「 a(s) tempestade(s) 」

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Quando o sinal da última aula tocou, parecia que o céu estava desabando. Charlotte e Henry se entreolharam parados na frente da escola, tentando pensar no que fazer para chegar na casa da Page. Jasper tinha dito que ia ficar na escola até mais tarde porque tinha pego uma detenção semana passada e esqueceu de comparecer, tinha acabado de se despedir dos amigos e ir até a sala designada quando a chuva piorou.

- Você não tem um guarda-chuva aí, tem? - Perguntou o loiro, embora não tivesse esperança nenhuma de uma resposta afirmativa.

Charlotte negou com a cabeça, esticando o braço na direção da água.

- Parece que tá chovendo canivete. - Comentou, puxando o braço de volta.

- Posso pedir pra Piper nos dar uma carona. - Sugeriu Henry, pegando o telefone.

- Eu prefiro pegar pneumonia.

- Credo, Charlotte!

- Desculpa, mas a sua irmã é um risco no volante, eu não tenho coração pra isso. E ainda mais com a pista molhada!

O Hart refletiu um pouco, sabendo que a garota tinha razão. Preocupado, mandou mensagem para a mais nova e a fez prometer que esperasse a chuva diminuir antes de sair de carro, e que reduzisse a velocidade na pista também.
Charlotte sorriu levemente para a careta que o loiro fazia enquanto conversava com a irmã teimosa. Pensou no quanto ele ficava fofo daquele jeito, mas balançou a cabeça como se estivesse ficando louca.

- A gente pode esperar a chuva ficar mais fraca antes de ir. - Recomendou, pondo a bolsa no chão.

Concordando, o rapaz a puxou para se sentarem com as costas apoiadas nos armários. Conversaram sobre assuntos bobos e contaram o que tinham feito na semana que ficaram sem se falar até caírem num silêncio confortável. Henry apoiou a cabeça no ombro de Charlotte, olhando a chuva com os olhos pesados de sono. A cacheada suspirou e pôs seus fones de ouvido, imaginando qual seria a reação do Hart se ela contasse sobre o Love Match e os planos de Piper. Era embaraçoso demais falar que estava usando um aplicativo de relacionamentos, mesmo que não estivesse exatamente flertando.
Ou será que estava?
Seus pensamentos viajaram para o anônimo e suas piadas duvidosas. Ela não sabia como ele era de verdade, mas sabia que gostava de ficar até tarde da noite falando com ele, trocando recomendações de músicas e séries, estava ciente do salto que seu coração dava quando recebia uma notificação, esperando ser dele. Ela ficava nervosa enquanto digitava às vezes, e não conseguia deixar de sorrir quando ele a elogiava, ou quando flertava de brincadeira.

Só pra honrar o propósito do aplicativo, ele dizia.

Tinha que admitir... Talvez estivesse desenvolvendo alguns sentimentos pelo anônimo. Se isso era bom ou ruim, não tinha ideia.

- Acho que já dá pra gente ir. - A voz rouca e sonolenta de Henry a tirou dos seus pensamentos.

- É melhor, antes que você durma aqui. - Retrucou divertida.

O loiro bocejou, alongando os braços, e se levantou, estendendo a mão para ela. Revirando os olhos de brincadeira, Charlotte permitiu-se ser ajudada, pegando a bolsa e a posicionando de volta em suas costas.
A chuva estava realmente mais branda agora.

- Toma. - Disse Henry, estendendo pra ela seu casaco.

- Não, você vai chegar encharcado.

- E se você pegar pneumonia, eu nunca vou me perdoar. - Retrucou, pondo a vestimenta nos braços da jovem.

Charlotte sorriu e agradeceu, quase suspirando com o perfume de cacau e noz pecã que a envolveu ao vestir a peça. De todos os perfumes que Henry já tinha usado, aquele era seu favorito. Se ele não estivesse do seu lado agora, levaria o tecido até o nariz só para sentir a fragrância mais forte.
Acenando para alguns alunos que, assim como eles, tinham ficado para esperar a chuva passar, Charlotte quase não percebeu quando a mão de Henry agarrou a sua. O toque espalhou faíscas que subiram por seu braço e coluna, mas ela associou a reação à diferença térmica entre os dois. A mão dele era quente enquanto a sua estava congelada.

¡Love Match!Where stories live. Discover now