Ao soar dos crótalos

1.7K 129 21
                                    

"Você será testado. Um dos meios será através de sua mente."

Ele se lembrava dos conselhos de um professor. Um mestre que tinha a total razão no que dizia. Sua devoção por sua rainha não era segredo. E nas diversas tentativas de o manipular, Usagi batia sempre na mesma tecla. A postura de Sasuke se endureceu. Ele buscou o ar imperceptivelmente aos olhos de Usagi. A postura do rei era perfeita. Para quem o visse ele sempre parecia imponente, um belo rapaz enigmático e sombrio para quem fosse bom percebidor.

—Tens uma fixação singular em Sakura, Usagi. -O velho senhor que tinha olhos tão puxados e de aspecto "fechado", arregalou os orbes, o timbre rouco do homem a sua frente o fez tremer.

—Meu senhor... -Vociferou o velho esquecendo-se de que falava com um rei. Seres humanos agiam assim quando algumas verdades que não gostavam sobre si eram expostas. Sasuke apenas ergueu sua mão no ar pedindo um "basta".

—O senhor foi tão baixo a ponto de esquecer-se que eu sei de todas as leis de Avalon? Usagi... Dizer publicamente três vezes, que repúdio Sakura em meio a testemunhas, é o equivalente a pedir minha separação dela. Humilha-la, jogá-la ao vento. -Os olhos pretos fixos em Usagi o fizeram engolir em seco.

—Não vai acontecer Usagi. -Disse Sasuke sem quebrar aquele contato. Usagi não sabia o que odiava mais, aquela verdade esfregada em sua face, ou as feições firmes e delicadas de Sasuke que o faziam parecer um Deus, um anjo belíssimo que dizia coisas tão provocativas. Como se Sasuke pudesse ver dentro dele.

—No entanto se minha rainha me trair, politicamente, ela será afetada com vetos e os pesos das próprias escolhas. Os casamentos em Avalon são compromissos eternos. Não pretendo quebrar esta tradição. -Disse Sasuke calmamente sem tirar o peso de seu olhar do velho Usagi que começava a suar.

—Com isto Usagi... Você pode supor que Sakura e eu estamos muito entrelaçados.

—Meu pai é muito benevolente, não posso dizer o mesmo de mim senhor. Pare de tentar me manipular, não hesitarei em usar meus poderes para inflingir minha soberania! -Disse Sasuke firmemente, porém sem aumentar a entonação de sua voz. Usagi engoliu em seco. Sua pressão arterial caiu tanto que por um momento ele perdeu a cor dos lábios.

Os olhos de Sasuke ficaram vermelhos deixando o velho e experiente conselheiro, apavorado. Manipular jovens e até adultos sempre foi tão fácil, porque não conseguia com aquele menino? Muito diziam sobre os olhos dos Uchiha e sua capacidade de te fazerem viver um inferno na terra. Torturas dolorosas que duram uma eternidade, esta que corresponde ha apenas segundos na terra.

—Saiba Usagi... Que o único motivo pelo qual eu ainda escuto os senhores, vem do desejo de sua rainha de manter um conselho justo! Lembre-se, que só não lhes faço mal, pela misericórdia de sua rainha! -Disse Sasuke ainda com o semblante calmo. Qualquer raiva que Usagi tivesse da jovem Sakura, fora dissolvida naquele momento. O homem se levantou assustado.

—É, Sakura é a mocinha. É ela quem presa por pacifismo, justiça e misericórdia. Eu não. -Disse Sasuke revelando o quão sombrio podia ser. Usagi fez uma reverência rápida e logo saiu do gabinete de Sasuke. O jovem Uchiha encostou suas costas na cadeira macia. Podia lidar com muitas situações, conseguiria passar por elas como se fossem simples garoas. Era bom em muitas coisas. Era astuto. Só não sabia viver sem Sakura.

Sasuke era um ser demoníaco. Mas não era o conceito cristão de demoníaco. Demônios guardavam as leis do universo ao lado dos anjos. Os demônios cuidavam do submundo e do aprendizado de quem precisava de reciclagem. As almas que precisavam aprender algumas lições. Os anjos, cuidavam da instrução das almas que aprendiam as lições necessárias para ir para um próximo plano. No que alcançava a jovem rainha, ela não se resumia a uma posse aos olhos do rei, Sakura era seu coração. Como poderia viver sem um? Até poderia viver amargo sem ela, mas com ela... Ao lado dela, coisas boas brotavam dele. Mesmo que sua essência demoníaca o condenasse a dureza. Suspirou dolorido.

Pure Blood [Em andamento].Where stories live. Discover now