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Denver, Colorado.
20 de março de 2017.

Faz uma semana que Louis foi sentenciado. Faz uma semana que eu não me levanto da minha cama para nada.

Foda-se a minha empresa e os portos parados da Indonésia. Foda-se as inúmeras ligações que recebo de Liam e de Niall me procurando. Foda-se as reportagens relacionadas ao meu nome. Foda-se tudo.

Sei que preciso reagir, mas ainda estou tão perdido com tudo o que aconteceu que só quero me esconder debaixo das cobertas até que tudo isso passe, mesmo eu sabendo que não vai passar.

Fico com raiva por ele ter se entregado quando deveria ter feito fuga. Tenho raiva em pensar que ele é tão esperto para algumas coisas e tão idiota para outras. Será que ele não sabia que ia pegar todos esses anos de condenação? Ou ele esperava uma remição por ter facilitado o trabalho da polícia?

Sei que Niall fez milagre, afinal, só um dos homicídios já era o suficiente por trinta anos, mas com excelência, Niall conseguiu implantar a dúvida na cabeça do júri.

O que me mata é saber que Louis não se importa, ele parece que já desistiu faz tempo e está entregando os pontos. Sinto isso desde o dia que ele se entregou.

Quando ele saiu pela porta da cabana, ele não estava se entregando à prisão, ele estava se entregando de todas as formas possíveis, exatamente como alguém que já desistiu.

Acho que não combinamos nisso. Enquanto ele abdica, eu insisto com todas as minhas forças. E eu tentei, por ele, por mim, por nós.

Às vezes sinto que não tentei o suficiente. Eu poderia ter feito mais, diminuído mais a pena, podia ter implorado por uma condicional, podia ter comprado o juiz.

Mas agora isso não vale de simplesmente nada. O que tinha que ser feito, foi… e não há como voltar atrás.

Me levanto da cama e vou até o banheiro, observando o meu reflexo cansado no espelho. Meus olhos estão fundos e com olheiras arroxeadas. Minha barba está grande e meu cabelo desgrenhado. Eu preciso me erguer porque hoje é o primeiro dia de visitas depois que Louis foi condenado, e eu preciso de um banho antes de me encontrar com Rocco, o chefe dos guardas penitenciários de índole extremamente duvidosa.

Já que não conseguiremos ficar juntos de maneiras convencionais, eu pagarei para ter um tempo contado com Louis.

Faço a barba em frente ao espelho e entro para o banho. Fico me lembrando de como eu tomava banho em um banheiro completamente insalubre, que tinha uma porta feita de um lençol que não via uma máquina de lavar anos, enquanto os meus dois assaltantes conversavam na sala como se nada daquilo fosse realmente real. Parecíamos estar em colônia de férias.

Me lembro de Zayn, que parece não ter errado quando disse que aquela era nossa despedida e fico intrigado com o fato dele nunca ter sido achado. Não há um registro, uma ocorrência, uma pista, nada. É como se Zayn jamais tivesse existido.

Fico pensando se ele é o único dos três que mentiu sobre o nome, já que Louis era realmente Louis e Joshua era realmente Joshua. Nada foi achado na cabana, nada foi achado no computador de Louis, nenhum crime ligado a Zayn, nada.

Eu só não duvido de sua existência porque Linda também o viu, porque se não fosse por isso, eu com certeza duvidaria da minha sanidade mental.

Enquanto eu divago sobre isso, ele deve estar uma hora dessa numa praia deserta, com um nome falso, fumando a sua maconha.

Zayn se safou. Coisa que Louis deveria ter feito.

Termino meu banho e me visto rapidamente pegando uma bolsa com tudo o que eu preciso levar para o presídio. Sempre que vou fazer visitas a Louis, vou de aplicativo de carro, já que a última coisa que preciso é que a mídia tenha mais coisas para falar a nosso respeito.

EXTORSIONÁRIO [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora