1 | FIO VERMELHO

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A chuva caía forte nas ruas de Londres. Hanna está na sala de estar, cantarolando uma melodia sentada em seu sofá com as pernas encolhidas, a fim de dormir mais. Enormes olheiras jaziam debaixo de seus olhos. A televisão está ligada e a casa está um pouco escura devido à chuva.

- Aqui está. - Diz Agatha, mãe da Hanna, entregando-a uma xícara grande de café preto bem quente.

Hanna aceita de bom grado. Ela beberica cuidadosamente seu café devido a quentura.

- Por que você dormiu tarde na noite passada? - Pergunta Agatha se acomodando no sofá junto a Hanna.

A mais velha alisa sua roupa amassada ao sentar-se. Ela veste um conjunto de meias de brancas com bolinhas coloridas nos pés, uma blusa rosa bebê de longas mangas com detalhes em amarelo e uma calça de veludo preta. Era um conjunto um tanto estranho, mas era assim que Agatha conseguia se animar em dias chuvosos como aqueles.

- Fiquei sem sono, então acabei por ver um filme. Assisti até altas horas. Acho que exagerei. - Mente.

Hanna passou a madrugada em claro escrevendo. Escrevendo músicas. Normalmente é isso o que faz quando está cansada demais ou para aliviar a tensão que há em si.

- Hanna, você sabe que isso faz mal para a sua saúde. Promete que não faz mais isso?

- Sabe que eu não gosto de fazer promessas.

- Hanna, por favor. - Insiste.

- Vou fazer o possível. - Hanna declara, dando a ela um sorriso acolhedor em troca.

A mulher troca de canal até achar um que goste, aumentando o volume da tv já que, devido ao som da chuva, é quase impossível de escutar.

- Peter Elliott anunciou publicamente que está vindo para Londres. O garoto prodígio, desejado por milhares de garotas, anuncia que tem um grande projeto que ocorrerá aqui em Londres. O que será que o nosso astro de cinema e famoso cantor tem a nos proporcionar? - Fala a apresentadora do programa que a mãe da Hanna está assistindo na televisão.

- Conhece? - Indaga a mãe curiosa.

- Quem? Esse tal de Peter? Não.

Hanna se levanta preguiçosamente e vai até a cozinha. Ela despeja seu café em um copo térmico para que não esfrie.

- Já vai? - Pergunta a mãe da garota, por vê-la despejar seu café no copo térmico.

- Sim, mãe. - Diz pegando sua mochila.

- Tem certeza de que não quer que eu vá junto? Este é o seu último ano no colégio. Não quer que eu lhe acompanhe?

- Não precisa, mãe, vai ficar tudo bem - responde Hanna, dando um sorriso acolhedor para acalmar a mais velha. - Você vai abrir a floricultura hoje?

- Está chovendo demais, acho melhor não.

- Está bem, até, mãe.

Hanna se despede e logo já vai em direção ao colégio. Depois de pegar um ônibus, chega um pouco mais acordada. Seu café já acabara, então guarda o copo térmico em sua mochila.

"Precisa de mais tinta", pensa Hanna ao pegar em seu cabelo desbotado. Hanna é ruiva, mas não naturalmente. Depois de passar por uma reflexão sobre a vida, decidiu pintar o cabelo. Tem um metro e sessenta e seis e um corpo modelado, como diria a sua mãe, não muito magro, com algumas gorduras. Seus olhos são verdes como jade, o que faz ser uma combinação magnífica com o cabelo ruivo.

Sendo filha de pais separados, Hanna tem uma vida simples morando com a mãe nas ruas de Londres. Trabalha meio período em um café que conheceu ano passado para ajudar a mãe, e, nas palavras da Hanna, "também ajuda no amadurecimento". Nunca foi gananciosa, tão pouca ambiciosa. Quem paga pela mensalidade do caro colégio é seu pai.

Só Agora Eu Sei ✓Where stories live. Discover now