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Denver, Colorado.
Segunda-feira, 18 de outubro de 2016.

O frio na minha barriga não parece desaparecer, nem quando Louis diminui a velocidade pegando um caminho de terra batida, nem quando as minhas mãos trêmulas em excitação voltam para o guidom. Meu corpo inteiro parece estar em alerta, como se eu tivesse acabado de acordar de um coma de muitos anos. Eu pareço estar reaprendendo como viver - mesmo sendo da maneira mais errônea e ilícita possível.

Meu sangue corre apressado nas veias contrastando com a velocidade da moto que cada vez diminui mais. Percebo que estamos entrando em um caminho estreito rodeado por árvores. Talvez seja por isso que ele tenha escolhido a motocicleta, um carro certamente não passaria por aqui.

Louis é cauteloso ao pilotar, já que o chão de terra parece levemente molhado, como se estivesse acabado de chover nesta região. Não faço ideia de onde estamos, mas o caminho é bonito, apesar de remoto. Alguns galhos secos batem em meus braços, me causando alguns arranhões, mas não reclamo, e apenas permaneço segurando firmemente no guidom.

Quando Louis diminui ainda mais a velocidade, percebo uma espécie de cabana mais a frente que me parece velha e abandonada demais para ser habitada por alguém. A pequena cabana é revestida por troncos grossos de madeira e não parece haver nada além de folhas de árvores no chão no caminho até ela. Louis freia no meio das folhas, fazendo a moto deslizar levemente e a desliga. Fico paralisado por um instante, não sabendo ao certo o que fazer, mas ele me impulsiona pela cintura e meus pés tocam o chão.

Não sinto medo, acho que esgotei todo o meu estoque nos últimos dias, também não estou tranquilo. Estou anestesiado, acho que essa seria a melhor definição.

Antes que eu possa dizer algo, Louis para ao meu lado e me encara.

"Não pense que eu sou coração mole porque fiquei com dó de te deixar na estrada." Ele diz de forma ríspida. "Se você começar a falação na minha cabeça, eu juro que te mato de forma dolorosa e te enterro no pé de alguma dessas árvores onde ninguém nunca vai achar o seu corpo."

Suas palavras não surtem efeito algum em mim, eu realmente já não me importo mais.

"Você mora aqui?" Pergunto enquanto vou caminhando com ele até a porta de madeira velha.

"Não." Ele responde seco, sem me olhar, indo em um dos vasos de cerâmica quebrados na varanda e pegando uma chave.

Quando subimos os dois degraus que dão acesso a varanda percebo o chão ranger, e não duvido nada que esse montante de madeira podre desabe sobre nossas cabeças.

"Então o que é aqui?" Pergunto curioso.

"Uma espécie de refúgio que eu mantenho quando as coisas fogem de controle." Ele diz ainda sério, colocando a chave na fechadura e abrindo a porta que range fortemente. "É isolado e no meio do nada, praticamente impossível de rastrear."

Oh, céus! Estou fodido.

Quando entro, percebo que não é tão ruim quanto o lado de fora, apesar de continuar sendo ruim. Há um sofá pequeno, velho e empoeirado no meio da sala, uma mesa que abriga uma televisão de tubo, e uma mesa com um computador de mesa que mais parece um geringonça. Adentro mais um pouco e percebo que a cozinha é ligada à sala, e mais ao fundo vejo um único quarto com uma cama de casal que parece não ver um lençol novo há anos e um colchão de solteiro sobre a cama, mas meus olhos se espantam ao ver o cubículo que eu suponho ser o banheiro. Essa merda não tem porta.

Eu estava sendo mantido no meu apartamento no luxo e reclamei, para agora estar aqui. Olho em volta levemente desesperado e percebo que decaímos cem por cento.

EXTORSIONÁRIO [L.S]Where stories live. Discover now