20 | PERDIDAMENTE APAIXONADOS

880 85 31
                                    

A manhã de quarta-feira estava um tanto deprimente. O céu era nublado, dando indícios de que logo a chuva viria. Os passarinhos nem se atreviam a cantar naquela manhã, era possível, somente ouvir, o som dos carros e ônibus.

Hanna, como qualquer outro dia, vestira-se com seu uniforme, desta vez, colocando um moletom por causa do frio, típico do outono de Londres. Descera as escadas tranquilamente. Por incrível que pareça, não acordara atrasada, poderia curtir suas manhãs nubladas normalmente, sem precisar apressar o passo ou ir desarrumada para a aula.

— Bom dia, Hanna! Acordou cedo, hein! Vai nevar... — Sua mãe brincava ao ver a filha já de pé.

— Há, há, há. — Ela ria pausadamente — Sim, sim, vai nevar. — A ruiva retruca, também brincando.

Agatha ri levemente. Ambas se sentam na mesa da sala de jantar e, depois de muito tempo sem fazer isso devido aos horários, tomaram café da manhã juntas, com as duas rindo e conversando sobre o dia a dia. A mais velha, em um momento qualquer, para de falar, ao olhar para o calendário em cima da mesa. Ela dá um sorriso triste e encara a jovem confusa.

— O que foi? — A ruiva pergunta um tanto preocupada com a repentina mudança de humor.

— Vai ser o aniversário dele....

Dele...? — Ela repete, ainda sem entender.

Agatha pega a xícara de café em cima da mesa com as duas mãos, assoprando o vapor enquanto responde:

— Do Ethan. Seu irmão.

O coração de Hanna erra uma batida e ela engole a seco. Ela fita o calendário, percebendo somente agora que, sim, o dia se aproximara mais rápido do que o normal. Sua mente e corpo estava tão sobrecarregado com as coisas que aconteceram desde que as aulas começaram, que Hanna esquecera-se por completo, e, obviamente, sentiu-se culpada.

Ela volta a observar a mãe que olha tristemente. Seus olhos estão vazios, como se estivesse navegando em um extenso mar de memórias e tristes lembranças, assim como Hanna.

— Sente falta dele, não? — A mãe pergunta.

A ruiva balança a cabeça positivamente.

— Muito.

— Ainda toca o violão dele?

Hanna pega sua xicara com suas duas mãos e encara seu reflexo no café.

— Sempre que posso...

— Como será que vai a Layla?

— Eu... não sei. Nunca mais ouvi sobre ela desde o acidente.

— Entendo...

O silêncio é instalado na sala de jantar. Tocar naquele assunto era muito delicado, tanto para Hanna quanto para a sua mãe. As gotas de chuva começam a cair e logo um temporal se forma, mas, nem Hanna nem Agatha se importam com isso.

A ruiva, enquanto ainda observava seu reflexo no café, assustou-se com o som de choro vindo de sua mãe. Ela imediatamente levanta o rosto e encara a mais velha. Agatha derrama uma, duas e três lágrimas, após isso ficam incontáveis as que caem.

— Ah, mãe...!

Hanna deixa o café sobre a mesa e se levanta da cadeira, rodeando a mesa para chegar a sua mãe. Ela a abraça e acaricia seus cabelos negros brilhantes, passando os dedos entre os fios. Um choro incontrolado começa por parte da mais velha. Hanna, depois de um tempo, sente toda a sua camisa molhar com as lágrimas dolorosas da mãe.

— Você tem muita saudade dele, não é? — Depois de um tempo em silêncio, Hanna decide perguntar, ainda passando a mão sobre a cabeleira sedosa da mais velha.

Só Agora Eu Sei ✓Where stories live. Discover now