Ainda bem que você entendeu

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Yeonjun disse que iria tentar, mas ele não sabia exatamente como fazer isso.

Não julguem nosso pobre dançarino, é que ele nunca precisou dar em cima de alguém. Ele nem tinha percebido isso até se lembrar que todas as vezes em que ficou com alguém, foi porque chegaram nele.

Mas estava se segurando no princípio de que tudo tem sua primeira vez (mesmo que estivesse morrendo de nervoso).

Então ali estava ele, em plena tarde de domingo, sentado na mesa da sala e esperando Beomgyu acordar. Yeonjun fez o almoço, o que era comum, mas dessa vez resolveu tomar café da manhã mais tarde para conseguir almoçar com Beomgyu e tentar pensar no que dizer.

E enquanto esperava, sua cabeça foi pulando de pensamento em pensamento, como: "será que ele vai achar estranho?", "será que vai ficar muito na cara?", "mas não é essa a intenção?". Eram tantas dúvidas que suas pernas começaram a ficar agitadas e ele passou a bater as unhas na mesa.

Tinha certeza de que se o vissem de fora, achariam que ele era louco, mesmo que soubesse que já estava ficando biruta das ideias. Ele não fazia ideia que gostar de alguém era assim, ou se ele apenas era exagerado. Talvez um pouco dos dois, e ele nem teve tempo de completar o raciocínio já que Beomgyu saiu do quarto com Totó em seu ombro.

— Junnie? — Perguntou, sorrindo por vê-lo ali.

— O-oi, Gyu. Eu fiz o almoço. — Disse o óbvio, querendo se enterrar por gaguejar. — Tava esperando você.

— Você ficou fome esse tempo todo? — Arregalou os olhos.

— Não, não. É que eu queria almoçar com você. — Declarou, tentando fingir que não estava nervoso.

Beomgyu primeiro abriu a boca em choque e depois sorriu daquele jeito que Yeonjun amava.

— Vou trazer as coisas pra cá então, fica aí. — Não é como se ele fosse a algum outro lugar, mas Yeonjun agradeceu por isso, uma vez que não sabia se suas pernas não iriam ceder caso levantasse.

Ele ficou sentado, tendo a impressão que Beomgyu estava conversando baixinho com o papagaio na cozinha, mas não demorou para que os dois estivessem juntos de novo na mesa e se servindo. Àquela altura, parecia que o cérebro do dançarino tinha sido resumido a uma tela vazia, em que ele realmente não conseguia pensar em nada para falar.

— Ei, Junnie. — O escritor chamou sua atenção. — Não tô reclamando, mas o que aconteceu pra você me esperar hoje? Sabe que eu não me importo com isso, né?

— Queria passar mais tempo com você. — Respondeu, sem conseguir olhar para ele.

— Ah, então você gosta mesmo de mim, né? — Disse brincando, mas Yeonjun sentiu o coração quase pular pela sua garganta. Isso definitivamente não estava nos seus planos, mas ele nunca foi muito bom planejando nada mesmo.

Na verdade, sentia que Beomgyu estava lendo sua mente e o deixando exposto.

— É impossível não gostar de você. — Tentou imitar o tom de brincadeira (ainda que estivesse longe de ser uma).

— Eca! Eca! — Totó interrompeu qualquer coisa que Beomgyu fosse responder, fazendo os outros dois rirem alto.

E naturalmente eles começaram a conversar sobre coisas aleatórias, como sempre faziam quando estavam juntos. Yeonjun já deveria ter noção de que não precisava ficar nervoso perto de Beomgyu, mesmo que isso fosse inevitável. Eles se dão tão bem juntos, que o tempo passava em um piscar de olhos.

— Bora deixar pra lavar os pratos de noite? Tô com preguiça. — Beomgyu fez bico.

— Não vou me opor. — Riu, pois também estava assim.

espelho quebrado - yeongyuOnde histórias criam vida. Descubra agora