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Denver, Colorado.
22 de maio de 2017.

Como eu fui tolo em achar que a despedida mais dolorosa que eu poderia enfrentar seria quando Louis me abandonou naquela estrada depois de ter me dado um tiro.

Como fui tolo...

Eu cheguei a sentir uma dor física ao ver Louis ser praticamente arrancado da cela pelos guardas enquanto seus gritos ecoavam em minha cabeça. E por um instante eu me arrependi de tê-la levado.

Esse é o problema de despedidas, apesar de serem necessárias, elas também são dolorosas.

E eu sinceramente não sei se Louis vai me odiar por isso.

Jay acabou passando mal, mas para o meu alívio, foi apenas uma queda de pressão ㅡ coisa que ainda assim é muito grave devido ao estado dela. Pedi perdão por todo o caminho de volta ao hospital enquanto ela murmurava baixinho que eu não precisava pedir perdão. Desde então, tenho visitado ela todos os dias depois que saio da empresa. Não quero deixá-la sozinha quando ela não tem ninguém em quem se apoiar. Faço questão de vê-la todos os dias na visita da parte da noite, mesmo sabendo que há dias em que ela estará melhor e há dias que ela mal conseguirá falar.

Hoje, quando a visitei pela manhã, foi um desses dias em que passamos a maioria do tempo calados porque ela estava tão fraca que mal conseguia abrir os olhos.

Depois que sai do hospital, passei no supermercado para comprar algumas coisas extras para o final de semana que irei passar com Louis. Não sei bem como funciona, mas pelo o que Niall me explicou, trata-se de uma espécie de kitnet nas dependências do presídio que são disponibilizadas para que os presos tenham um momento em família para não se desvincular por completo do laço afetivo que existe fora da cadeia. Sei que eles serão mais rígidos comigo e não posso levar nada que possa ser usado como arma ou em função de comunicação. Apenas alguns alimentos foram liberados, fora o que eles disponibilizam na prisão.

Eu estou ansioso e esperei por esse momento desde que comecei a negociar com Rocco.

Por coincidência, serão exatamente 28 horas que passaremos juntos. O tempo que ele foi condenado em anos, é o que nos é proporcionado em horas, de três em três meses.

Entraremos às 10h hoje, no sábado e saímos amanhã, às 14h do domingo.

Eu não faço ideia de como Louis irá reagir a isso e nem como irá reagir a respeito de eu ter levado a mãe dele para a visita. Por sorte, Johannah não piorou depois disso e ele não terá como me culpar pela piora do estado físico dela.

Sou guiado para uma sala ao chegar no presídio, após passar por uma revista rigorosa em meu corpo. No entanto, só sinto vergonha e minhas bochechas queimam quando observo os guardas revistando a pequena bolsa que trouxe com algumas coisas, retirando o frasco de lubrificante para averiguarem. Faço cara de paisagem e finjo não notar enquanto eles avaliam o conteúdo.

Após uma checagem minuciosa, eles permitem a minha entrada e me escoltam até o campo ao lado do presídio. Quando entro, percebo que é praticamente um mini apartamento. Há uma pequena cozinha equipada ligada à sala, onde há um sofá de dois lugares e um hacker com uma pequena televisão. E ligado à sala, há uma cama de casal e um banheiro acoplado.

É aconchegante, aberto e bem limpo.

Me sento no sofá e ligo a televisão para esperar por Louis. Meu coração acelera e eu não me contenho em pensar que essa não é nem de longe a experiência que eu gostaria ter com ele.

Eu queria que estivessemos livres agora. Queria estar em uma estrada, sentindo o vento batendo em nossos rostos enquanto ele pilota. Queria estar bebendo com ele em um restante a luz de velas enquanto discutimos sobre algo que não entramos em consenso e terminamos a noite em meus lençóis. Queria estar nadando com ele em um lago gelado enquanto ele beija os meus lábios trêmulos.

EXTORSIONÁRIO [L.S]Where stories live. Discover now