CAPÍTULO 76

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Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, sem conseguir respirar, seu olhar desfocado por causa das lágrimas que não paravam de descer por seu rosto. O choro escapou dela alto e desesperado, suas mãos passaram a tremer mais, completamente ensanguentadas e vazias. Estavam vazias. Porque Azriel não estava ali.

Ele não estava ali...

Ele não estava...

Ele não...

Ele...

A ruiva sequer tinha ar para gritar, a dor em seu peito era tanta que pensou que estava morrendo. Já tinha sentido aquela dor antes. Era como ter o coração arrancado e a alma queimada. Ela já tinha sentido aquele medo e dor infinita. Já tinha sentido e... Ah, Deuses.

Ela tentou respirar, tentou levar ar aos pulmões entre os soluços enquanto colocava a mão sobre o peito, bem acima do coração como se fosse capaz de segurar o fio que os ligava, como se pudesse o agarrar e puxar e impedir que se partisse e o trazer de volta simplesmente com aquilo. Mas não podia.

Gwyn fechou os punhos sobre o coração e os olhos com força, pronta para implorar a quem quer que estivesse ouvindo para voltar para onde Az estava e o trazer de volta, e foi nesse exato momento que uma pontada de dor aguda a tomou, tão forte que a fez gritar e perder o ar e seu corpo cambalear para frente.

— Az... — o nome saiu sem fôlego.

A sacerdotisa buscou desesperadamente a ligação entre eles e a agarrou, a sentindo tensa e quebradiça, sentido toda a dor que havia ali. Azriel estava sangrando e continuaria sangrando até... Não. Não, não, não...

Um soluço quase a partiu ao meio e... No fundo da sua mente uma voz disse que estava perdendo ele. Mas não podia... Não podia porque... As lágrimas voltaram a cair, junto com um grito abafado enquanto sentia a dor insuportável a rasgar por dentro.

E Gwyn se perguntou o que acontecia com uma pessoa depois que se perdia as duas partes mais importantes da alma.

Não. Não... Não iria perder Az também, não iria. Ela não podia. Não conseguiria suportar. De novo não.

Ela tentou respirar, tentou se levantar ignorando toda a dor em cada parte de si e nesse momento ouviu as portas se abrirem e sentiu a presença de Rhysand antes mesmo que pudesse de fato enxergá-lo.

A Valquíria cambaleou e ignorou a dor lancinante na perna e no corpo quando se atirou na direção dele, o segurando pelo casaco com as mãos completamente encharcadas de sangue e mesmo sem fôlego gritou, ordenou e implorou em meio ao choro:

TRAGA ELE! TRAGA ELE DE VOLTA!

Os olhos violetas do Grão-Senhor se arregalaram e ele tentou a segurar.

— Gwy...

TRAGA ELE! — o interrompeu com outro grito, a dor em seu peito aumentando a cada segundo. Ela segurou o casaco de Rhysand com mais força — POR FAVOR! TRAGA ELE DE VOLTA! TRAGA ELE DE VOLTA!

O Grão-Senhor pareceu tentar sentir e entender o que estava acontecendo, mas a Gwyn só conseguia repetir a mesma frase de novo e de novo, sem tempo para respirar. Para além deles, Nestha, Cassian, Emerie, Mor, Elain e Feyre segurando o pequeno Nyx, que com os olhinhos arregalados e quieto nos braços dela, dispararam pela porta meio assustados e confusos enquanto tentavam entender também.

— Chame Madja! Agora! — alguém gritou.

— Onde está Az? — outro perguntou.

Todos estavam se aproximando e falando ao mesmo tempo coisas que ela não entendia, tudo estava alto demais, insuportável demais.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora