Three Years

134 20 48
                                    

⚠ ALERTA GATILHO: auto-mutilação  ⚠

***

Hoje é 2 de outubro de 2013, exatos três anos desde a morte de Anne.

A morte de Anne foi intensa, repentina e sem despedidas prévias. Desmond, Gemma e muito menos Harry esperavam tal ato vindo dela, nem mesmo algum indício deixado no dia anterior. Absolutamente nada. A única coisa deixada fora uma carta a Harry e Gemma que continha escrito o que queria deixar aos filhos, com três delicadas hortênsias pregadas com fita na frente do pequeno envelope branco deixado na escrivaninha dos filhos enquanto estes dormiam calmamente.

Dias depois de sua morte, foi o dia do enterro. Harry chorava como uma criança que havia acabado de perder o brinquedo preferido, já Gemma tentava ser forte pelo irmão, mesmo estando também destruída por dentro. Desmond teve a sem-vergonha de aparecer e deixar suas lamentações.

Harry não acreditou que Anne havia partido,"Você precisa voltar. Tem que estar aqui por mim, por nós." Era isso que o menino falava quando viu seu corpo dentro daquela caixa de madeira se agarrando em seu caixão e não querendo mais soltar. Ficou sem reação quando notou que não havia mais vida em seu corpo. Lágrimas caíam mais que a chuva e o tiraram a força. Se sentia totalmente despedaçado.

Essa perda acabou com o garoto, o deixou totalmente sem chão. Agora com suas forças perdidas é tarde demais. Está se afogando cada vez mais com o desespero subindo pelo corpo. Mas no fim, eu sei que eu sou o culpado de tudo isso, é isso que papai me diz.

Harry acredita ser apenas uma âncora sem uma corda para o puxar novamente para a superfície que está se afogando.

Harry acordou por volta das seis e quinze da manhã. Sentado na cama com o céu ainda escuro do lado de fora e a luz do quarto apagada deixando apenas a luminosidade dos postes de luz do lado de fora iluminarem seu quarto, Harry respirou fundo. Tinha plena consciência do hoje, e durante todos esses anos foram um tormento a ele.

Tentava não pensar no assunto, tentava desviar sua mente para outro lugar, pois sabia que sofreria dez vezes mais ao chegar.

É realmente difícil passar por isso quando se foi colocado na cabeça de um menino de apenas dezesseis anos que fora o responsável pela morte de algum.

Se levantando da cama com muito esforço, caminha em passos cansados e pequenos até seu armário escolhendo a roupa para usar esta manhã e em seguida se trancando ao banheiro. Pode se considerar que tudo que o menino faz, se dificulta no hoje. Hoje é um dia difícil.

Vestindo um moletom cinza por debaixo de um sobre-tudo preto aberto, uma calça jeans junto a uma calça térmica por baixo e suas típicas botas marrons, segue em direção ao quarto, pegando seu celular já cem por cento carregado, verificando mais uma vez o horário, dando a mostragem de seis e trinta e sete, conecta seus fones ligando uma música calma e encaixando em seus ouvidos.

Com tudo pronto para sair, com seu celular e mais uma carta guardados ao bolso, desce as escadas e apenas come uma fruta e sai sem olhar para trás. Harry precisa chegar antes das sete e dez, ele quer passar o nascer do sol junto a alguém importante.

***

Sete em ponto.

As mãos de Harry tremiam, mesmo que agarradas o mais forte possível contra a barra do moletom cinza. Seus lábios tremendo, bochechas rosadas e seus olhos cheios d'água se forçando ao máximo para não desabar neste mesmo momento. Se mais alguma palavra sair de sua boca, será como se seu chão, sua estrutura tivesse sumido.

Novamente as estações mudaram, mas Anne não está mais com Harry.

Sua cabeça repleta de pensamentos. "Vamos pequeno garoto, chore até seus pulmões estarem a flor da pele." "Chore até seus olhos ficar em vermelhos e inchados." "Chore e coloque toda essa angústia de dentro para fora." Esse mundo é muito cruel para viver sem derramar uma lagrima sequer.

Pluviophile || L.SWhere stories live. Discover now