24│ALGUÉM COMO ELA

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A lua já se fazia presente na movimentada cidade de Londres. Era possível ainda ouvir os carros passando pela rua, mesmo que do décimo segundo andar. Peter remexia-se na cama e, aos poucos, abrira, finalmente, os olhos. Fitou o teto branco sobre si, ainda atordoado por recém acordar. Tentava fazer as peças se encaixarem em sua mente, ligando os pontos um por um.

"Ah... lembrei.", pensou depois de alguns minutos em silêncio.

No dia anterior estava com Hanna. Lembrou-se de ter passado mal e Donald ter-lhe buscado. Depois disto, lembrava-se, apenas, de alguns flashs sobre chegando no hotel e sendo acompanhado pelos pais, os remédios que tomara de forma quase inconsciente e...

Argh... — Ele geme ao colocar a mão sobre a barriga e escutá-la roncar. Passara horas, mais de um dia, certeza, que não comera nada. Sentia-se morto de fome.

Moveu a cabeça para o lado, fitando a cômoda de sempre. Agora um pouco torta, estendeu seu braço e pegou o termômetro que a sobreponha, colocando-o debaixo do braço. Após alguns minutos, escutou-o apitar e, enfim, o retirou, suspirando aliviado ao ler "36,5°C" nele. A febre havia passado.

Sentou-se lentamente na cama, colocando os pés sobre o tapete do chão. Acendeu o abajur em seguida, tomando um susto pelo barulho e movimentação que viu em direção à poltrona.

Caralho! — Colocou a destra sobre o peito, xingando ao ver Bryan acordando.

— Acordou, adormecida? — Mesmo com sono, Bryan não perderia a chance de fazer uma breve zoação com o amigo, assim como sempre fazia quando o via acordar de mais uma crise.

— Vá pra porra, que susto que eu tomei, Bryan! — Peter respirava descompassado pelo susto e medo que a pouco sentira.

O mais velho contrai suas sobrancelhas.

— Olha a boca, moleque. — Advertiu comicamente.

Tsc. — Estalou com a língua, mas no fundo, no fundo, estava realmente agradecido, assim como todas as vezes ficava, por ter o amigo perto de ti em momentos como aquele — Que horas são? — Perguntou, agora não tão sonolento, devido a ter sido despertado com o pavor do susto.

Hum, deixa eu ver... — Bryan retirava seu celular do bolso, conferindo as horas e guardando-o novamente — Quase dez e meia da noite.

Peter virou para frente novamente e olhou para baixo, fitando seus pés, que agora balançavam.

— Sua febre passou? — Bryan levantou-se da poltrona, indo em direção ao amigo.

Aham... — Peter afirmou com um múrmuro.

Bryan suspira, acostumado com aquele comportamento. Sempre que Peter sofria uma crise, ficava meio para baixo, quase depressivo. Uma vez contara-lhe que, além das fortes dores e febre que passava durante o ato, tinha vezes que era mais desafortunado ainda, sofrendo, também, com pesadelos e, assim que acordava, também ficava, na maioria das vezes, com dores de cabeça, podendo até serem enxaquecas. Entendia o amigo por completo, sofria daquilo também dependendo da situação e dia e, por isto, mais do que ninguém, sabia como agir naquelas situações.

Foi andando até o garoto e colocou uma mão em seu ombro, sem olhá-lo de frente, somente vendo suas costas úmidas devido ao calor e suor de antes.

— Quer comer algo lá embaixo? — Se referia ao restaurante.

Peter riu nasalmente.

— Sim, eu morrendo de fome.

Bryan riu assim como o amigo, deixando-o com espaço para trocar de roupa.

Só Agora Eu Sei ✓Where stories live. Discover now