Capítulo 10

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O que era aquilo? Izuna não sabia. Era uma sensação estranha. Boa. Era como se Tobirama, ao invés de estar lhe beijando, estivesse fazendo uma massagem interna em seus órgãos e músculos, o relaxando completamente; mesmo que ainda apertasse os ombros dele com força enquanto as faces se moviam, o beijo se tornando um pouco intenso com o passar do tempo, saindo de um selinho para um chupar de lábios que extasiava ambos.

Expulsou o chapéu da cabeça dele ao segurar os cabelos loiros como flocos de neve derretidos com gentileza, enquanto o sentia acariciar as pontas de sua cintura.

Mas como todos sabemos, aquilo não poderia durar para sempre, e acabou de uma forma repentina. Ao sentir a ponta da língua do outro encostar em seus lábios, o Uchiha se assustou, lembrando de quem era e quem beijava, soltando a boca dele num ofego assim como seu corpo ao se lançar para trás, quase caindo se não fosse pelo piano, que o amparou, contudo, em consequência, fez um alto e esganiçado barulho quando o corpo e mãos do Beaufay caíram espalmadas sobre as teclas.

O moreno, ainda chocado, pôs a mão sobre os próprios lábios, encarando o também ofegante homem à sua frente. O Senju estava embasbacado, vermelho como nunca tinha visto, seus lábios inchados por conta do beijo e o menor não tinha a menor dúvida que os seus estavam na mesma situação. Os cabelos loiros estavam uma bagunça completa, assim como o coração de ambos, que bateu como um martelo gigante quando ouviram leves batidas na porta; e logo em seguida, uma voz grossa, conhecida.

— Senhor Beaufay? — a voz de Heather soou desconfiada ainda do outro lado da porta — Está tudo bem?

— Sim... — respondeu primeiramente num sussurro, sem tirar os olhos da mira dos do outro, pigarreando em seguida ao confirmar mais forte — Não tem com o que se preocupar.

A Remy não falou mais nada, os deixando novamente em silêncio na sala.

O que foi aquilo? O marido de Delilah se perguntava, uma confusão gigantesca em sua mente como um balão inflável que substituiu seu cérebro. Estava louco? Pulou em cima de seu amigo, um homem. O beijou com fome como se fossem se atracar ali mesmo, e... Oh, meu Deus, e se os tivessem flagrado? Estavam arruinados, tanto a si quanto ele. Era um homem casado, e mesmo que não verdadeiramente, como pôde fazer isso com Delilah? Com sua família?

O loiro então, finalmente se moveu, quebrando o contato visual e pegando a boina no chão inicialmente, a juntando rente ao peito, se afastando a passos lentos.

— Eu... Me perdoe, Izuna. Acho melhor eu ir agora.

Um suspiro saiu pelos lábios dele, e antes que Izuna conseguisse alguma verdadeira reação, ele passou por si como o vento do início da manhã, abrindo a porta e saindo silenciosamente pela mesma, deixando o Uchiha lá, confuso demais para conseguir fazer qualquer coisa a não ser corar e pensar na vergonha que aquilo traria em todos os sentidos.

O que seria deles agora?

×××

Seus lábios se abriram quando a porta da frente abriu, e se sentiu tremer quando ouviu a voz de Heather. Por um momento achava que ela o chamava, o que fez seu desespero aumentar ainda mais, mas invés disso, era somente ela falando com Delilah, em sua chegada. Isso o relaxou no mesmo momento, contudo, a ansiedade ainda estava escorrendo por todas as suas veias.

Desde ontem, desde o beijo, não viu Tobirama mais. Quem o atendeu na manhã foi Heather, pois estava nervoso demais para olhar em seu rosto. Era um covarde. Deveria ao menos lhe encarar, não poderia culpá-lo por tudo. Também havia o correspondido, da mesma maneira... Porém, ainda era um pouco difícil de fazer isto, ao menos pensar, imagine colocar em prática. Achava que era injusto o isolar daquela forma, todavia, sabia que não conseguiria nada naquele momento se visse ele; não depois daquilo.

Torta de Maçã (TobiIzu)Where stories live. Discover now