CAPÍTULO 80

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O círculo íntimo estava reunido no escritório. O outono tinha avançado, faltava apenas um mês para que o inverno chegasse e, desde aquela tarde desastrosa em que quase havia perdido Azriel, não houve nenhum ataque. Não havia movimento. Ninguém entrava ou saia dos territórios, nem das fortalezas. Nada.

E isso era ruim. Péssimo. Inquietante. Parecia a calma antes de uma tempestade. Uma tempestade grande e desastrosa.

Naqueles quase dois meses, no entanto, eles não ficaram parados. Haviam formado alianças sólidas, inclusive dentro do território. Após o ataque à Corte, os outros Grão-Senhores temeram que o mesmo acontecesse em suas terras e, por meio disso, formaram uma aliança. As únicas Cortes fora dessas eram a Outonal e a Primaveril, como era de se esperar.

Em termos políticos, a Primaveril só seria um problema se fornecesse territórios ao inimigo, porque não tinha mais força. Lucien dizia que isso não aconteceria, que Tamlin se recusava a juntar-se a eles, mas que não se juntaria aos outros. Não que todos colocassem muita fé naquilo, mas... Era melhor que nada. Mesmo que a corte fora daquela unificação fosse um ponto de fraqueza para toda Prythian.

Já a Outonal era um enorme problema, tanto em território quanto em força e, claro, sabiam que Beron estava unido ao outro lado e até haviam tentado obter informações por meio de Eris, mas esse só disse que deveriam unir exércitos e esperar e que quando chegasse a hora certa e "o que fosse preciso fazer, fosse feito" — palavras de Cassian após conversa com ele — o exército da outonal seria deles.

Gwyn tinha quase certeza que aquilo tinha haver com algum acordo ou dívida antiga e só podia torcer para que, de fato, a força da outonal estivesse ao lado deles no fim.

Além de fortalecerem os acordos, tinham feito o máximo para que a força interna também aumentasse, as visitas de Cassian aos acampamentos estavam mais frequentes, o próprio fazendo a formação do pelotões, para que houvesse o risco de ter centralizações de força em certo lugar e unidades mais fracas em outro.

Os treinos das Valquírias tinham se tornado ainda mais intensos. Até Helion estava presente algumas vezes, e nessas, ela aprendeu a lutar presa a cela de Criastealle. Nas últimas semanas todas tinham saído para treinar dentro das florestas da Corte. Tinham até feito um pequeno acampamento por três dias. Era importante, tinham que se adaptar a situações, aprender a usar o ambiente a seu favor, a encontrar locais para se esconderem se necessário.

Elas também tinham ganhado armamento — lâminas, arcos e flechas, espadas dos mais variados tipos, adagas, arbalests, quebradores de espadas, escudos — alguns tinham saído do arsenal da corte, outros tinham sido feitos. E, claro, havia a armadura delas, que haviam sido forjadas especialmente para elas. Feita de ferro branco e couro maleável, que permitia que se movesse com facilidade, e as protegia de forma mais eficaz, isso junto a um elmo, botas de couro grosso e pontas de ferro.

Eram peças magníficas. Especialmente porque todas elas tinham o símbolo que elas tinham escolhido, gravado no centro do peito da armadura estava uma estrela de oito pontas, cada ponta terminada com os antigos símbolos valquirianos, dentro de um círculo que fazia parte de outro um pouco maior, e, no espaço entre eles, estava escrito o lema das guerreiras na língua antiga.

Era realmente bonitas, mas... Um tanto caras de se produzir, e apesar de Feyre e Rhys afirmarem que aquilo não era um problema, todos insistiram em contribuir, dando parte do dinheiro, e quando os dois quase se recusaram a aceitar, dizendo que a quantia que ganhavam era que quando decidissem sair, pudessem ter uma pequena segurança para recomeçar, elas argumentaram dizendo que se aquele valor que ganhavam na biblioteca serviria exatamente para aquilo. Iriam sair, recomeçar a vida, e fariam aquilo lutando.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora