0.11 Cheiro de Lavanda

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0.11 Cheiro de Lavanda




Finalmente, fim de setembro.

O mês passou voando e eu não me dei conta disto, me distraí com a escola, os treinos e principalmente com os dois campeonatos que aconteceriam nesse mês. Que inclusive, fui o grande vencedor em ambos.

Nenhuma novidade, durante o mês inteiro.

Ainda não conseguia conversar direito com minha psicóloga, ainda não conseguia conversar confortavelmente com Heeseung, e ainda não conseguia ver os meninos com a frequência que eu gostaria.

Mesmo sabendo que eu havia feito as pazes com todos eles, Yuri e Lucas não me deixavam encontra-los na escola. Me afastavam dos demais sempre que tinham oportunidade.

Certa vez, inventei certa desculpa para que eu conseguisse me livrar de ambos, e fui até a biblioteca em uma tentativa de encontrar Jake. Para minha sorte, ele estava lá, lendo um livro sobre saúde mental, eu estranhei, já que não era seu feitio.

Pensei que pudesse ser algo relacionado ao tempo que fazia terapia quando era mais novo enquanto ainda morava na Austrália, mas me lembrei dos hematomas em seu braço - que ele escondeu com moletom durante um bom tempo até que sarassem - e pensei que poderia ser algo relacionado a pessoa que fazia aquelas barbaridades com ele.

Ele não falava nada além das mesmas desculpas, mas eu sabia que estava mentindo. E apesar de me morder de raiva, ainda me segurava e dizia que quando estivesse pronto eu o ouviria.

Conversamos na biblioteca por um bom tempo até que o sinal batesse e o horário de almoço acabasse, e depois, nos encontramos com Yuri e Lucas no corredor.

Jake saiu andando, se reverenciando aos meninos.

Eles estavam irritados, muito. Pois não só me flagraram com Jake - coisa que já disseram não se importar, e eu acreditei nisso - mas ficaram sabendo que andei conversando com Heeseung. Não sei como essa informação chegou a eles, mas eles não gostaram nem um pouco.

Na cabeça deles, Heeseung estava fazendo um personagem, da mesma forma que eu pensei antes, e eles odiaram quando contei a eles do almoço que tive com ele - almoço no qual resolvemos nossas intrigas - e eu juro, nunca vi Lucas tão chateado e indignado em toda a minha vida.

— Foi tudo um mal-entendido que aconteceu entre a gente — Falei, pela milésima vez no dia. — Não tem motivo pra tanto drama.

— Drama? — Lucas disse, visivelmente indignado. E eu percebi que estaríamos discutindo em alguns segundos. — Você passa quase dois meses sendo torturado mentalmente por esse cara, para conversar por dez minutos com ele e automaticamente esquecer tudo o que ele te fez?

— Ele não fez nada comigo! Eu fiz! — Respirei fundo, puxando ar com dificuldade. — Eu que fiquei imaginando um monte de merda e distorci a imagem dele!

— Você imaginou essas coisas porque ele agiu de acordo! — Diz, como se fosse óbvio. Mas fez sentido. — Você não teria pensando em todas essas coisas se ele não tivesse feito alguma coisa antes.

— Eu preciso explicar de novo o motivo dele ter forçado um sorriso? — Indaguei, irritado. Eu sei que era nessa tecla que Lucas tanto batia mas principalmente a tecla que ele não acredita de forma alguma.

— E você acreditou nele? — Riu, sem humor. — Sunghoon, se algum parente meu morresse eu não ia conseguir nem sair de casa, e ele nem fui no funeral dela? Que tipo de irmão ele é que não vai no funeral da própria irmã?

Hesitei em minha resposta e parei para pensar. Havia um motivo, Heeseung falaria se não tivesse desistido de contar no meio do caminho. Nunca quis admitir isso porque pensei que pudesse ser paranoia da minha parte, mas venho pensado nesse motivo há muito tempo.

Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)Where stories live. Discover now