Capítulo 2 - Fire

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— Claro que eu não vou!
— Mas cara, você adora a Blue Eyes e gosta ainda mais das gatas que vivem te dando mole.
Esse que é o problema. Gatas dando mole demais. E em falar em mole, é como eu tenho que deixar o pau por um mês. Um mês não, vinte e nove dias, pois essa eternidade toda só passou um dia desde o início da aposta. Sinceramente não sei se vou conseguir aguentar. Só estou me segurando pois amo as minhas motos e perde-las para o Thunder vai ser a maior merda.
Que porra!
— Não Lion, não foi sair para lugar nenhum nos próximos trinta dias e se tem amor à vida não insista.
Quando ele percebe que a minha cara é de poucos amigos ele muda de assunto na mesma hora.
Garoto esperto!
— Amanhã vou fazer o reconhecimento do novo percurso da carga que chegará daqui há uma semana.
— Ótimo! Já pesquisou todos os pontos de monitoramento?
— Já sim chefe e um deles me chamou a atenção. Eu não reconheci o nome.
— Provavelmente algum tira novo que não está na nossa folha. Me passe o nome que vou resolver isso o mais rápido possível. Não podemos deixar nenhuma brecha.
— Sim, chefe.
Nisso ele se retira e eu aproveito para falar com os meus primos sobre o nosso futuro “funcionário”.
Abro a porta sem bater e vejo o Dru e o Thunder rindo de alguma merda.
— Oi pessoas, quero rir também. O que está rolando?
Quem me responde é o próprio Thunder e se eu soubesse da resposta não teria perguntado.
— Estava falando aqui para o meu irmão da nossa aposta e que em breve eu terei a minha coleção de motos aumentada, porque priminho, não dou mais dois dias para você entregar os pontos.
— Ra.ra.ra, muito engraçado. Olha a minha cara de felicidade. — Os dois voltam a rir e muito. — Dois babacas!
— Ah priminho, seja sincero, é muito engraçado sim. Pô cara, você não consegue ficar um dia sem enfiar o pau em algum buraco de saia, imagina trinta dias... você foi muito estúpido quando quis fazer essa aposta, ainda mais colocando as suas máquinas em jogo.
— Confesso! Fui um cretino! — Dou de ombros. — Mas eu vou conseguir, nem que eu tenha que amarrar as minhas duas mãos no pé da cama e ficar ali até tudo isso acabar. Então Thunder, pode tirar o cavalinho da chuva, pois as minhas motos continuarão sendo minhas. Custe o que custar.
— Acho melhor você amarrar as bolas ao invés das mãos, pois é capas de usar os pés para sair da seca.
Mais risadas dos idiotas e apenas bufo.
— Dá para trabalharmos ou vai ficar esse circo aqui por muito tempo? Porque sinceramente, estou me sentindo um palhaço.
Eles tentam controlar o riso, mas falham miseravelmente.
— Diga ai Fire.
Mais risadas.
Conto até dez e tento me concentrar no que importa.
— O Lion acabou de me contar que temos um ponto da estrada com tiras que não estão na nossa folha.
Nisso eu mostro o meu celular para eles com o nome que o meu soldado me enviou por mensagem.
— Ele realmente não faz parte, mas por pouco tempo. Thunder, ligue para o delegado de polícia e peça uma reunião urgente com ele e os novos tiras. Vou ter que ter uma conversinha com todos e se eu perceber que algum deles nos dará problema já resolvo na mesma hora.
E pode apostar que o Dru resolve mesmo.
O cara é temido pelos nossos “funcionários” e ninguém ousa ir contra ele. Eu já vi esse homem em ação e agradeço por não ser o inimigo.
Conversarmos por mais um longo tempo sobre o trabalho, mas o assunto principal era o novo percurso da carga que chegaria daqui há uma semana.
De tempo em tempo nós mudamos o trajeto para não ficarmos visados. Inimigos temos aos montes e a cobiça pela nossa carga é muito grande.
— E teremos problemas como esse toda vez que alterarmos a rota, mas é necessário.
Concordamos com o Dru e seguimos com outros assuntos pendentes.
Trinta minutos depois estávamos saindo do escritório, pois o Dru já estava indo a tal reunião.
O Thunder ficará no clube, mas eu acompanharei o meu primo como precaução.
Seguimos de moto até a delegacia e assim que chegamos vários rostos se viram na nossa direção. Continuamos seguindo em frente até a sala do delegado de polícia, onde entramos sem bater na porta.
Esse delegado substituiu o John, o filho da puta que matou a mãe do Vincent e quase matou a Mel e a Hera.
Mas dessa vez estamos calejados e de olhos bem atentos.
— Eu estava aguardando vocês, podem sentar.
Permanecemos de pé, como se nenhum convite tivesse sido feito.
Olho para o lado e vejo três policiais nos encarando com receio.
— São esses? — Pergunto já sabendo da resposta.
— Sim, inclusive já adiantei sobre a “visita” de vocês.
— Ótimo, assim não perdemos tempo. — O Dru foi bem seco no seu comentário, impondo o seu lugar perante os demais. — E o que decidiram?
Fiquei encarando aqueles três sujeitos e o primeiro se manifestou.
— Eu concordo em cooperar com o clube de vocês, sem problema algum.
— Ótimo, sendo assim pode se retirar. — Quando o cara já estava com a mão na maçaneta da porta o Dru voltou a falar. — Só não esqueça que não perdoamos traidores e mentirosos.
O cara arregala os olhos e o seu rosto perde completamente a cor, mas acena com a cabeça.
— Não decepcionarei. — E nisso ele sai fechando a porta atrás de si.
— Eu também concordo em cooperar, e podem ficar tranquilos que honrarei com a minha promessa.
O Dru apenas acena com a cabeça e o segundo sujeito sai da sala.
Voltamos a nossa atenção para o terceiro elemento.
— Eu não entrei para a polícia para me corromper. Não poderei cooperar com o motoclube de vocês. Nem adianta insistir ou me oferecer propina porque não vai rolar.
— Interessante a sua resposta.
Coitado do cara, não sabe onde se meteu.
O Dru olha para o delegado, que já entende o recado e sai da sala, deixando apenas nós três ali.
O cara não se sente intimidado e levanta o seu nariz em toda a sua arrogância.
Veja bem, não colocamos todos na nossa folha de pagamento, mas nesse caso, precisamos passar com a mercadoria sem nenhum tipo de problema, e se esse imbecil quer nos atrapalhar...
O meu primo faz uma ligação enquanto encara o cidadão.
— Venham fazer uma limpeza na sala do delegado de polícia.
Somente essas palavras e desliga o celular.
— Que limpeza?
O imbecil ainda pergunta?
Me aproximo do cara e em um movimento rápido dou um tiro, com silenciador, no meio da sua testa.
— Essa limpeza.
O sangue espirra um pouco na parede branca onde o sofá estava encostado e mais alguns respingos aqui e ali, mas a limpeza que o Dru se referiu cuidará de tudo, inclusive do corpo.
Aguardamos uns dez minutos e logo a nossa equipe já está em ação.
Utilizando a saída dos fundos da delegacia para sair com o corpo os rapazes são rápidos e eficientes.
Não demora muito e o delegado retorna para a sala.
— Tudo resolvido?
— Tudo. Se precisarmos de algo entraremos em contato.
O delegado assente para o Dru e com tudo resolvido saímos da delegacia como se nada tivesse acontecido.
Rapidamente voltamos para o clube e para os nossos afazeres antes de surgir esse leve empecilho.


