gosto de ver ele chateado e ele sempre me disse que a gente nunca deve ir dormir sem se resolver com alguém que a gente gosta. 

Miguel: Não me chateia só ele ter partido com você, mas ele escondeu a gravidez de todo mundo — Respirou fundo — Ele mentiu pra mim. 

Ficamos um tempo em silêncio apenas na presença um do outro. 

Ayla: Se sua mulher não fosse uma loba, e tivesse grávida o bebê seria um híbrido — Me escorei no banco procurando uma posição confortável — E se o Isaac fosse um híbrido? O que você ia fazer? — Deixei a pergunta no ar — Quando minha mãe descobriu a gravidez estavam atrás de todos os híbridos para matar, o lobo só protegeu o filhote — Levantei e ele me encarou — Você teria feito o mesmo para proteger seu filhote, fugiria no mesmo instante para proteger sua família. 

Saí de perto e segui para o outro lado do jardim, Isaac apareceu na porta com um olhar preocupado e meio ofegante. 

Olhou para os lados e logo seu olhar se encontrou com o meu e soltou o ar em alívio. Ué

Isaac: Você quer me matar? — Veio em minha direção — Você não pode sumir do nada assim, pensei que tivesse se perdido por aí — Suspirou por causa do meu silêncio e parou na minha frente — Ta bom, eu exagerei, mas não faz isso denovo. 

Ayla: Fui conversar com seu pai — Cruzei os braços — Mas não sei se resolveu muita coisa. 

Colocou o braço por cima do meu ombro e foi me guiando para sabe se lá onde, seguimos em silêncio. 

Onde esse garoto vai me levar? Coisa de doido que nem fala nada. Resolvi não falar nada, só aproveitar o silêncio. 

Ayla: A alcatéia sempre fica tão bonita assim a noite? — Perguntei olhando em volta. 

Isaac: Sim, fica tão iluminado — Deu um sorriso — Gosto de andar atoa aqui de noite e resolvi trazer você comigo. 

Ayla: Gosto da sua companhia, e obrigada por me trazer, não conheço tudo mas gostei de conhecer um pouco.

Andamos mais um pouco conversando sobre como foi minha infância no meio da floresta. De tudo um pouco. 

Ayla: Posso te fazer uma pergunta? — Concordou e sentamos no banco da praça que meu pai mostrou hoje mais cedo. — Eu mencionei sua mãe na conversa com seu pai e senti ele meio desconfortável. 

Isaac: Antes dele voltar ele teve uma discussão com ela e até agora não conversaram, mas logo eles se resolvem — Respirou fundo — Tem um dia e meio que eles estão sem conversar. 

Ficamos mais um pouco apenas olhando as pessoas passarem por nós. 

Ayla: E você, já achou sua companheira? — Olhei para a lua. 

Isaac: Ainda não, mas queria que estivesse perto — Também olhou para a lua. 

Ayla: Como será a sensação de encontrar o companheiro de alma? Papai disse que não sabia nem explicar o que sentia, era felicidade, confusão… 

Isaac: Carinho, necessidade de proteger… Deve ser a melhor sensação do mundo quando os lobos se reconhecem. — Sorriu e fechou os olhos. 

Continuei o observando, é bom ter alguém para conversar sem ser meu próprio pai, gosto disso. 

Isaac narrando:

Senti o olhar dela sobre mim e abri os olhos encarando ela também. Além do meu beta eu não tenho mais amigos e ter ela por perto está sendo o melhor momento. 

Isaac: Vai continuar me olhando desse jeito? — Abri um sorriso brincalhão. 

Ayla: Não pode? — Me olhou confusa, gosto da sua ingenuidade, mas pode ser problema uma hora. 

Isaac: Pode — Ri um pouco — É que eu não sou acostumado com as pessoas próximas demais, e ainda me encarando assim tão perto. — Percebi que ela se entristeceu um pouco mas disfarçou e parou de me encarar. 

Ah não, o que eu fiz de errado? Puta merda Isaac você só faz merda, deixou ela triste. 

Ayla: É que eu gosto de olhar nos olhos das pessoas — Brincou com as mãos — Mostra quem realmente são, e dizem o que a gente não tem coragem de dizer. 

Estava com aquele sorriso bobo no rosto denovo, não consigo controlar isso perto dela. 

Isaac: E o que meus olhos mostram? — Me virei de frente para ela esperando ela fazer o mesmo. 

Ayla: Deixa eu me concentrar — Ficou de frente para mim e olhou nos meus olhos, fiquei hipnotizado no mesmo minuto, não conseguia nem olhar para o lado. — É leal, não tem medo de se arriscar por uma causa, protetor, um pouco atrapalhado também — Riu e olhei para seus lábios se abrindo em um sorriso. 

Isaac: Meus olhos mostram isso? — Abri um sorriso e olhei novamente em seus olhos. 

Ayla: Não — Continuou com um sorriso brincalhão e deu de ombros — Só sei isso porque te observei, seus olhos ainda são meio confusos para mim. 

Confusos… É, eu to bem confuso mesmo, acho que ela acertou denovo.

🦋...

A última híbridaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora