5 - Bifriend panic on

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Após uma semana de sua descoberta, Sasuke já estava relativamente acostumado com a perspectiva de não ser hétero. No começo, tinha sido algo desnorteador, mas agora parecia só mais uma coisa normal da vida — até porque universitários não têm muito tempo para surtar por outras coisas que não sejam a faculdade. A verdade era que, apesar de odiar mudanças, uma vez que estavam feitas e percebia que não eram tão grandiosas e incômodas como aparentavam de início, se conformava rápido. Nunca foi de ser o "drama queen".

Só que para seu completo desespero, Sasuke começava a sentir mais uma mudança se aproximando, tornando seu humor instável outra uma vez. O problema tinha nome e sobrenome, cabelo loiro, olhos azuis e sorriso iluminado que andavam captando muito sua atenção. Nunca tinha negado o quão bonito achava seu melhor amigo, embora não  tivesse admitido em voz alta. O problema é que essa questão agora o perseguia de forma cada vez mais latente. Às vezes era pego encarando enquanto iam para a faculdade ou quando almoçavam juntos no campus, criando cenas constrangedoras.

Naquele momento em especial, sentado ao lado de um Naruto sem camisa e com cheirinho de sabonete, seu problema parecia dobrar de tamanho. Foi preciso um esforço descomunal para não encarar demais as costas bonitas e definidas, os pelos descoloridos que reluziam com a luz do sol que entrava pela janela ou a tatuagem ao redor do umbigo. Constatou bem rápido que ser uma pessoa observadora podia ser um perigo para a sanidade mental.

Desde a festa, não tinham conversado muito, pelo menos não do jeito cheio de detalhes que Naruto gostaria. Por isso, Sasuke já sabia o que viria naquela tarde de reunião para o "ritual sagrado" dos fins de semana — que consistia numa tarde de horas de videogame na casa de quem estivesse mais disposto, e, nesse caso, era o Uchiha. Se preparou mentalmente e rezou para deuses nos quais nem acreditava para que resistisse e sobrevivesse à tentação de encarar o quanto os lábios do melhor amigo pareciam macios e convidativos.

— Então você pegou o Deidara? — Naruto soltou à queima-roupa no meio da partida, os olhos fixos na tela e maxilar travado.

— Se você já sabe a resposta, por que pergunta? — Sasuke o encarou de soslaio, tentando não pensar no quanto o loirinho idiota era lindo de perfil.

— Por que eu quero saber de ti. Nem me contou as fofocas, seu falso! — dramatizou ele, se virando um pouco para encará-lo.

— Não tem fofoca, Naruto — o Uchiha suspirou, exasperado. — Eu beijei uns caras e gostei, normal. Mas também não foi nada extraordinário, foram só uns beijos.

— Entendi... Mas, tipo, como foi a descoberta e tals? É que você tava todo receoso só de testar, né!? — tentou novamente, resistindo ao impulso de jogar na cara dele que bem que tinha avisado.

— Na hora foi normal, mas ao mesmo tempo foi estranho — ponderou Sasuke, lembrando das sensações. — Não sei como explicar direito, mas ao mesmo tempo que uma parte minha achou normal como qualquer outro beijo, outra achou estranho ser tão normal, sabe?!

— Na real, eu não sei não — Naruto riu baixinho, tentando imaginar o amigo nessa situação. — Mas meio que acho que entendi a ideia geral. Ah, é assim mesmo, cada um tem seu processo de se descobrir e tal... Como diria o Itachi, é subjetivo demais.

— Tá passando muito tempo com ele, hein, perdedor, tá até parecendo inteligente quando fala — Sasuke provocou, rindo malicioso.

Naruto fez uma cara de indignação e não deu tempo para que o amigo se preparasse quando abandonou o controle do videogame se lançou sobre ele, fingindo que queria enforcá-lo. Claro, uma péssima decisão para se tomar, já que ao avançar, ficou no meio das pernas de Sasuke com duas mãos em volta do pescoço dele enquanto o dito cujo o segurava pelos quadris, apertando para empurrá-lo para longe mas desistindo em algum momento para só permanecer ali, encarando. Em pouco tempo os amigos já tinham perdido o fio da meada e se encontravam suspensos naquele momento, olhos azuis perfurando olhos ônix e respirações lentas, entrecortadas. Sasuke foi o primeiro a cortar o contato visual para apreciar os lábios entreabertos de Naruto, fascinado. Lambeu o seu próprio por reflexo e notou o movimento ser seguido pelo olhar igualmente fascinado do melhor amigo.

— Sasuke, você...

Os dois pularam da cama em sincronia ao ouvir uma terceira voz que pertencia a um Shisui paralisado que encarava a cena com olhos arregalados. Diante do silêncio dos garotos pegos no pulo — literalmente —, o intruso meneou a cabeça e riu.

— Foi mal, meninos, eu atrapalhei o momento BDSM de vocês?

— Que? Claro que não, pelo amor de Deus! — Naruto bufou, as bochechas corando violentamente e denunciando que ele sabia o que estava sendo mencionado. — Até parece, o Sas nem sabe o que é isso.

— Ah, entendi, aí você resolveu ensinar na prática? — Shisui provocou, adorando ser o causador do constrangimento.

Sasuke não achou que aquilo fosse possível, mas percebeu que o idiota ao seu lado parecia ainda mais corado. Não sabia do que estavam falando, mas com certeza iria pesquisar assim que pudesse. Voltando a atenção para o momento, resolveu poupar Naruto, respondeu por ele.

— É, se você sabe deve ser por que ensinou ao Itachi, né? — cruzou os braços, encarando o primo com uma carranca. — O que você quer?

— Quanto mal humor... — o intruso fez um beicinho, ofendido. — Eu só ia perguntar se você queria bolo, o Ita tava chamando os dois pro café das comadres. Se eu soubesse que estavam prestes a tomar chá um do outro, não tinha vindo. Da próxima vez, fechem a porta — completou rindo diabólico antes de sair correndo, saindo por pouco da mira do chinelo que Sasuke lançou.

Um silêncio constrangedor recaiu no quarto logo após. Os amigos se encararam e deram sorrisos amarelos um para o outro, cientes demais do clima que tinha rolado antes de um certo idiota brotar na porta. Sasuke foi o primeiro a falar novamente.

— O que é BDSM?

— Sabe de uma coisa? — Naruto levantou de repente. — Bateu uma fome! Vou tomar café — e fugiu na maior cara do pau, ignorando o pedido do amigo para que o esperasse.

Ai, ai... — refletiu consigo mesmo, se arrastando para fora do quarto. — Mais uma coisa que só soltam no ar pra eu ir pesquisar e descobrir por conta própria. 

***

Não basta largarem o coitado tendo bi panic, ainda largam ele curioso, tajin

#sasksofredor

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Beijos e até mais!

GameiWhere stories live. Discover now