No meio da bagunça de trabalhar para um super-herói e ser melhor amiga do assistente dele, Charlotte sabia que não viveria muitos romances. Mas e se seus amigos e um aplicativo maluco conseguirem lhe fazer enxergar o que ela se recusa a ver?
[chenry]
Assistir Stranger Things para se distrair estava funcionando bem, pelo menos no começo. Todos aqueles conceitos físicos, demogorgons e desaparecimentos malucos realmente tiravam sua mente de foco, embora Charlotte pudesse ver algumas daquelas coisas realmente acontecendo em sua vida. Infelizmente, quando se tratava de Ray e Schwoz, a possibilidade estava sempre ali. De repente, pensar em seus colegas de trabalho a levaram a pensar no seu trabalho e no de Henry, no quanto eram diferentes e perigosos, às vezes. Foi assim que uma coisa levou a outra e ela acabou fechando o notebook, encarando seu teto ao invés de Mike, Dustin e Onze. Ontem ainda estava fazendo seu estômago revirar, e ela nunca se sentiu uma pessoa ansiosa, mas aquilo veio do nada. Ela podia esperar um devorador de mentes, mas beijar Henry? De onde diabos aquilo veio? As perguntas eram demais e não encontravam respostas. Honestamente, Charlotte pensou estar desenvolvendo algum tipo de interesse no anônimo do Love Match, mas agora havia um fator que antes ela nunca poderia ter advinhado: gostar do seu melhor amigo. Não era fácil admitir que aquilo podia estar acontecendo, principalmente porque ela estava aterrorizada com o que seria da amizade dos dois se algo desse errado. Suspirando, ela agarrou o telefone, sentindo o coração dar um salto quando viu as mensagens no telefone silenciado. Henry estava apenas sendo bobo, como sempre, e a familiaridade do momento a tranquilizou de algum modo. Ele ajudou sem nem mesmo saber.
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***
Ela tinha que admitir que as aulas eram mais entediantes quando seu horário era diferente do de Henry e Jasper. Entretanto, talvez fosse melhor um certo espaço entre ela e o loiro. Faria seu cérebro se colocar no lugar novamente, ou assim ela esperava. Fechando seu armário ela notou vans pretos se aproximando e escolheu ignorar as borboletas no estômago. Tinha sido apenas surpresa, não eram esse tipo de sentimentos.
— Oi, Page.
— Ah, oi, Renan. — Sorriu, implorando mentalmente para que ele não tivesse percebido sua surpresa (e decepção) quando o viu. — Posso ajudar?
O rapaz deu um passo mais perto.
— Na verdade, sim. — Disse, abrindo um sorriso de canto, como se quisesse se desculpar por algo. — É que eu tô com dificuldade em cinemática e você é a melhor em física, então... Queria saber se você poderia me dar umas dicas, ou sei lá, me ensinar.
Charlotte ergueu as sobrancelhas, surpresa. — Bom...
— Eu aprendo rápido! — Persuadiu. — E te pago. Eu realmente não posso bombar nessa matéria, senão perco meu emprego. Sabe como é... Pais.
— Oh. — Ela sabia como era, até porque Henry quase passou pela mesma coisa. — Tudo bem, posso ajudar.
Suspirando de alívio, o garoto pôs as mãos nos ombros dela, agradecido.
