Capítulo 24

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Eliza

Começo a despertar sentindo uma dor intensa na minha perna, quando abro os olhos vejo que estou em uma cabana mal iluminada.

Vejo o moreno que eu já tinha visto antes e que me salvou costurando o ferimento na minha perna, está doendo muito, mas a dor não é insuportável, parece ter passado algo para aliviar a dor extrema.

Moreno —não se mexa garota, posso errar os pontos.— diz com a voz extremamente séria e eu só paro de me movimentar na hora.

—quem é você?— pergunto com um pouco de medo, pois ele consegue bloquear meus poderes.

Ele continua em silêncio só prestando atenção na costura que está fazendo na minha perna.

Só pego o travesseiro e abraço forte para tentar aguentar um pouco a dor.

Moreno —não vai ficar com cicatriz, deveria ficar feliz com isso, homens normalmente não gostam de mulheres cheias de cicatrizes.— eu já tinha notado isso na primeira vez que o vi, mas agora consigo confirmar que esse cara tem pensamentos bem antiquados.

—não é como se eu precisasse de um homem para viver.— falo em reposta mesmo sabendo que ele esta com uma agulha costurando minha perna.

Moreno —estranho esse seu não precisa, pois pelo que eu me lembre precisou ser salva por mim senhorita.— diz me olhando fixamente com seus olhos azuis brilhantes.

Só fico em silêncio por não saber o que responder, ele está certo, se não tivesse aparecido provavelmente eu estaria morta agora.

Moreno —não fique tão cabisbaixa, você só não parece ter muita habilidade para lutar com pessoas, provavelmente luta somente com monstros, lutar contra amaldiçoados nunca é fácil para ninguém, mas se tiver o treinamento certo consegue.— diz terminando de costurar minha perna.

—essa cabana em que estou agora é aquela que vi você cortando lenha?— pergunto enquanto vejo ele se levantar para pegar algo em outro cômodo.

Moreno —sim, você deveria parar de invadir a área dos outros, pensei que ninguém pudesse achar esse lugar, do nada aparece uma garota jovem e bela perambulando pelo meu bosque enquanto estou cortando a lenha para minha lareira.— diz respondendo de longe.

Quando o homem bronzeado volta  só fico olhando para sua pele morena alaranjada,  nunca vi  um tom de pele tão perfeito antes, é uma cor diferente de todas, os morenos daqui não são assim, nunca vi uma pele tão bronzeada antes, o Dante é bronzeado, mas não é moreno, chamo ele assim por causa do cabelo preto.

Vejo que ele coloca um prato com algumas comidas em cima da minha barriga, logo depois senta em uma cadeira e fica me observando.

Me levanto um pouco para ver o que tem dentro do prato, pego com as mãos e tomo um susto, tem pão, geleia de pimenta, carne assada, ovo e algumas outras coisas que não sei o que é.

—não vou comer isso.— falo com um certo nojo, pois o pão tem uma consistência estranha, tem sementes nele, além disso, está tudo misturado.

Moreno —você deve ser da realiza, pois não é possível ser tão mimada a esse ponto, por que se tornou uma guerreira se não come alimentos juntos?— diz me olhando com desprezo.

—não é por isso, você pode ter envenenado e....— antes que eu termine de dizer ele pega o prato de volta e come na minha frente sem um pingo de frescura enquanto me olha, quando ele termina se levanta e sai novamente.

Fico olhando em volta, o quarto em que estou é extremamente humilde, tudo de madeira, parece ser feito a mão, tem uma janela que dá para ver o bosque cheio de arvores e animais.

Olho para mim e percebo que estou com a camisola que uso por baixo da armadura, fico vermelha pois ela é bem curtinha e tem morangos, não consigo acreditar que um estranho me viu assim. Me pergunto se fez algo comigo enquanto estava desacordada.

Vejo que ele volta novamente, está com uma garrafa de água na mão, nego novamente por temer que tenha colocado algo dentro.

Moreno —qual seu problema? Você não percebeu que se eu quisesse fazer algo com você já teria feito? Não está conseguindo andar, não pode usar seus poderes perto de mim, é fraca e não tem músculos no braço para se proteger.— só fico sem saber o que dizer quando ele diz isso, pois não é mentira.

—........— só pego a água que ele coloca na mesinha do lado da cama, bebo com um pouco de medo ainda assim, mas estou com sede então é melhor que continuar negando.

Moreno —vai se recuperar em três dias se ficar em repouso, irei  tentar encontrar roupas para você, fique aqui dentro e não tente sair, entendeu? Ainda tem inimigos lá fora, pode ter sorte de ser encontrada por um companheiro guarda, mas pode ter a má sorte de ser alguém ruim que vai te usar para satisfazer seus desejos, além disso, se arrastar pela lama não é legal.— diz com um sorriso convencido, eu não sei porque mas ele me lembra um pouquinho o Dante, não é por ser moreno e tal, por causa do sorriso e da personalidade estranha, não que o Dante seja machista, mas....

—espera, pode trazer uma pizza?— vejo que ele vira e me olha de uma forma estranha?

Moreno —virei empregado agora?— diz sério com uma sombrancelha levantada.

—poderia fazer esse favor para mim, estou com fome.— falo e ele pega um copo de água e taca na minha cara me fazendo ficar sem reação.

Moreno —eu te dei comida, se não quis problema seu, não me peça para fazer algo  se te ofereci antes, não sou um idiota que faz as vontades de alguém.— diz saindo me deixando  ensopada de água.

—IDIOTA, ESPERO QUE CHOVA E SE MOLHE INTEIRO!— grito brava pois nunca ninguém me tratou assim.

Está ficando frio e essas roupas molhadas vão me fazer ficar doente, pois perdi muito sangue por causa do ferimento, espero que me encontrem logo, não quero ficar nesse lugar estranho,tem várias aranhas no teto.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora