Seo-Yun e sua fuga de casa

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⠀⠀⠀⠀⠀𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟎𝟏:
⠀⠀⠀⠀⠀𝐒𝐄𝐎-𝐘𝐔𝐍 𝐄
⠀⠀⠀⠀⠀𝐒𝐔𝐀 𝐅𝐔𝐆𝐀 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐒𝐀

𝐀 É𝐏𝐎𝐂𝐀 𝐃𝐎 𝐈𝐍𝐕𝐄𝐑𝐍𝐎 𝐄𝐑𝐀 𝐒𝐄𝐌𝐏𝐑𝐄 a mais detestável para Seo-Yun, os casacos não eram muito grossos, as luvas não eram tão grandes e os sapatos estavam bem gastos

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𝐀 É𝐏𝐎𝐂𝐀 𝐃𝐎 𝐈𝐍𝐕𝐄𝐑𝐍𝐎 𝐄𝐑𝐀 𝐒𝐄𝐌𝐏𝐑𝐄 a mais detestável para Seo-Yun, os casacos não eram muito grossos, as luvas não eram tão grandes e os sapatos estavam bem gastos. Além disso, ficava difícil sair naquele tempo para trabalhar na vila Guryong. Yun teve que ajudar a mãe desde cedo, sua infância basicamente não existiu, ela não tinha tempo para brincar no balanço de pneu do outro lado da vila, não tinha tempo para conversar com as outras crianças e sua genitora sempre estava arranjando algo para que ela fizesse.

E foi assim desde que Yun morou lá.

Ela, no entanto, não culpava a mãe. Hwan, seu pai, tinha problemas nas articulações, então não conseguia fazer muito esforço. Geralmente estava escorado em algum canto, resmungando durante o dia inteiro por conta das dores, logo todo o trabalho de ter alguns trocados no fim do dia passou a ser responsabilidade de sua mãe.

Yun ainda se lembrava da horta que sua família tinha no minúsculo quintal, havia tomates, batatas, alfaces e cenouras, onde parte delas eram vendidas. Bada, sua mãe, também recolhia materiais para a reciclagem. Yun se recordava de quando a ajudava nas colhidas, não era algo que ela gostava, só que na época ela se esforçava para não pensar muito sobre isso.
     — Mas o céu é tão intrigante, a senhora não tem curiosidade de saber o que tem lá em cima? — perguntava a menina, na intenção de aguçar o interesse da mãe. Ela lembrava que sempre falava do céu, que questionava para a mãe o porquê das estrelas brilharem, se havia a chance de todos morrerem com a colisão de um asteroide – como aconteceu com os dinossauros –, se havia outros planetas parecidos com a Terra... Yun até ficava sem fôlego, porque, a cada pergunta feita, mais uma dúvida surgia. — O céu é tão bonito, a senhora não acha? Eu queria poder voar em cima de um cometa, assim eu veria tudo lá de cima!
     — Você já pegou todos os papelões daquele amontoado ali? — Bada apontou para a pequena montanha com lixo, segurando sua sacola já cheia com latinhas de alumínio. — Dá pra parar de falar baboseira? Tudo isso é besteira, é por isso que eu não te deixo sair com as outras crianças, você fica usando o seu tempo pra pensar nessas asnices.
     — Não é besteira, mãe! — Yun sempre se irritava quando a mãe falava daquele jeito sobre seus próprios interesses, ela não conseguia entender como funcionava a cabeça da mulher, que só pensava no que estava ali a um palmo do seu nariz. Yun morreria se não fizesse perguntas, se não tivesse dúvidas, nem mesmo curiosidades... Ela amava criar teorias sobre tudo o que não entendia.
     — Você tem que focar no seu trabalho, isso sim! — berrou Bada, impaciente com todo aquele papo de céu e espaço. — Se já terminou, melhor voltar pra casa. Está perto do almoço, vai preparar tudo. Anda!...

Seo-Yun bufou sem que a mãe visse e ameaçasse lhe dar umas palmadas, então entregou sua sacola com os materiais e apenas seguiu em direção à sua casa. Havia muita neve espalhada pelos labirintos da vila e estava exageradamente frio. Yun detestava neve, detestava quando os dedos ficavam duros, odiava sentir os lábios secos e os escorregões que levava vez ou outra. Ela quase chegou a quebrar o punho e nem podia falar nada para os pais, se reclamando da vida, porque eles a culpariam por não andar direito, por se distrair com bobagem e não olhar para a frente.

da poeira cósmica, veio a galáxia • daniel sharman Where stories live. Discover now