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Denver, Colorado.
28 de fevereiro de 2017.

Eu tenho tentado seguir a minha vida.

Tenho feito tudo o que costumava fazer antes do assalto e tenho feito coisas além disso. Continuo trabalhando o máximo que posso, tentando redirecionar a minha tensão para outro lugar. Continuo me reunindo com Niall às quartas-feiras buscando algum fio de esperança no caso de Louis e aproveitando uma boa companhia de um velho amigo. Também tenho tentando aproveitar o tempo livre para dirigir sem rumo pelas estradas do Colorado buscando algum conforto para o meu coração apertado.

O único problema é que Louis está presente e ecoa em meus pensamentos em todos os momentos em que a minha mente se torna minimamente livre. Eu foco tanto em outras coisas para não tentar pensar nele o tempo inteiro, mas basta apenas um descuido e ele povoa a minha cabeça.

Por mais que eu queira e me esforce para me desligar um pouco, eu simplesmente não consigo.

Tenho ciência de que fui imprudente em me deixar ser guiado por um sentimento que nunca deveria ter existido para início de conversa. Eu sabia que Louis era um bomba-relógio prestes a explodir e me explodir junto, mas o coração é mesmo traiçoeiro.

Eu sei de tudo. Sei que ele me usou, sei que ele me manipulou enquanto pôde, sei que ele me roubou e talvez nunca seja capaz de se desculpar por isso, sei que ele não tem a melhor das índoles, sei de todos os seus crimes, sei que ele será condenado e sei que é impossível construir um futuro ao lado dele.

Eu sei de tudo isso… eu nunca estive tão consciente, mas, eu também sei que se eu não seguir meu coração, eu irei me arrepender no futuro. Eu quero me arrepender de ter tentado tudo, de ter me exposto, de ter dado a cara a tapa, de ter feito o que eu poderia fazer.

Eu quero saber até onde meu coração aguenta, eu quero sentir os baques, eu quero o choque, eu quero me sentir vivo.

E é isso o que Louis sempre fez, ele me fez sentir vivo quando eu achava que nada mais restava em mim.

Durante um período da minha vida eu estava no topo da colina. Eu não tinha mais objetivos, mais metas, mais obstáculos. Eu consegui chegar ao topo e quando eu cheguei lá, percebi que não havia mais nada a ser feito e nem a ser conquistado, então, eu simplesmente estagnei. Eu olhava o horizonte sem nenhum estímulo, já que tudo que eu tinha me proposto na vida, eu já tinha cumprido no auge dos meus 28 anos. Eu me tornei engessado pela vida.

Até Louis chegar e virar meu corpo, me fazendo enxergar a beleza que é apreciar uma vista por completo. De um lado escura e cinza e do outro um lindo e perigoso pôr do sol num céu azulado.

Eu sabia que eu poderia cair pela virada brusca, mas eu me encantei, eu me encurralei, eu me prendi. Eu permiti que meu coração fosse feito de refém por ele.

Eu não me importava com o perigo; naquele momento, tudo o que eu quis foi apreciar a vista.

Sei também que ele sabe disso, já que no último mês ele tem tentado me afastar de todas as formas possíveis. Sempre que ele me vê na sala de visitas ele vem todo rabugento tirar satisfações do porquê eu ainda estar insistindo nisso, mas quando ele percebe que mesmo disparando suas armas contra mim, ele não me atinge, ele acaba desistindo. Eu sempre vou ao presídio de duas em duas semanas, ou quando a visita é permitida. 

Com a aproximação do julgamento, tenho ficado mais nervoso e tenho sido mais precavido. Tenho que tomar mais cuidado com a mídia que tem ficado em cima de mim para que eu dê alguma entrevista. Além do mais, o meu caso ficou famoso e as pessoas podem me reconhecer a qualquer momento, então dessa vez, eu precisei tomar algumas providências para visitá-lo.

EXTORSIONÁRIO [L.S]Where stories live. Discover now