16 | "AS COISAS NÃO PEDEM A NOSSA OPINIÃO"

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— Está com fome também. — Uma voz soa atrás dela.

Hanna assustada com a possibilidade de alguém vê-la naquele estado — mesmo que ela tenha vindo por conta própria para o colégio, seu estado emocional alterado era perceptível —, vira-se rapidamente em direção a voz, e, ao ver quem é, contrai as sobrancelhas.

— Peter...? — ela retira seu celular do bolso e confere as horas — Não é muito cedo pra você estar aqui?

Ele não a responde e anda em sua direção.

Só neste momento Hanna se toca que essa é mesma quadra onde estivera antes com Peter, e então percebe que, coincidentemente — ou não —, ele se senta no mesmo lugar que antes, assim como Hanna, que nem percebera a coincidência. Eles ficam a, apenas, uma cadeira de distância um do outro.

Hanna move a cabeça em direção ao garoto, ainda sem entender o que ele fazia ali, mas logo é surpreendida pela ação dele.

— Toma. — Diz ele com o braço estendido, oferecendo à Hanna um saco de batatinhas, a mesma que Hanna tinha o oferecido dias antes, e uma garrafa de água.

— Não vai me cobrar por isso, vai? — Ela pergunta cautelosamente, erguendo o braço hesitantemente para pegar as batatinhas e a água.

— Hanna, não sou um golpista como você. — Ele diz, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, ao virar-se para ela.

— Tem certeza...?

— Só pega logo.

Hanna, em questões de segundos, começa a devorar o saco de batatinhas, como se fosse água.

— Como se diz? — Peter pergunta com um sorriso irônico no rosto.

Embasbacada, Hanna, lentamente, vira seu corpo na direção do garoto.

Oi?

Ah, bobinha. Se esqueceu dos modos? — Peter fala com pura ironia.

Hanna suspira, fechando lentamente os olhos. Mas não com raiva. Parecia até que ela estava... grata? E então, suspirando, dita:

— Obrigada, Peter. De verdade. — Ela agradece ainda com os olhos fechados, sem malícia alguma no tom de voz.

Peter, por um curto momento, surpreende-se, ficando até em choque, mas logo sua expressão se suaviza e um pequeno sorriso surge em seus lábios.

— Por nada. — Ele responde, colocando sua destra sobre a cabeça da ruiva.

Hanna se sobressalta com a atitude, mas não faz questão de reverter a situação e retirar a mão de Peter de sua cabeça. Não faz isso porque necessita. Ela precisa disso. Então ela aproveita cada segundo da carícia, querendo que o momento parasse por só um segundo.

— Você... está bem? — Ele pergunta cauteloso, ainda com a mão sobre o couro cabeludo alaranjado.

Por um breve momento, Hanna pensou em mentir, dizendo que estava perfeitamente bem e que tudo o que aconteceu ontem não a afetou, mas decidiu não optar por esse caminho. Ela está exausta, mental e fisicamente. A ruiva não aguentava mais o peso de suas mentiras sobre as suas costas, que aumenta cada vez mais em que fala um "Estou bem" ou "Não foi nada".

Não havia motivos para mentir mais. Pelo menos, não para ele.

Ela suspira, e ainda de olhos fechados, responde-o:

— Eu não sei. — ela é sincera — Tanta coisa aconteceu que... — Sua voz se perde.

Peter fica em silêncio, instigando-a a continuar a falar, mas, ao perceber que a mesma não falaria mais nenhuma palavra, retirou a mão de sua cabeça e levantou.

Só Agora Eu Sei ✓Where stories live. Discover now