0.12 Tudo bem chorar.

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0.12 Tudo bem chorar.





Se acordar cedo fosse um hobby, seria o meu preferido.

Sem exageros, poucas coisas conseguem a proeza de me manter de pé e energizado por um dia letivo inteiro, e acordar cedo é uma das principais. Tudo bem que grande parte das pessoas da minha idade consideram esse hábito um bixo de sete cabeças que consome e mata lentamente ao decorrer dos meses, mas esse caso não se aplica a mim.

Amo acordar antes do sol e ter o privilégio de me gabar de todos os dias conseguir presenciar um nascer do sol diferente, colecionar polaroides desse fenômeno natural é um dos meus costumes que me motiva a viver um dia após o outro.

O nascer e o por do sol são os eventos matinais que me incentivam a continuar acordando cedo. A paleta de cores de cada dia é única, cada uma com uma beleza diferente.

Cinco e meia da manhã, sentado na varanda de meu quarto bebendo um copo inteiro de chá com minha pequena companheira sonolenta ao meu lado. É nesse momento do dia que me encontro com as famigeradas "paz" e "tranquilidade". Nossos encontros não são raros, mas cada um deixa uma marca diferente em minha memória.

Me tirando de meus profundos devaneios, algo cutuca em meu braço, me viro e vejo Layla tocando-me com seu focinho, eu a encaro e tenho a visão que mais me deixa de coração na mão em toda minha vida: seus olhinhos estavam brilhantes e suas orelhinhas para baixo, seu rabo balançava para baixo e para cima de forma animada. Sorrio largando o chá de lado acariciando a bolinha de cor de mel. Ela fecha os olhos deitando a cabeça em minha perna.

Layla e eu ficamos daquela forma até que o alarme de seis horas batesse. Com uma dor gigante no peito, me vejo acordando Layla e me levantando, ela segue meu caminho até minha cama já arrumada pulando em cima esticando seu corpo e se deitando em seguida. Me dirijo até o banheiro e o tomo o banho de 10 minutos que tomo em toda manhã. Assim que termino de me arrumar, já vestido, saio do quarto e me dirijo até os corredores seguindo em direção da escada.

A casa está silencioso como o esperado. Apesar de morar em uma local enorme com cinco empregados, o único som a ser ouvido de tempos em tempos é o de casa sendo faxinada ou quando todos se reúnem no jardim para um lanche coletivo – uma das vezes em que todo mundo se reúne para comer e conversar.

Na sala de café, encontro Nicholas e Jiwoo arrumando a mesa, dou bom dia e sou recebido com a mesma resposta e um sorriso por parte de ambos. Alguns segundos depois, papai adentra a sala carregando uma bandeja enorme cheia de frutas e pães. Ao coloca-las na mesa, ele se vira até mim com o mesmo sorriso matinal de sempre e me beija na testa.

— Dormiu bem? — Assinto começando a finalmente me sentir acordado. — Que bom. Vá ajudar Jiwoo a pegar o resto do café da manhã e venha se sentar.

Faço o que papai pede e acompanho Jiwoo até a cozinha pegando de cima da bancada duas jarras de suco. Ela pega outras duas bandejas com biscoitos caseiros que papai faz. Colocamos as coisas em cima da mesa esperando que meu pai a arrume.

Eu, Jiwoo e Nicholas nos sentamos esperando que papai acabe de ajeitar as coisas, alguns segundos depois, três outros empregados aparecem na porta se sentando na mesa conosco e nos dando bom dia. Cumprimento cada um deles.

Essa é uma tradição que meu pai criou aqui em casa. Ele não veio de uma família muito rica, muito pelo contrário. Papai veio de uma família tão simples que seus pais tiveram de diversas vezes deixar de comer para que apenas ele e seus irmãos comessem. Meus avós passavam o dia inteiro trabalho para trazer comida dentro de casa, e quando o fazia, ela não era suficiente e teriam de dar ao meu pai e meus tios. Mesmo morrendo de fome, eles ficavam conversando com os filhos durante as refeições que eram os únicos horários em que a família poderia estar toda reunida. Como uma lembrança do passado, isso foi habituado entre nós também, mas dessa vez, todo mundo come o quanto quiser.

Como Gelo, Sunghoon... (JAKEHOON)Where stories live. Discover now