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Já fazia quase dez anos que trabalhava como investigador da polícia de Belo Horizonte como todos da sua areia, sempre viu de tudo um pouco; mas nada o preparou para aquele momento

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Já fazia quase dez anos que trabalhava como investigador da polícia de Belo Horizonte como todos da sua areia, sempre viu de tudo um pouco; mas nada o preparou para aquele momento. Ao entrar na casa inacabada e abandonada, viu que o interior dela ainda era mais decrépito como a fachada. Nos lugares onde a luz do sol não batia, havia uma cobertura de mofo no chão cimentado e nas paredes sem reboco.

Luca franziu o nariz ao reconhecer o cheiro da morte. Era um odor que dificilmente poderia descrever, um que já estava gravado em sua memória e que seu nariz já o reconhecia. Apenas com a iluminação do luar e da pequena lanterna do celular, vagou pelo lugar quase vazio.

Não poderia dizer que alguém vivia ali, a única coisa que denunciava que uma pessoa ia até lá de vez em quando era algumas embalagens de comida no chão. Virou no pequeno corredor e parou na abertura onde alguém deveria por uma porta.

Era ali que o cheiro estava mais forte. Era ali que a morte estava. Tentando não respirar muito fundo, Luca entrou iluminando o lugar com a lanterna do celular e viu um pequeno colchão velho estendido no chão, logo abaixo da abertura onde teria ficado uma janela.

O luar e as luzes amarelas do poste da rua atravessavam a pequena abertura para a janela e iluminavam o corpo que jazia no colchão. Reconheceu uma mulher muito pálida deitada com os braços estendidos ao lado do corpo, em uma posição que poderia apostar um mês do seu salário que ninguém dormia.

Era uma visão tão etérea, que beirava ao macabro.

Chegou mais perto, tentando não tocar na mulher. Precisava da equipe forense que estivesse ali primeiro antes de fazer qualquer coisa para não comprometer a cena do crime. Sacou o celular e ligou para a sua parceira.

— Juliana, achei um corpo — disse quando ela atendeu com uma voz confusa e sonolenta. Iria odiá-lo por tê-la acordado de madrugada.

— Onde?

— Eu te passo o endereço e aí você vem com os peritos. — E desligou. Escreveu o endereço e enviou para ela.

Porém antes que saísse para esperar a equipe que lhe daria respostas, olhou mais uma vez para o corpo. A mulher tinha os cabelos longos e pretos que emoldurava um rosto pálido com a expressão plácida da morte. No corpo, estava dentro de um vestido de seda branco, como se tivesse se arrumando para dormir sem saber que seu sono seria o eterno da morte.

Luca deixou a casa, fez o procedimento padrão para isolar o lugar. Não queria que ninguém de fora entrasse para prejudicar a cena do crime Quando terminou, o sol já estava nascendo e viu o carro dos peritos chegar.

Juliana saltou assim que estacionou. Com os cabelos loiros bem curtos e rentes ao rosto que ressalta os olhos claros e a boca generosa; com o distintivo pendurado no pescoço, ela se aproximou.

— Bom dia Luca — disse a ele ao mesmo tempo que os olhos verdes examinaram a casa. Atrás dela, os legistas já estavam se organizando para começar o trabalho.

— Belo dia — zombou ele. — Nada melhor que acordar com o cheiro de morte.

— É o nosso trabalho — Juliana deu de ombros. — Bem, o que você descobriu?

— Nada ainda. Isolei o lugar, estava esperando vocês chegarem para tomar um café com a vizinha.

— Com quem?

— Com a senhora que fez a ligação para a delegacia. Ela mora aqui — apontou a casa ao lado. — Vou ver o que posso descobrir conversando com ela.

Juliana assentiu.

— Bem, faça isso. Que eu fico aqui com os legistas esperando alguma informação.

— Me mantenha informado.

********************

— Você precisa ir embora agora — Andréia disse assim que vestiu o robe. Virou-se para encarar o homem ainda nu na sua cama.

— O quê?

— Já amanheceu, é outro dia. Você precisa ir embora.

Ele enfim a compreendeu e ficou furioso.

— Você está me dispensando? Depois da maravilhosa noite que tivemos juntos?

Andréia precisou controlar a vontade de revirar os olhos.

— Não leva para o lado pessoal, lindo. Eu estava com coceira e você coçou muito bem. Agora, cada um vai tomar seu rumo e...

Deixou a fala morrer quando ouviu uma batida na porta. Ao abri-la, sorriu para a senhora que sempre cuidou dela.

— Bom dia, dona Filó.

— Sei que não gosta que batam aqui na porta do seu quarto, mas tem uma visita.

Andreia elevou as sobrancelhas.

— Já tão cedo? Sabe quem é?

Quando os olhos castanhos e enrugados da Filó se encontraram com os dela, Andreia se sentiu novamente criança.

— É o seu irmão.

	— É o seu irmão

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