Capítulo 6 - Problemas com agulha

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Capítulo 6

 Levi 

 Mais uma vez não!

 O que essa mulher tem? Ela aparece em todos os lugares! Assombração? Um demônio? Que ódio! 

— Qual o problema aqui? — Ela pergunta. O garoto que eu acho que é um estagiário, diz: 

— A menina não para quieta, não consigo coletar o sangue dela. — a girafa suspira. Gabi está sentada na cadeira, segurando a minha mão, morrendo de medo.

 Desde pequena a Gabi tem medo de agulha. É um verdadeiro desafio convencer ela a deixar os enfermeiros coletarem seu sangue.  

— Posso? — estende a mão para o estagiário, que entrega a seringa. Hange se senta na cadeira giratória. — Gabi, coloca o braço aqui. — Ela me olha assustada. — Se quiser, pode segurar a mão do seu pai. Eu prometo que vou ser rápida.

— Pai…

— Você precisa ser corajosa. — digo e seguro sua mão. Ela coloca o braço no apoio. A morena coloca o elástico no braço da Gabi, que geme de dor. Essa porcaria dói mesmo, eu odeio. 

— Vou colocar. — limpa o lugar que vai furar com álcool. Minha filha fecha os olhos com força, apertando ainda mais a minha mão. Vejo a Hange coletar o sangue em segundos. 

— Prontinho. — Gabi abre os olhos, meio tonta. — Não foi tão ruim, né? 

— Não… obrigada.

— Não foi nada. É um exame de rotina? — Eu assinto. — O resultado vai ficar pronto amanhã. Se quiser deixar seu número, enviamos pelo celular. Ou pode pegar aqui mesmo. Você escolhe. 

— Nunca imaginei que uma selvagem seria uma enfermeira. — É impossível não proferir provocações. Hange me deixa com vontade de fazê-la surtar.

— Eu sou biomédica. E dona desse laboratório. — fico um pouco surpreso. Eu devia ter imaginado que ela tinha um emprego bom, seu carro denunciava isso.

— Entendi. 

 É errado pensar como ela fica gostosa toda de branco? Hange é uma mulher madura, mas não possui um corpo cheio de curvas. É bela. E alta. 

— Vai ficar aqui até quando? Por acaso quer fazer uma coloendoscopia? — demoro um pouco para lembrar o que é. 

— Você tem tanta vontade assim de ver o meu cu? Por acaso é um fetiche? 

—  Comer o meu parceiro me parece interessante, sabe. Pena que você não é e nunca vai ser, meu parceiro. — estamos muito perto um do outro.

— Sou muito para o seu caminhãozinho, Hange.

— Realmente, entulho pesa demais. 

 Abro a boca num perfeito "O". Escuto a risada do estagiário.

— Ridícula. 

— Anão.

— Poste.

— Carcereiro de gaiola.

— Caralho, Hange! — O garoto ri. Lanço um olhar mortal para ele. — Desculpa.

— Você é insuportável, igual ao Falco. — diz Gabi. — Só não te xingo porque você tem agulhas por perto.

— Por falar nisso, seria tão engraçado contar ao Falco que você tem medo de agulha. Ele iria achar interessante.

— Você não…

— Hange. — minha mão agarra seu cabelo pela nuca, a forçando a abaixar a cabeça. Porcaria de altura! — Não envolva minha menina nas nossas discussões. Você é uma péssima pessoa e, provavelmente, uma péssima mãe.

 Seu rosto fica tingido de vermelho, mas não de vergonha, de raiva. Me dá um empurrão.

— O que você sabe sobre mim, Levi? Você mal me conhece! Não sabe da metade de sacrifícios que eu fiz para criar meus filhos! Você nunca vai entender isso, seu insensível! 

 Agora eu que fico com raiva.

— Você também não me conhece! Nem vou me dar ao trabalho de explicar minha vida, porque uma selvagem jamais entenderia. Vamos, Gabi. — pego a mão da menina e vamos saindo de lá.

— Foge mesmo da discussão, seu bunda mole! — grita da porta do laboratório. Eu apenas ergo o dedo do meio e entro no carro. Acerto um soco no volante para descontar a raiva.

 Eu realmente odeio essa mulher.

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