Capítulo 41. O Piquenique (Parte 2)

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...
— Como sempre, você também nunca falou nada sobre sua mãe. 

— Eu nunca soube muito dela, meu pai não gostava de tocar no assunto. 

— Então o fato de não querer falar sobre coisas é de pai para filho. 

— É, talvez.  

— Mas me fala. Como ela morreu? 

— Ela teve complicações no parto e depois de uma semana do meu nascimento, ela morreu. 

— Eu sinto muito. 

— Não sinta. Já me conformei e, além disso, ela não vai voltar, então não adianta se lamentar. Vamos deixar esse assunto para outra hora e comer né. 

Concordo com a cabeça, mas ainda fico pensativa. Ele é como eu, nunca teve uma mãe para cuidar dele. Reconheço aquele sentimento de solidão, é como se no seu coração estivesse faltando um pedaço.
Após uns anos, você começa a perceber que tem que lidar com aquele vazio, para sempre.
Você entende que aquela pessoa não vai mais voltar, e a única coisa que temos a fazer é aceitar
Aceitar mesmo sendo difícil, pelo fato de você ver outras pessoas curtindo um passeio com mãe, comendo com ela, se divertindo com ela, e saber que você nunca vai ter isso. 

Escuto um "ei" e abro meus olhos que a poucos segundos estavam fechados. Me deparo com os olhos de Hiram a poucos centímetros dos meus, me olhando fixamente. Tive um pouco de medo e me afasto para trás.

Sou só eu ou vocês também acham que ele gosta de me assustar? 

— Tá tudo bem? 

— Tá. Eu só tive medo, é que abri meus olhos e encontrei os seus, grandes e a poucos centímetros dos meus. 

—  Ok. Não vou fazer mais isso, mas vamos comer. 

Começo a procurar algo que me chame atenção. Precisava colocar alguma coisa na minha barriguinha esfomeada. Me deparo com uma torta de frango, é vai ser essa que vou escolher. Já com água na boca, coloco um pedaço generoso para mim e começo a degustá-lo. Que comida boa! Será que dá para eu pegar o resto e sair correndo para comer tudo sozinha? Acredito que isso não ia dar certo, mas seria engraçado. 

— Está pensando em quê? 

— Eu? Nada. Porquê? 

— Tá com um sorrisinho lindo no rosto. 

— É que a comida está ótima, e estar contigo melhora tudo. 

— Então finalmente decidiu admitir que estar comigo é uma coisa boa! 

— Se não fosse, eu não estaria casada contigo. 

— Hiram, eu tava pensando. 

— Em? 

— Sabe, com tudo que aconteceu, não terminei o ensino médio e assim não vou poder entrar na faculdade. E você sabe que sempre quis ser fisioterapeuta... Eu queria voltar a estudar. 

— Olha, se você está pronta para entrar em uma escola novamente, eu não vou te em pedir, só apoiar. É o meu dever fazer isso. 

— Eu não quero, não quero terminaŕ o terceiro ano em uma escola. Já pensei e cheguei a uma conclusão que não consigo. Por isso comecei a pesquisar e tem várias escolas de confiança que são EAD. 

— Se é o que você quer Lizzie, eu só vou te apoiar. Quero te ver feliz minha baixinha. 

É, era aquilo que iria fazer! Vou seguir meu sonho. Ser feliz! Vou dedicar cada segundo para terminar e conseguir entrar em uma faculdade. 

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