𝙉𝙚𝙫𝙚𝙧 𝙉𝙤𝙩 » 𝘫𝘦𝘰𝘯 𝘫𝘶𝘯𝘨𝘬𝘰𝘰𝘬

바람둥이 Por Que Nunca Começamos a Namorar?

      Era normal que a Jaram e a Hyun dormissem no meu apartamento, principalmente de dividissem um colchonete entre si.
      Depois do que aconteceu entre o Jungkook e eu, fiquei com receio de adormecer e perceber que tudo não passava de um sonho doentio. Se fosse um sonho, queria permanecer sonhando o máximo que podia. Hyun e Jaram já estavam completamente apagados de sono, deitadas no chão ao lado da minha cama. Tudo estaria ocorrendo como sempre, se não fosse pelo fato do Jungkook não ter ido embora como achei que iria.
        Ouvi alguém fechar a porta do apê por mim, enquanto cobria as meninas com um lençol mais aquecido.
        Jeon Jungkook deu alguns passos de confiança, se aproximando do sofá.

— Vou dormir aqui, só hoje.

       Não sabia como negar. Ele já estava tirando as almofadas para se deitar melhor.
       A única coisa que me tranquilizava, era ter a Jaram e a Hyun por perto, por mais que elas estivessem alcoolizadas, ainda tinha fé nelas.
       A cada cinco minutos olhava pelo penumbra da noite que invadia meu apartamento, tentando obter a resposta de que o JK já havia adormecido, ou estava como eu, pensando no que aconteceu entre nós a pouco tempo atrás.
        Ele não estava longe, estava adormecido no sofá da minha casa e sinceramente meus planos não envolviam ele dormir aqui hoje, e boa parte de mim queria que ele fosse embora de uma vez, assim talvez meu nervosismo passasse, mas com ele por perto, o nervosismo é constante. Eu realmente espero que esse sentimento seja amor, e não a necessidade de ser amada. Sai de um relacionamento faz pouco tempo, que ideia tola me apaixonar por outro alguém, ainda mais desse jeito.
        Levantava meu pescoço o máximo que conseguia, mas nada acontecia. Até o momento que uma luz forte veio diretamente nos meus olhos.
        Que tipo de retardado liga a lanterna do celular essa hora da madrugada bem na cara de alguém?

— Não consegue dormir? — ele questionou mesmo que fosse óbvio

     A voz dele parecia arrastada, os olhos amassados e o raciocínio bem lento.
     Eram duas horas da amanhã, e já me sentiam as borboletas no estômago que me enjoavam e me confundiam, mas amava a sensação arrebatadora.

— Você também não consegue.

— Não — ele passou os dedos pelos fios, bagunçando seu rosto como se fosse possível tirar o sono de si mesmo — Fazem mais de duas horas, que estou observando o teto da sua casa esperando você vir falar comigo — senti um aperto no coração — A cor é bonita, pena que não consigo ver muito bem.

      Mordi meus lábios pensando internamente se deveria pedir desculpas por isso.

— Por que não veio falar comigo? — ele voltou a questionar

— Estava com medo de te incomodar.

— O fato de que você tenha ficado em silêncio é o que me incomoda.

       Me levantei de corpo inteiro, tentando não tropeçar em nada até o caminho do sofá, por mais que o Jungkook iluminasse o chão para que eu passasse, ainda tinha medo de errar um passo.

— Eu estou acostumada a dormir tarde da noite pensando em coisas idiotas. Não durmo por que lembro de coisas que eu disse há dois anos atrás, não durmo com medo de não ser uma boa pessoa para aqueles que eu amo e, principalmente, não durmo pensando que deveria ter destrancado minha porta no dia que meu ex apareceu completamente fora de si pedindo para que voltássemos, mas eu não abri, por que tive medo dele. — me senti mais leve, mas também, me senti culpada — Eu não durmo há vários dias por coisas que me arrependo, gostar de você ou, beijar você, também é uma delas.

      Me sentei ao lado dele, como se minhas pernas se cansassem de me carregar, como se meu peito não aguentasse mais sustentar o peso das minhas emoções, ou como se minha cabeça pesasse com pensamentos ruins.
       A luz do celular, agora pouco aparente pelas cobertas que estavam por cima; a mão do JK que acariciava minha cintura sem malícia, ou meus olhos que ardiam pedindo permissão para que eu os deixasse chorar, mas a permissão nunca foi dada, e engoli tudo o que sentia, mas apesar disso, nunca me senti tão leve como agora.
      Mais tarde entendi que meu fígado é muito lento para digerir álcool, então só me notei bêbada depois de um bom tempo.