Como hoje é sexta-feira teremos festa aqui no clube e eu tenho que me manter trancado no quarto.
Não me entendam mal, mas sou viciado em sexo e ver uma bunda doce disponível para o meu bel prazer não me ajudará em nada a manter as minhas motos.
Quando percebo que algumas pessoas já estão formando grupinhos e a música começa a rolar solta vou para a minha casa, mas antes cruzo com o Dru, a Mi e a sua prole.
— Não vai para a festa Fire?
— Não Mi, nem pensar.
Ela gargalha e pega o Antony no colo.
— Você é um puto mesmo. Seu pau vai cair de tanto uso.
É a vez do Dru gargalhar, dando um beijo na Mi logo em seguida.
— Boa noite para quem fica. Fui!
Mas antes que eu saia ainda escuto a Mi falar.
— Um dia ele vai encontrar uma mulher que vai fazê-lo mudar de ideia rapidinho.
Sigo para a minha casa onde vou tentar me distrair para esquecer tudo relacionado ao sexo.
Porra, também ninguém coopera. Agora virou o assunto preferido de todos. Como eu vou conseguir esquecer se me lembram a todo instante?
Vou direto para a academia e me foco para deixar o corpo o mais cansado possível. Mas, antes lembro das falas da Mi e acabo rindo.
Está para nascer a mulher que me fará deixar essa vida.

Fire (Série Angel Men MC) - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora