Capítulo 04

1.1K 223 46
                                    

Izuna sempre foi diferente dos outros ômegas — e ele sempre soube disso. Por exemplo, tinha certeza de que era o único noivo a escrever a seguinte lista de afazeres no dia de seu casamento:

Banho
Penteado
Kimono
Lagostas

Três horas depois, ele estava banhado, penteado e vestido — para a tristeza dele e de Rex, ainda não havia sinal de que Fluffy fosse mudar de carapaça. Ele estava na galeria observando o ambiente em que aconteceria seu casamento típico da França. Era um cenário frio. Não havia qualquer decoração especial. Era difícil conseguir flores no começo do ano, não havia fitas à disposição para enfeitar o lugar nem tempo para qualquer outra coisa. Lá fora, caía uma tempestade de primavera. Vento e chuva uivavam, açoitando as paredes do castelo. No salão principal, velas ardiam em todos os castiçais disponíveis. As chamas dançavam e tremeluziam, parecendo tão ansiosas quanto Izuna. Criados do castelo ocupavam um lado do salão. Os homens do Capitão Sejun ocupavam o outro. Os dois grupos esperavam por ele. E Izuna não desejava outra coisa que não continuar ali onde estava, para sempre. Ou ir se esconder com Fluffy debaixo das pedras.

— Pronto, Querido?

Ele estremeceu, assustado. Tobirama tinha se juntado a ele na galeria, aproximando-se furtivamente com seus passos felinos. Aproximando-se com sua aparência deslumbrante. Misericórdia. Ele também tinha tomado banho. E feito a barba. Amaior parte de seu cabelo Branco tinha sido domada com uma escova, mas algumas mechas incorrigíveis lhe caíam pela testa de um modo sensual. Alguém tinha escovado seu casaco vermelho e lustrado os botões. O cordão dourado e os metais brilhavam sob a luz das velas. Mais cedo ele estava atraente de um modo bruto. Naquele momento, estava magnífico. Izuna sentiu que não estava à altura dele. Sayuri tinha feito o que podia com seu cabelo, mas Izuna não teve escolha a não ser usar um de seus Kimonos Preto de sempre. Há anos ele não mandava fazer um novo. De que adiantaria? Ele nunca ia a lugar nenhum, nunca recebia ninguém. Era óbvio que ele não estava preparado para um casamento.

— Não me sinto pronto para isso — ele disse.

Ele o observou, examinando-a rapidamente.

— Para mim, você parece pronto.

Não era aquilo que o rapaz sonhava em ouvir no dia de seu casamento. Nada de "Você está lindo". Nem "Você está fantástico".Para mim, você parece pronto. Ele olhou para a meia-dúzia de soldados que aguardavam no salão.

— O que os seus Alfas acham que está acontecendo aqui, esta noite?

— Eles acham que vou me casar com você.

— Então eles sabem das cartas?

— Eles sabem que eu as recebi, mas nunca as leram.

Izuna gostaria de acreditar que ele lhe dizia a verdade, mas ele duvidava. Para um soldado em situação deplorável, os devaneios de um jovem japonês com imaginação demais e experiência de menos devem ter sido uma diversão e tanto. Por que ele guardaria tudo isso para si? Parecia muito mais provável que suas cartas tivessem passado de mão em mão nos acampamentos para que todos se divertissem nas noites entediantes.

— É tanta gente — ele disse. — E um lugar tão grande.
Aquilo começava a parecer uma multidão de verdade. E Izuna não se sentia bem no meio de multidões.

— Você deve saber, pelas minhas cartas, que não aguento reuniões sociais como esta. Minha timidez foi o motivo pelo qual eu inventei você.

— Me inventou? Querido, você não me inventou.

— Não, você tem razão. Eu inventei alguém compreensivo e gentil. — Ele cruzou os braços e se abraçou. Não parecia que alguém mais fosse fazê-lo. — Você já ouviu a expressão "tímida de doer"? A atenção de uma sala cheia de gente... para mim, é como um sopro gelado no pior dia de inverno. Primeiro a minha pele toda começa a formigar, então fico entorpecido, e aí eu congelo.

O Noivo Do CapitãoWhere stories live. Discover now