Capítulo 7

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 Após um jantar de noivado bem-sucedido na sexta à noite, Alice passou o sábado na casa de Tomás, deixando o apartamento livre para Sofia durante o final de semana. Ela ficou bastante feliz com o tempo sozinha para se recuperar do turbilhão de emoções que havia sido o jantar. Ela estava feliz pela irmã, apreensiva pela opinião dos seus doces, preocupada com o futuro de sua empresa e, ela tinha que admitir, um pouco abalada pela grosseria daquele sujeito.

Nos poucos momentos em que ficou em casa, Sofia aproveitou para relaxar e não pensar em qualquer coisa que tivesse relação com gastronomia. Porém, sábado e domingo à tarde eram os períodos mais movimentados da sua confeitaria, logo, ela normalmente passava o final de semana trabalhando.

Como no domingo estava um dia quente e ensolarado, ela resolveu dar uma caminhada para espairecer e buscar algumas flores para enfeitar a loja e a casa da mãe. Domingo sempre havia o tradicional almoço na casa dos pais, em que sua mãe cozinhava uma de suas especialidades da culinária escocesa, origem da família.

Ao chegar à praça, parou para observar a atmosfera do lugar. As árvores com folhagem vistosa, os arbustos salpicados de flores, os passarinhos fazendo arruaça no céu e o calor nos seus ombros denunciava que haveria muitos dias quentes pela frente. Ao redor da praça, os comerciantes já estavam abrindo suas lojas e os cafés e padarias funcionando a toda velocidade para atender a demanda de clientes. Diversas famílias aproveitavam para passear com crianças, animais de estimação e mesmo o pessoal da terceira idade aparecia em grande quantidade para fazer folia e algazarra. Parecia uma cena de filme antigo, em uma cidade de interior em que todo mundo se conhecia, mas estavam em um grande centro urbano, onde a violência e criminalidade prosperavam em outras regiões.

A banca de jornal e a floricultura eram do mesmo dono e ficavam no centro da praça, diferente do restante do comércio. Ela não entendia como ainda existiam bancas de jornal com a revolução tecnológica tão intrínseca no cotidiano das pessoas, mas bastou visitá-la a primeira vez para entender. O dono, Sr. Valdomiro, colocava diversas mesas e cadeiras com jogos de tabuleiros, servia café para a maioria e cerveja para os mais ousados. Sofia adorava visitá-lo nos finais de semana para buscar flores e ver a bagunça das famílias, como se fossem uma única grande família, tornando-se conhecida de várias pessoas. Quando não estava de plantão no final de semana, Alice costumava acompanhar a irmã para relaxar também.

Sofia preferiu escolher as flores primeiro. Pegou um buque de flores do campo para sua mãe em tons de rosa, laranja, amarelo e branco. Já para a confeitaria, optou por algumas folhagens e orquídeas amarelas para montar um arranjo na entrada, um detalhe apreciado e frequentemente elogiado pelos clientes, pois a cada semana era uma flor e um arranjo diferente.

Em seguida, foi até a banca e decidiu por um cappuccino ao invés de um café forte para levar o dia mais leve. Ela vestia um vestido de verão de mangas curtas, com estampa floral verde, combinando com seu humor para um dia tranquilo e agradável. Ou seria se ela não tivesse derrubado seu café. De novo. Naquele mesmo sujeito. De novo. Se pudesse abrir um buraco no chão e engolir ela, seria melhor do que encarar aquela situação. De novo.

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