𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟗

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Eu fui dispensada - temporariamente - do cargo de professora do Itadori, quem foi arrastado para isso agora foi Nanami e, admito, senti pena do mesmo, já que o mais velho não tinha muito interesse nisso.

Com um tempo mais livre na agenda, resolvi cuidar dos treinamentos do segundo e primeiro ano, eles estavam empenhados e, tanto Nobara quanto Megumi, descobriram que não era tão fácil assim o treino. Maki havia me dado um breve relatório do treino enquanto eu estava fora e, como já esperado, Satoru não tinha comparecido.

O dia correu mais rápido do que eu imaginava, eu não estava muito ansiosa pela noite, mas também não estava animada durante o dia. Eu estava cansada por causa dos relatórios e agora com a adição do Sukuna, eu não tenho um momento de paz. 

O rei amaldiçoado não apareceu desde que fizemos o acordo, o que me deixou ansiosa. Eu não sabia quando ele vinha, o tempo que iria ficar e nem o porquê de querer, e não saber isso me deixa irritada.

A noite estava calma, sem estrela alguma no céu e nem uma nuvem sequer, a brisa levava as folhas caídas e não deixava o tempo abafado, estava ficando cada dia mais frio, mas eu não conseguia fechar a porta da sacada, não quando gostava de inalar o ar gélido que me fazia sentir viva.

Hoje uma garrafa de vinho me acompanhava com um livro que ganhei há alguns anos de um amor que nem quero me lembrar. O livro era um romance triste que não tinha final feliz, não era o tipo de livro que eu costumava ler, mas a história sempre me cativava.

Levei a taça aos lábios quando uma batida ressoou da janela, eu não conseguia ver quem era por causa das cortinas pesadas, senti um desespero curioso dentro de mim quando um suspiro pesado veio de fora. Fechei o livro e me levantei, deixei a taça na mesa de centro e, cuidadosamente, afastei as cortinas podendo ver quem seria tão estúpido para vir descaradamente durante a madrugada.

A pele tatuada me fez dar um passo para trás mesmo que estivesse com um sorriso simples no rosto, os cabelos rosados estavam bagunçados o pijama azul com desenhos de aviões era ridiculamente engraçado no corpo forte, os pés descalços estavam sujos de terra e os olhos estavam olhando para baixo demonstrando a vergonha.

Tentei não rir com a aparência desengonçada e me forcei a falar.

- O que está fazendo aqui?

- Eu queria te ver, afinal, eu prometi te levar para sair.

- Com essas roupas? - Questionei e pareceu que a maldição nem havia notado o pijama em seu corpo.

- Ah... Desculpa, eu estava tão apressado que só vim correndo e nem me dei conta. Mas se quiser eu posso trocar, ou simplesmente ficar sem. - Sugeriu com um sorriso malandro no rosto.

- Nanami sabe que você veio aqui?

- Quem? Aquele cara estranho? Por que eu iria avisa-lo? - Questionou e escorou no batente da sacada.

- Por que ele é o responsável do Itadori nesse momento, talvez? - A maldição pareceu ponderar a informação, mas deu de ombros e me observou.

Seu olhar percorreu todo o meu rosto com um sorriso bobo nos lábios, seus olhos me analisavam como se eu fosse única e preciosa.

- Entra, já faz um tempo desde que nos vimos. - Falei enquanto pegava outra taça e a enchia com o liquido amargo.

- Sim, eu senti sua falta.

- Duvido muito. - Disse ao estender a taça cheia que foi aceita de bom grado. - Enfim, o que vai fazer aqui já que não podemos sair com você parecendo uma criança em corpo de adulto?

- Ouvir você, quero que me conte tudo sobre você, seus gostos, o que gosta e o que não gosta, quero que me conte o que te deixa irritada, envergonhada e triste, mas, principalmente, o que te deixa feliz. - Pediu.

Eu não soube o que fazer, o que dizer ou como agir. Ele estava curioso sobre mim e pareceu respeitar o meu espaço enquanto não se sentava e nem bebia o vinho na taça, ele não tocou em nada e nem tirou os olhos do meu rosto.

Me sentei na poltrona simples e estofada e indiquei que o homem fizesse o mesmo com o pequeno sofá de canto, mas ele deixou a taça intocada na mesa de centro e preferiu sentar-se aos meus pés no chão duro e frio coberto por um tapete fino, ele massageou meus pés cuidadosamente como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

- Não é melhor sentar no sofá?

- Eu prefiro aqui. Você que fez o vinho?

- Sim, não gosta de vinho? - Perguntei e então o vi pegar a taça e beber o liquido de uma só vez.

- Eu amo.

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Desde que fiquei rendido a ela e somente ela, eu comecei a me ver perante seus pés, comecei a me sentar sob seus pés enquanto ela lia e massageava-os como as joias que eram, comecei a levar café na cama,  a ser o último que dormia e o primeiro que acordava apenas para observa-la por mais tempo, passei a ser aquele que fazia palhaçadas e piadas apenas para poder ouvir sua risada.

Comecei a ser o idiota apaixonado que detestava.

Hoje eu não era diferente, S/N estava dormindo mesmo que os raios de sol já tenham ultrapassado as cortinas, a respiração calma era como música,  o cabelo bagunçado era fofo e o rosto adorável.

Ontem havíamos bebido algumas taças de vinho, S/N começou a fazer como passa tempo e eles eram bons, mas tinham um alto teor alcoólico, o que a mais nova não tinha. Como resultado, acabamos sendo dois bêbados fazendo amor. 

E eu amava quando ela estava bêbada, pois ela sempre dizia o que vinha em sua mente, desabafava seus desejos e sentimentos mais profundos, na noite anterior, a garota havia gritado que me amava e desejava-me ao seu lado eternamente, mesmo que ela já tenha me dito aquilo diversas vezes, eu sempre me sentia da mesma maneira: como se fosse a primeira vez ouvindo que ela me ama.

My queenWhere stories live. Discover now