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Any Gabrielly

Após decidirmos o que iriamos comer, Josh pediu nosso jantar e ficamos conversando sobre coisas banais.

Vi que ele queria me perguntar algo mas ficou com medo. Sei do que se trata, ele quer saber se passei por mais coisas no passado. Não, não passei, foram episódios isolados, como o racismo e outras coisas que meninas de pele negra e corpo fora dos padrões passam.

— Você... é... já passou por outras situações desse nível? – Josh questiona ao deixar a fatia de pizza de lado.

— Não, por incrível que pareça, o mundo do teatro não é um conto de fadas mas depois que isso aconteceu comigo, comecei a ser esperta. Só aceitava papéis que eu tinha certeza que não teriam homens no elenco de figurinistas ou assistentes, ou quando tinha, inventava uma história para que alguma mulher pudesse me ajudar.

— Saber do seu passado, saber que está se abrindo comigo me deixa feliz. Quero estar do seu lado, enfrentando tudo, isso inclui seu passado.

— Você não existe sabia? Você é uma ilusão da minha cabeça ou um personagem de algum livro criado por uma mulher. Que criou um cara fofo, bonito, atencioso e com um humor adaptável.

— Foi minha mãe que me ensinou a ser assim. Ela disse que meu pai era assim... antes dele fundar a empresa e esquecer a família.

— Ele deve ter os seus motivos. Seu pai não é um vilão como a minha mãe, ele só é ocupado demais. Ele pensa demais na família e menos estar com ela.

— Você tem razão. Mas o que me preocupa é a minha mãe, ela senti falta do marido, senti falta de compartilhar coisas com ele. Faz mais de quatro meses que ele está viajando, construindo uma filial do seu império em outro pais. Por isso minha mãe viajou, para saber como tudo está o andamento.

— Isso deve ser incrível, expandir seu projeto para outros países.

— É legal, eu admito. Mas ele é o empresário Ron Beauchamp e não o pai Ron. – Josh suspira profundamente.

— Eu sei, mas o seu pai ainda tem salvação, olha a minha mãe.

— Todos tem direito a salvação e o arrependimento, a pessoa só tem que admitir.

— Isso você não arranca da minha mãe, nem fudendo.

— Tem razão. Juro que não quero sair mas não há o que fazer aqui dentro, você tem alguma sugestão? – Josh questiona.

— Também não tenho nenhuma.

— O quê acha de um banho de banheira? – Josh questiona.

— Só se eu puder fazer uma barba de espuma em você.

Josh solta uma gargalhada, concordando com a cabeça.

— Fechado.

Como já fazia um certo tempo que já havíamos comido, não seria problema, já que meu pai diz que não pode entrar na água com a barriga cheia, não me pergunte o motivo, eu não sei.

Josh liga a banheira e a deixa encher, fico observando o mesmo sentado na borda da banheira, vendo a temperatura da água. Como eu vim parar aqui?

Nunca namorei, nunca tive algo sério com alguém e fui me apaixonar logo pelo meu vizinho qual eu odiava, quer dizer, odiar é uma palavra forte demais. Talvez aquela frase realmente é verdadeira. Quem muito se odeia, muito se ama.

E mais uma vez a vida me pregando uma peça.

— A banheira está cheia. – Josh informa ao se levantar, me fazendo sair dos meus devaneios.

Hurts so goodWhere stories live. Discover now