4 - Eu sou?

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A primeira coisa que descobriu foi a facilidade e naturalidade de tudo. Lançava alguns olhares, se aproximava com um sorriso de canto, trocava algumas palavras por minutos e de repente já estava se atracando com alguém. Achou que se perderia na hora de posicionar as mãos, mas na dúvida deixava uma na cintura e outra na nuca alheia, e se sentisse uma brecha, puxava um punhado de cabelo aqui e apertava uma bunda ali.  Descobriu até que gostava que apertassem sua bunda durante o beijo, mais do que gostava dos arranhões no pescoço que estava acostumado a receber.

Em resumo, Sasuke descobriu que gostava de beijar meninos. Era diferente de beijar meninas, mas não tanto. Claro, alguns beijos não encaixavam, outros só eram realmente ruins — não tinha como classificar os beijos "torneira quebrada" como outra coisa —, mas até então, nenhuma novidade excepcional. Beijar caras não era incrível, mas também não era ruim, e isso era o que sentia até quando beijava meninas.

Mas o que tudo isso significava, afinal? Então ele realmente era bissexual? Ou será que só estava se deixando levar pelo momento? Talvez estivesse confuso. Ou talvez realmente gostasse de garotos e garotas. Não teve muito tempo para continuar suas reflexões porque, mais uma vez, algo lhe roubava a atenção. Resolveu entrar na onda, pois já que estava na chuva, que se molhasse. Encarou de volta o loiro de olhos azuis que o secava e ignorou o quanto as características o lembravam de outra pessoa, se aproximando enquanto erguia o copo de bebida na direção do estranho.

— Quer brindar? — Chegou assim na cara de pau, sem se importar em tentar manter uma conversa antes.

— E ao que brindaríamos? — O loiro perguntou, curioso.

— Esperava que você desse uma sugestão, eu já dei a ideia do brinde — Sasuke sorriu de canto, malicioso.

— Hmmmm... — com uma cara pensativa, o rapaz fez uma pausa antes de erguer o próprio copo com uma expressão safada. — Podemos brindar a vontade que eu tô de te beijar, o que acha?

— Perfeito — bateu seu copo no outro e em seguida partiu para o objetivo do brinde, que era beijar o loirinho com cara de safado.

Alguns beijos eram bons, outros nem tanto. Mas o beijo daquele cara era bom para um caralho, e o jeito que a língua dele explorava a sua em perfeita sincronia fez Sasuke sentir uma pontada na virilha. A mão que puxava seu cabelo eram um acréscimo que o deixava maluco, e ele precisou de muita força de vontade para não levar as coisas para outro nível — ainda não estava preparado para aquele tipo de contato! Por outro lado, se continuasse ali, estaria pondo sua sanidade à prova, então se esforçou para encerrar o beijo e se afastar. O loiro lhe encarou de forma confusa.

— Algum problema? — Indagou, arqueando as sobrancelhas.

— Não, é só que eu não tô me sentindo bem — mentiu Sasuke, dando um sorriso sem graça.

— Ué, eu beijei mal? — o loiro o encarou com atenção, procurando algo que confirmasse sua suspeita. — Geralmente essa é a desculpa que eu dou quando beijam mal.

O problema é exatamente o contrário: você beija bem até demais!

— Não, eu realmente acho que extrapolei na bebida — foi o que Sasuke se atreveu a dizer. — Mas sei lá, se a gente se ver de novo...

— Bom, vai ser um prazer. Eu sou o Deidara. Você é...? — Perguntou estendendo a mão para um cumprimento formal só para fazer graça.

— Sou o Sasuke — disse apertando a mão alheia e dando um sorrisinho de canto.

Deidara lhe encarou com uma atenção redobrada depois de saber seu nome, avaliando algo que Sasuke não sabia dizer o que era. Achou estranho, mas não comentou. Talvez Naruto tivesse falado sobre ele.

— Bom, a gente se vê por aí, Sasukito — piscando, Deidara lhe deu as costas, provavelmente pronto para achar a próxima vítima.

Sasuke se viu sozinho novamente, andando pela casa sem rumo. Procurou Naruto e, quando o encontrou, preferiu não ter feito. Achou de extremo mal gosto ver o perdedor de merda beijando um aleatório com aquela empolgação, sem conter uma careta. Atribuiu isso ao fato de ter visto as línguas dos dois dançando, e não a qualquer outra coisa. Sem dúvida, a culpa daquele sentimento incômodo era das línguas.

Decidiu encerrar a noite mandando uma mensagem para o amigo, avisando que já estava indo embora. Depois de todas aquelas aventuras, só queria uma cama e silêncio.

E as descobertas do dia — ou da noite — que esperassem para serem processadas.

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Amo que tá na cara e o Sasuke ainda tá lá "eu sou????" AMADO, ACORDA!!!
Mas eu entendo. Vencer a heterossexualidade compulsória não é fácil.
Enfim, por hoje é só, em breve eu volto.
Beijos no core, meus amores.

GameiWhere stories live. Discover now