Capitulo 69

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Eliza

Sinto como se estivesse prestes a explodir literalmente,  estou com tanta dor de cabeça que acho que vou ter um AVC, não tenho tempo para relaxar nem para dormir direito.

Eu nunca pensei que diria isso, mas sinto falta de quando era adolescente e tinha tempo para pelo menos ler um livro em paz sem ter algum me interrompe para assinar documentos  ou fazer reuniões com os nobres do purgatório.

Me impressiona ver que em todo esse tempo que estou na sala do trono fazendo meus trabalhos  Alex não parou de me ajudar um único momento,  sempre separa tudo que é mais importante para eu pelo menos ter tempo de me cuidar e tomar um banho quente. Ele parece um anjo que caiu do céu para me ajudar e não deixar eu surtar, eu não quero admitir isso, mas era bem mais fácil e tranquilo quando Amon estava aqui me ajudando e me guiando.

—ruivinho,  já decidiu se vai se tornar guardião ou não?— pergunto enquanto olho de canto ele separando os documentos na cadeira ao longe a minha direita.

Alex —arriscaria minha vida por esse reino, por você minha rainha—ouvir isso me faz abrir um pequeno sorriso de felicidade, ver o quanto é fiel a mim.

—mesmo que seu pai não queira isso?— pergunto, mas logo depois faço uma cara engraçada ao lembrar que ele não sabe desse detalhe.

Alex —pai? Eu realmente o considerava assim, mas depois de saber que a pessoa que mais me insinuou a ser leal traiu sua própria rainha.... não consigo mais ver ele dessa forma, muito menos ter ele como exemplo. Cristian foi somente meu professor e uma das minhas maiores  decisões— ouvir isso doeu em mim, não quero nem saber o que Cristian sentiria ao ouvir as palavras do próprio filho.

—chegou a falar com ele pelo menos?— pergunto curiosa, pois não sabe os motivos que levaram Cris a fazer o que fez.

Alex —eu tentei ouvir o lado dele, mas não disse nada para mim enquanto eu estava lá,  ficou em silêncio,  nem se defendeu, o silêncio é a confirmação de muitas coisas, para mim afirma que é culpado— ele só não pode dizer... queria que ele pudesse entender isso, mas não posso dizer pelo bem dele.

—quer mesmo se tornar guardião,  tem certeza disso?— pergunto o olhando fixamente,  pois não sei se um dia conseguirei quebrar as regras que prendem eles a servir o purgatório como escravos sem vida, um dia é certo que aprenderei, mas vai demorar quanto tempo? Séculos, Milênios, décadas?

Alex —eu não tenho vida fora daqui, minha rainha, não precisa se preocupar com a minha futura privação de liberdade, eu quase não tive mesmo— ele parece extremamente responsável e educado, pois mesmo conversando não deixa de fazer seu trabalho para me ajudar.

—tenho certeza que seria um guardião melhor até  que o seu.... que o Cristian— falo tossindo na pausa por causa do erro que eu ia cometer de novo.

Alex —está estranha, tudo bem?— pergunta parando de olhar os documentos,  vejo ele se levantar e vir em minha direção, acho que quer ter certeza que estou bem.

—não é nada, só  não sei como agradecer você por tudo isso até agora— digo o olhando com um pouco de vergonha, posso dar terras a ele, uma região quando essa guerra acabar, fazer dele um lorde ou um duque.

Alex —ver você tranquila e com um sorriso divertido e bravo já é o suficiente,  pois assim sei que está bem, ser útil já  é uma recompensa para mim acredite— diz enquanto olha para meus cabelos com um sorriso fofo.

—por que seria o suficiente,  Alex?— pergunto sem entender,  pois normalmente todos fazem coisas querendo algo em troca.

Alex —provavelmente fui um estorvo para meus pais, um problema, por isso me abandonaram  em um orfanato,  nem sei se tinha pai, provavelmente minha mãe devia ser uma prostituta ou algo assim, ou eram um casal extremamente pobre e sem condições de cuidar de uma criança—  deve ser extremamente doloroso não saber sua própria história,  queria entender  como se sente, mas não sei se consigo, crescemos sem pais, mas eu sempre soube que fui amada, que meus pais sempre estariam lá  no inferno me esperando, já  ele nem sabe sua origem, nem que sua mãe  está morta, e que seu pai sempre esteve ao seu lado cuidando do seu bem estar,  o treinando.

—aqui você tem um lar, quero dizer, você é um guarda é claro, mas para mim já faz parte desse castelo, já tem uma parte até que grande na minha vida, não precisa ser útil ou fazer algo que me agrade para continuar a ser importante aqui— digo olhando diretamente em seus olhos azuis, inclusive parei de assinar os documentos.

Alex —obrigada, minha rainha— diz olhando para baixo, acho que o deixei sem jeito.

—sabe Alex, não leve o que eu falar a mal, mas eu agradeço por seus pais terem cometido um erro, pois se não tivessem feito, você não estaria aqui comigo— digo ficando com vergonha,  mas não só eu, pois seu rosto ficou vermelho também.

Alex —eu não levei, sou feliz por ter conhecido você também, vossa majestade— diz com seu sorriso envergonhado do eu amo tanto.

—ELIZA! — digo o corrigindo pois é a décima vez.

Alex —posso chamar você de morceguinha?— sinto meu rosto avermelhar ao ouvir o apelido.

—é vergonhoso e infantil esse apelido— digo sem olhar para ele.

Alex —se não gostou tudo bem, mas seus olhos vermelhos te deixam lindo quando fica brava, achei que deveria saber desse detalhe— diz e logo se vira, parece que vai se retirar da sala, que idiota, conseguiu me deixar sem jeito e sem palavras, não consigo nem reagir a essa frase.

Encosto minha cabeça no trono duro e desconfortável, ele é lindo, mas todo esse ouro o deixa  mais como uma cadeira de tortura.

Só quero acabar logo com esses trabalhos para poder ir para termal e ver se consigo relaxar. Me pergunto o que Amon está fazendo agora, se está com alguma outra mulher além de mim. Só rio sozinha ao lembrar de quando entrei no quarto dele e ele disse que eu era a única mulher que ele tinha algo, obviamente é mentira, mas nunca o vi com outra, não é igual ao Dante que sempre esteve acompanhado de alguma mulher linda, famosa ou peituda.

Rainha do PurgatórioTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang