32° Capítulo

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Thiago: Eu fui no túmulo da minha irmã — O clima do quarto ficou um pouco pesado, eu não tinha ideia do que falar então só coloquei minha mão sobre a sua.

Ele ficou com a cabeça abaixada por um tempo, e o quarto ficou no silêncio absoluto.

Thiago: Ela era igual você, uma híbrida — A dor dele era explícita em seu rosto — Uma garotinha linda, ela só tinha 4 anos quando o cheiro dela ficou mais forte, nós tentamos esconder ela de todo jeito mas pegaram ela. Meu pai morreu tentando impedir que levassem ela da gente — Seus olhos encheram de água e sua voz começou a falhar — Ficaram com ela por quase um ano, enviaram uma carta dizendo que iriam devolver ela, minha mãe só tinha sorriso no rosto com a notícia — Deu um meio sorriso triste de lado, talvez lembrando do momento — Mas quando devolveram era só o corpo dela sem vida, eles disseram que ela não era compatível, não era a híbrida certa — Fechou as mãos em punho e abaixou a cabeça.

Ayla: Eu sinto muito — Sussurrei e puxei ele para um abraço. Ele ficou um tempo com a cabeça no meu ombro enquanto eu segurava sua mão firme.

Thiago: Eu desconfiei que você era quando te conheci — Ele olhou em meus olhos — Ela tinha o mesmo brilho nos olhos, acho que é uma característica única dos híbridos — Soltou uma risada curta e eu acompanhei.

Ayla: Ela era híbrida de que?

Thiago: Loba e fada — Franzi a testa, não sabia que fadas se reproduziam — Minha avó foi um pouco rebelde na adolescência e acabou engravidando de uma fada, passou para minha mãe e minha irmã. Ela vivia falando que não via a hora das asas aparecerem pra poder voar — Ele suspirou alto — E tiraram isso dela.

Ayla: Thiago, eu te prometo que eles vão se arrepender do que fizeram com sua irmã e todos os outros híbridos — Ele olhou pra mim com os olhos ardendo de esperança e rancor.

Thiago: Quando eu arranquei a cabeça daquele vampiro e vi que você estava machucada eu não via você como a garota nova na alcatéia — Meu rosto demonstrava minha confusão — Você me lembra minha irmã, ela teria sua idade se estivesse viva e quando ela morreu eu só tinha dois anos a mais que ela e não pude ajudar em nada, eu me senti um inútil que não conseguia ajudar minha família — Ele passou a mão pelo cabelo e respirou fundo soltando o ar pela boca — Eu não consegui salvar ela, mas agora eu consigo te ajudar, e não vou deixar que encostem um dedo em você.

Sorri ao escutar isso, é bom saber que eu posso contar com ele, que apesar de tantos desafios ele vai lutar.

Thiago: O nome dela era Ariana, ela iria gostar de te conhecer — Ele tirou uma foto do bolso — Ela amava a floresta, tinha uma conexão incrível.

Me mostrou a foto com quatro pessoas, virei a foto e estava escrito com as letras de uma criança "Família Patel".

Ri sem pensar e ele me olhou sem entender tentei controlar o riso colocando a mão na frente da boca.

Ayla: Parece pastel — Soltei uma gargalhada alta e ele me acompanhou.

Logo a porta foi aberta pelo lobo curioso que olhou sem entender pra gente.

Isaac: Ah pronto, vocês juntos vão dar um trabalho — Deu um beijo na minha testa e sentou do outro lado da cama — Sempre disse que o sobrenome dele parecia com pastel, mas o idiota aqui só me dava soco no ombro.

Thiago: Não precisa ter ciúmes Isaac, no meu coração sempre cabe mais um — Colocou a mão no peito do lado direito.

Ayla: O coração fica do lado esquerdo — Puxei sua mão e coloquei no lugar certo, ele só murmurou "Eu sei" e Isaac revirou os olhos.

Depois de um tempo entendi que foi um deboche da parte dele, lado direito não tem coração então Isaac não está no coração dele.

Achei criativo.

Isaac: Poderia te provocar mas só deixo uma frase no ar "Sua companheira te ligou e você não atendeu..." — Ele saiu correndo batendo a porta — É, foi mais fácil do que provocar — Virou sorrindo pra me olhar.

Ayla: A companheira dele é brava? — Já mencionaram ela umas duas vezes e ele sempre sai correndo.

Isaac: Um pouco, ela não gosta muito que ele sai de casa — Deu de ombros — Acho que é por medo das outras lobas darem em cima dele.

Ayla: Ela não é muito confiante né, queria conhecer ela — Senti ele um pouco tenso quando mencionei de conhecer a companheira de Thiago. — O que foi? — encostei na sua mão.

Isaac: Ela é... direta demais, ela fala tudo que vem na mente, eu não sou tão próximo também — O pomo de Adão subiu e desceu — Ela arrumou a maior confusão quando chegou na alcatéia, dizendo que meu pai não fez nada pra impedir a morte da Ariana.

Ayla: Ele não foi culpado você sabe disso né? — Ele confirmou com a cabeça — Você queria que ela fosse... mais próxima?

Isaac: Sabe, desde pequeno eu e Thiago planejamos nossa vida toda — Se deitou na minha cama com os braços embaixo da cabeça — Eu, ele e nossas companheiras seríamos os melhores amigos, a gente teria com quem ir nos bailes, nas festas da alcatéia ou passar um dia inteiro assistindo filmes e planejando algumas missões. — Deu um sorrisinho de lado. — Mas ela não se reunia com minha família e a gente sempre soube que era pelo motivo de não ter conseguido ajudar Ariana.

Ayla: Então ela é uma ignorante — Deitei do seu lado ficando ombro a ombro — Você e sua família são incríveis, sei que nenhum de vocês tem culpa do que aconteceu.

Ficamos um tempo em um silêncio confortável, só escutava a nossa respiração dentro do quarto.

Ayla: Também fantasiava minha vida quando morava na cabana — Suspirei alto — Eu ia ter um companheiro que me amasse igual meus pais, ia morar em uma casa bem no centro da alcatéia pra sempre poder ver tudo — Abri um sorriso imaginando uma vida perfeita. — Minha mãe ainda ia estar viva e não teria essa caça de híbridos.

Isaac: Você... sempre imaginou ter um companheiro mesmo nem sabendo se algum dia ia sair da cabana? — A pergunta dele ficou no ar por alguns minutos.

Ayla: Na verdade eu nunca pensei nisso, eu sempre disse que um dia eu ia ser livre, não passou pela minha cabeça que eu iria viver pra sempre na floresta.

Borboletas nasceram para serem livres.

🦋...

A última híbridaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora