Dor, dor e muita dor na minha costela.
Um soco com a garra da Olivia que parece que nunca vai se curar. E depois ainda atravessei uma parede do prédio com o impacto.
Tudo isso para recuperar o controle remoto da torre.
Mas deu certo.
A Jessica conseguiu desativar os moduladores de gravidade, o que fez o prédio inteiro cair por toda a avenida gerando um prejuízo enorme.
Pelo menos os planos da Dra. fracassaram.
Puxo uma pedra, do tamanho de um carro – de uma pilha de destroços do prédio com as duas mãos e com cuidado a jogo do outro lado da rua, onde não há ninguém.
Olho para trás e vejo dezenas de policiais e bombeiros ajudando a tirar as pessoas do banker que ficou embaixo do prédio. Uma por uma, por um pequeno buraco no chão.
Ainda bem que ninguém se feriu gravemente e o toque de recolher funcionou.
Puxo mais uma pedra, o que abre uma passagem maior para as pessoas saírem e a jogo em cima da outra, se espatifando em vários pedaços.
— Ei! Aranha! — um dos polícias me chama. — Esse foi o último banker, os outros aranhas já se retiraram, pode deixar com a gente agora!
Meus olhos tentam me guiar pelo perímetro e só agora percebo que está de noite. Pela intensidade da luz da lua, acredito que são umas nove horas.
Também não encontro o pessoal, o que é estranho, a gente costuma ir embora juntos.
— Obrigado, oficial... — salto dos destroços, aterrisando ao lado de uma viatura.
Pressinto algo, uma movimentação perto das pessoas.
Um senhor de idade, que saia do bunker com sua bengala, vestes rasgadas e sujas de cimento – levanta sua mão na minha direção, me chamando.
Entrego alguns passos até ele, cambaleando e sem tirar a mão da costela, já esperando um agradecimento, mas ele não o faz.
— Você não perdeu ninguém hoje garoto, vá para casa descansar. — ele por fim encosta sua mão em meu antebraço.
Sinto as lágrimas se aglomerando por trás da minha máscara. Limpo a garganta e seguro sua mão.
— Obrigado... — é só o que consigo responder sem mostrar que estou chorando.
Por muito tempo achei que ser um super-herói era fácil, que eu não tinha muito o que me preocupar se alguém descobrisse minha identidade ou ferisse meus sentimentos.
Mas agora sei que não é tão fácil.
O Miguel que salva o dia em Nova York ainda é o mesmo Miguel que chora pela perda de alguém importante. E isso eu não posso mais ignorar.
O vento gelado da noite me atinge como um castigo.
Não consigo chorar o suficiente no balanço das teias então apenas paro no prédio ao lado do meu apartamento.
Me sento na beira do terraço e puxo a máscara. As lágrimas fazem o resto.
Envolvo meus joelhos nos braços e a cabeça entre as pernas. Não quero sair dessa posição.
Aaron não vai voltar.
O primeiro garoto por quem me apaixonei. A melhor pessoa do mundo.
Lembro do seu cheiro. Das suas roupas recém passadas e do seu sorriso tímido que exprimia seus olhos.
Do seu jeito de falar, formal e cheio de palavras que ninguém da nossa idade usa. Da sua ira metódica. Do seu corpo comprimindo quando me beijava.
Uma fraqueza enche meu peito.
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Entre Fios e Teias
FanfictionEm um universo onde existem quatro Aranhas salvando o dia em Nova York, Aaron Rivers, um aspirante à design de moda do ensino médio, descobre casualmente a identidade secreta de um deles, Miguel Sosa. Agora, os dois se veem enrolados em um acordo qu...