Simplesmente Aranha

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Minhas mãos exploram seu cabelo e suas costas, enquanto as suas percorrem a minha nuca e quadril.

Não sei a quanto tempo estamos nos beijando escondidos no almoxarifado. Aquele em que o encontrei completamente de surpresa e que mudou todo o meu ensino médio, mesmo que em sua reta final.

Estou sentado numa bancada enquanto Miguel está de pé, curvando todo seu corpo para mim. As luzes estão apagadas e não há ninguém nos corredores. Basicamente estamos matando aula. Mas tem como não matarmos aula?

Miguel descola seus lábios dos meus para recuperar o fôlego e põe as mãos na bancada me encarando com um sorrisinho no rosto. Faço exatamente a mesma coisa, me apoiando onde estou sentado.

— Pode me explicar como nós vamos nos desgrudar agora? — o questiono, sorrindo.

— Bom, com as teias costuma ser bem pegajoso — ele me entrega mais um beijo e volta a desafiar meus olhos. — mas só as aranhas têm essa facilidade — mais um beijo. — ou seja... você está preso por mim.

E mais um beijo, mas esse eu não deixo escapar e seguro sua nuca, o transformando em um grande beijo.

— Não acho que eu quero me desgrudar. — digo, enquanto paramos mais uma vez.

— Então não desgrude.

Antes que Miguel pudesse provar meus lábios de novo, o sinal do intervalo toca.

Nossos sorrisos se sintonizam.

— Eu saio primeiro... você pode ir depois... — digo, envergonhado, enquanto puxo minha mochila.

— Espera... A gente precisa mesmo se esconder? — Miguel me segura pela cintura com uma mão.

— Como assim?

— Não podemos só andar por aí de mãos dadas? — cada palavra o deixa mais ruborizado.

Me encosto na bancada e deixo minha mochila no chão. Definitivamente mais corado do que ele.

— Bom... não é como se fossem suspeitar que você é o Homem-Aranha por isso, né? — pondero.

— Aaron, eu não acho que uma coisa depende da outra. — ele ri encarando minha boca.

— Verdade... eu não sei porque considerei isso. — não mesmo, acho que toda a questão de estar saindo com Miguel e o Homem-Aranha me deixou perdido. Isso e os seus beijos. — Mas você quer mesmo fazer isso?

— Tô querendo fazer isso desde quando fizemos aquele trabalho de química juntos há dois anos atrás. Eu sempre gostei de você...

Meu corpo entra em estado catatônico.

A porta do almoxarifado se abre, médicos e enfermeiros entram trazendo uma maca e desfibriladores.

Estou completamente eufórico, por dentro. Não lembro de ter ouvido palavras tão bonitas em toda a minha vida. 

Cacete, eu estava apaixonado por esse garoto e ele TAMBÉM por tanto tempo? QUAL É O NOSSO PROBLEMA?

Retorno ao mundo real puxando seu rosto com uma mão e então o beijo e o beijo e o beijo de novo e de novo e de novo. Até precisarmos encher nossos pulmões mais uma vez.

— O que foi isso? — Miguel sorri, surpreso.

— Eu só acabei de perceber que éramos muito idiotas. Miguel, eu também tava apaixonado por você desde aquela época. 

— Apaixonado? — ele recua o corpo franzindo a testa em dúvida. 

— Espera, você não?

— Eu disse que gostava de você... — uma malícia começa a se formar em seu rosto. — Não que estava apaixonado.

Entre Fios e TeiasOnde histórias criam vida. Descubra agora