𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟒

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Estudamos por horas, agora Nanami estava fazendo sua pose de cavalheiro e me acompanhando até a escola com minha bolsa em seus ombros, onde eu estaria segura e aquecida.

- Não precisava ter me acompanhado até aqui, Kento. - Disse quando ele me entregou a bolsa.

- Claro que eu precisava, sei que você pode se cuidar sozinha, mas me sentiria mal se não te acompanhasse.

- Muito obrigada por tudo, Nanami. Mesmo.

- Por nada. Até breve. - Disse o loiro descendo as escadas.

Com um sorriso no rosto, voltei para meu quarto.

Não conseguia negar que achava Nanami um verdadeiro homem, cavalheiro, gentil, forte, bonito e carinhoso. Ele se encaixava nos meus padrões, mas meu irmão sempre deixou claro, desde o meu caso com Toji e o meu coração partido, Satoru estabeleceu o limite: "meus amigos são apenas amigos para você, te proíbo de ir além disso".

Não que eu me importasse de quebrar esse limite, mas era algo que eu prometi concordar, e, quebrar essa promessa é o que me quebraria, pois ele jamais quebrou o mesmo limite que impus sobre as minhas amigas e promessas são dividas que não devem ser quebradas.

Vi Yagi na porta do meu quarto, ele estava junto de uma de suas marionetes, era ele que me vigiava quando meu irmão não podia e o moreno era um dedo duro sem vergonha.

- Precisa de alguma coisa, diretor?

- Preciso.

Andei até a porta do quarto e a abri, permitindo que o mais velho entrasse, vi o mesmo se sentar na cadeira da minha escrivaninha.

- Eu preciso que você fique de olho em Yuji Itadori. - Começou.

- Satoru já está fazendo isso.

- Sim, mas ele é mais mole que você, ele fará o possível para que garoto não morra e fique vivo pelo tempo que conseguir, mas sei que você, vai mata-lo sem hesitação se for preciso.

Ele está certo. Como sempre. Nunca falhei em uma missão que foi dada, sempre matei maldições sem hesitar, sempre consegui salvar inocentes e matar envolvidos humanos como se fossem os insetos que se comportam.

- Está bem, mas sabe que Satoru vai perceber que eu estou vigiando, não sabe? - Questionei arrumando meus materiais nas prateleiras, segurando os livros para que não caíssem.

- Perceber você? Não, ele não vai. Você é a melhor em espionagem, em assassinato, tanto de maldições quanto de humanos, assim como é a melhor em história, mas finge não entender para pedir ajuda ao Nanami.

Disfarcei ao máximo minha surpresa, mas não consegui quando vi meu caderno de anotações sobre a história do Japão em suas mãos.

- Você tem duas opções, S/N. Ou você fica de olho no garoto, ou o seu irmão ficara sabendo disso e eu não sei como seria a reção de Satoru sabendo que a irmã está de olho num dos seus amigos, que ela mentiu sobre não ter interesse todos esses anos, que está colocando em risco o seu lindo coraçãozinho. Sabe S/N, eu não sei quem ficaria mais arrasado com isso. Nanami vai ter o coração partido também, você sabe que ele não te vê apenas como "a irmã do Satoru".

Ele sabia do esquema, sabia que Nanami ficou irado e da sua repulsa em nós dois quando descobriu do meu caso com Toji, ele sabia dos limites que meu irmão impôs, ele sabia sobre minha queda pela beleza de Nanami e sobre o que ele sentia. Esse marionetista ardiloso sempre sabe das coisas.

Eu não amava o loiro, mas tinha um grande desejo carnal nele. Me sentia constrangida pelo fato de sentir uma atração maior por homens mais velhos.

- Está bem. Quando eu começo? - Questionei cruzando os braços em frente ao peito.

- Amanhã, você vai acompanhar Satoru nas aulas, como uma professora extra, fora das aulas, vai usar suas grandes habilidades de espionagem. Todo final de semana quero um relatório na minha mesa.

- Resumindo, começo amanhã e só paro quando ele ou eu morrer primeiro. - Suspirei me sentando na cama.

Sabia que Yagi gostava de me ter por perto para me usar para seus propósitos contra os anciões e para a escola, mas querer que eu trabalhasse até não aguentar mais era exagero.

- Não tanto, você terá uma folga quando ele estiver dormindo. - Disse debochado.

- Prometa que não vai contar nada para Satoru.

- Prometo. - Disse se levantando.

Deixou o caderno na mesa e saiu do quarto, me contive em não mata-lo ali mesmo. Assim que ele fechou a porta, andei até a porta de carvalho e a tranquei, segurei-me para não começar a falar palavrão. As palavras de Yagi nunca eram confiáveis, sempre eram motivos para ficar um pé atrás, qualquer coisa que eu fizesse que levantasse suspeitas ao mais velho seria motivo para que ele desse com a língua nos dentes.

Estava nervosa, o suficiente para me fazer chorar, antes que pudesse, coloquei minha roupa de treino, pulei a janela e corri para o bosque, onde poderia treinar, onde poderia ouvir o som suave das folha, onde estaria tranquila.

Não sei porquê estar sozinho em um bosque durante a noite me acalmava tanto, talvez, em minha outra vida, eu tenha passado mais tempo ali do que em qualquer outro lugar...

✧∭✧∭✧∰✧∭✧∭✧

- Você está aqui de novo.

S/N estava sentada em um galho de uma árvore alta, não sabia o porque ela gostava, mas se ela gostava, então eu também gostava. Subi a árvore e me sentei ao seu lado.

- O galho vai quebrar. - Avisou.

- Não sou tão pesado e essa árvore está viva há tanto tempo, esse galho não vai quebrar tão facilmente. - Disse beijando seu rosto sereno e gélido. - Melhor entrarmos, você está gelada.

- Mas aqui está tão bom. - O sorriso em seu rosto me encantava.

Tirei a capa aveludada, pus em seus ombros e a abracei, seu corpo era pequeno comparado ao meu, perfeito para que eu abraçasse.

- A lua está linda hoje. - Disse ela ao deitar em meu ombro enquanto observava a lua cheia.

- As estrelas também. - A vi sorri boba, como se fosse aquilo que ela quisesse que eu respondesse.

Beijei seus cabelos macios, aproveitando o aroma de flores que ela exalava naturalmente, seus olhos azuis eram belos, assim como o seu sorriso.

Eu a amo, mais do que poderia querer, me aproximei mais do que deveria e cai em seu encantos, me apaixonei pelo seu sorriso, pelos seus olhos, seus costumes, pelo seu aroma de flores em plena primavera, me apaixonei pelos beijos, pelo seu riso, me apaixonei mais do que deveria.

- Agora é você que vai ficar resfriado. - Me apaixonei em como ela se preocupa.

- Eu não fico resfriado.

- E eu serei a rainha das maldições. - Me apaixonei pela suas falas irônicas sobre ser rainha das maldições, na qual ela seria secretamente se continuasse ao meu lado.

- Está bem.

Retirei a capa de seu corpo e o coloquei no meu, a abracei e a cobri com a capa, ela era longa, mas ainda assim, aproximei cada vez mais seu corpo do meu, para garantir que ela estaria ali.

- Eu amo você, S/N.

My queenOnde histórias criam vida. Descubra agora