CAPÍTULO 57

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Azriel acordou com a claridade que aos poucos iluminou o quarto. Prendendo a respiração quando sentiu o calor do corpo contra o seu. Encaixado perfeitamente ao seu lado, com seus braços ao redor dele, enquanto a cabeça dela estava deitada em seu peito e um braço por cima do seu dorso, as pernas emaranhadas.

O encantador de sombras fez o bom uso dos cinco séculos de treinamento e ficou completamente imóvel, como se, se respirasse errado, a sensação fosse desaparecer. Se picasse rápido ou devagar demais a imagem encantadora fosse sumir.

Mas não. Não ia sumir. Não era uma imagem que pudesse desaparecer por conta de um piscar. A sensação do calor do corpo dela contra o seu não iria sumir.

Gwyn estava bem ali, junto a ele, os cabelos como cobre derretido espalhados pelo travesseiro, alguns fios sob seu ombro. Ela estava bem ali, abraçada a ele, com aquele leve sorriso nos lábios, num sono profundo e tranquilo.

Az não conseguia desviar o olhar do rosto lindo. Assim como não conseguia parar o sorriso em seu rosto ao observar ela dormir, jurava que podia ouvir o eco das batidas rítmicas e melodiosas, como se em contraste as do seu, ouvindo a respiração leve. Como se cada respirar, cada batimento estivesse em harmonia com os seus.

Talvez aquilo não fosse algo exatamente normal, talvez parecesse um maluco por não conseguir parar de observar, talvez ele devesse desviar o olhar, mas... Não conseguia. Simplesmente era impossível.

E isso tinha a ver com a sensação se espalhando por seu peito. A mesma que vinha preenchendo cada parte dele desde que tinham colocado os lábios no dela pela primeira vez há menos de vinte quatro horas e mesmo assim parecia uma vida antes, na verdade, o sentimento, vinha o preenchendo muito antes disso. Há muito tempo.

Ele inspirou fundo e o cheiro o atingiu. Lilás e... Tinha outra coisa, algo que ele não conseguia descrever, mas se a aurora — o momento exato em que o primeiro luz corta o céu — pudesse ter um cheiro, seria aquele. E fazia todo o sentido. Az sempre achou que Gwyn irradiava luz. E ela era, de fato, se lembrou.

O Illyriano sentiu suas sombras se amontoam sob seus ombros, como se a observassem também e ele resmungou mentalmente ao se lembrar de que logo teria que se levantar, que além do treino, ele teria que trabalhar, mas... Deuses, não queria. Não queria sair daquela cama por nada naquele mundo.

A única coisa que conseguia pensar era em beijá-la, de todas as formas possíveis. Lento, com força, rápido, com suavidade. Passar sua boca por cada centímetro daquele corpo. Decorar cada curva. Emaranhar os fios de cabelo em seus dedos. Aprender como tocá-la da forma mais prazerosa possível para ela. Se colocar entre as pernas dela e mostrar o que exatamente a podia sentir. A lamber de cima a baixo e enfiar a língua dentro dela, sentir o gosto e fazê-la gozar em sua boca, depois faria isso com os dedos e depois se colocaria dentro dela, bem fundo... E não pararia até ela se desfizesse sob o seu toque, de novo e de novo, até que o corpo dela perdesse completamente a força, até que ela disse que já chega.

Az tentou cortar a linha de pensamento, porque isso obviamente mexeu com sua mente. E corpo. Então era bem provável que Gwyn acordasse e o encontrasse duro. Mas... porra, sentir o cheito dela o envolvendo e a pele macia contra a sua não era nada... Tranquilizante, por falta de palavra melhor, isso fazia com que todos os seus instintos e sentidos se misturassem ao mesmo tempo que ficavam todos focados nela.

Gwyn se remexeu, o apertando de leve enquanto se aconchegava mais sobre ele, como se fosse um travesseiro. Não que ele se incomodasse, pelo contrário. A respiração dela tinha voltado ao ritmo regular e ele aguentou só mais alguns segundos antes que seus dedos agissem por conta própria e passassem a acariciar a pele nua das costas, subindo pelo o braço e descendo pela lateral do corpo ao mesmo tempo que sua outra mão fazia carinho sob os cabelos sedosos.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Where stories live. Discover now