02

2.1K 119 11
                                    

Lorrany

Coloquei minha mochila nas costas, descendo aquele morro, não tinha muitas amigas pra ir pra escola, até porque eu odeio conversar as 7 da manhã.

Dg: bom dia Lony- acenei com a cabeça- quer que eu te leve não.

Lorrany: ô que benção- atravessei a rua e subi na moto dele.

Dg: vai vim alguém te buscar, se você não conhecer não vai.

Lorrany: por que?- ele me encarou e desviou- vai mentir pra mim também?- sorri fraco- obrigada pela carona.

Entrei na escola desejando bom dia ao porteiro, fiz o trajeto pra minha sala, não tinha quase ninguém. Coloquei meu fone de ouvido colocando baco.

Respondi as questões que eu mesma fiz pra ver se tinha entendido a matéria. Guardei o fone quando o professor iniciou a aula.

Meu último ano, graças a deus, estudando a beça pra passar no Enem, se não eu não sei o que vai ser de mim.

Antes do intervalo eu tirei umas dúvidas com o professor de química, que com certeza essa matéria foi enviada pelo capiroto.

Como toda escola pública faltou professor de filosofia, nunca fui triste. Mandei mensagem pedindo pra alguém me buscar.

Fiquei mais de uma hora esperando alguém me buscar, não aguentei mais e subi andando.

Cláudio: ei ei vai aonde?

Lorrany: tô liberada desde 9:50.

Cláudio: não é bom você sair sozinha não, o morro tá em toque de recolher, o ciep vai liberar todo mundo 11 horas, espera aí.

Respirei fundo, tinha mais meia hora, passei na biblioteca, toda cheia de buracos. Cara se eu pudesse eu mandava melhorar tudo nas escolas públicas, político só bota a cara aqui perto das eleições, bando de filha da puta.

Entreguei o livro de filosofia, e nem ia pegar outro, mas a tia disse que seria bom ler outro, sempre fui triste.

O sinal tocou, eu fiquei na frente esperando alguém conhecido aparecer, eu não queria ser desobediente, mas todo mundo ia embora e eu ia ficar ali, sozinha?? O caralho.

Subi com um grupinho da minha sala, porém com a minha localização ligada o tempo todo, não aguento mais essa vida.

Fp: tá maluca?- me assustei

Lorrany: na próxima passa por cima. Valeu- despedi do povo dali subindo na moto, um perrengue viu.

Ele não me deixou na minha casa, parou na casa da tia Yasmin e nem me deu oportunidades de conversar.

Lorrany: boa tarde- coloquei minha mochila no sofá dela.

Felipe: tia- me abraçou e eu peguei ele no colo- eu não fui pra escola hoje, mamãe deixou eu faltar.

Yasmim: quem te trouxe?

Lorrany: fp, me diz o que está acontecendo tia, por favor. Eu tô com medo e nem sei a gravidade disso tudo.

Yasmim: nem eu sei direito Lony- pegou Felipe do meu colo- vem comer, depois você pergunta pro seu tio, imprensa ele- neguei com a cabeça.

Lorrany: não tô com fome, comi na escola.

Coloquei meu celular pra assistir mas acabei dormindo tudo que não consegui a noite.

Coutinho: fala comigo burguesinha- bateu na minha testa, abri o olho olhando feio pra ele- tua mãe tá te caçando.

Lorrany: fala pra ela que eu tô jogada em qualquer canto que eles mandam me colocar

Yasmim: qualquer canto não gata, na minha mansão e tá nessa- dei risada e levantei.

Lorrany: vou pra casa, me leva couto?

Coutinho: eu não, vim pra comer aqui

Yasmim: vai comer na casa da sua mãe, eu em

Lorrany: faço um bolo pra gente- sorri pegando minha mochila.

Coutinho: adeus dona Ermínia

Subi na moto dele encostando minha cabeça no seu ombro, entrei com ele em casa que estava meu pai e minha mãe deitados no sofá.

Lorrany: lava a louça se quiser alguma coisa- caminhei até meu quarto coloquei minha mochila de lado, tomei um banho muito rápido e coloquei uma roupa confortável.

O choro do Luiz me assustou, entrei no quarto que era da Yara, peguei ele no colo enchendo ele de beijos, ele deitou no meu ombro e eu desci com ele.

Gabrielle: bebê de vovó já acordou?- tentei entregar ele pra ela que negou- estava aonde?

Lorrany: aonde vocês mandaram de jogar.

Russo: Lorrany..

Lorrany: titia vai fazer bolo de chocolate, mas se você continuar chorando não vou fazer nada.

Luiz: cadê a mamãe tia?

Lorrany: já tá chegando vida.

Coutinho: chorão- ele abriu a boca pra chorar de novo e eu bati no Couto.

Luiz: tia eu não sou chorão- chorou alto e eu dei risada.

Lorrany: então para de chorar- abri o armário pegando os ingredientes.

Coutinho: vou namorar sua tia, você vai ficar sem ela.

Luiz: vai nada, você é feio- dei risada e quebrei os ovos.

Coutinho; aí menor te deixo careca ein.

Luiz: meu vô não deixa.

Coutinho: e quem é seu vô na fila do pão?

Russo: não sei não couto- dei risada e escutei a do Luiz também.

Luiz: ele falou que você é um banana vô.

Coutinho: x9, não te levo pra tomar sorvete mais.

Luiz; ele me leva.

Lorrany: confia.

Fp: patrão- olhei pra trás, ele tava mais sério que o normal, eu nem ia perguntar, ninguém nunca me fala mesmo.

Vulnerabilidade.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora