Capítulo XI

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Depois de conhecer Jeffrey, eu havia aprendido que o corpo é capaz de reagir de muitas formas quando há uma atração envolvida entre dois corpos diferentes. Eu lembrava da primeira vez em que eu havia me arrepiado, da primeira vez em que eu fiquei nervosa, e do meu primeiro batimento cardíaco acelerado.

Bom, depois de ter dado o meu coração em troca de uma magia, eu já estava me acostumando a possuir sentimentos diferentes e a não o sentir mais se acelerar.

No entanto, o que havia me deixado completamente atordoada, nesse exato momento, foi constatar que as duas outras conjunturas estavam ocorrendo comigo: Eu estava nervosa, e meu corpo estava arrepiado.

Os braços do príncipe Christian me seguravam pela cintura, firmes e de uma forma...íntima. O espaço da baia em que estávamos, juntamente com o cavalo, era mínimo, o que nos deixou perto.

Demais.

Ele não usava o usual uniforme real, pelo contrário, estava vestido apenas com uma fina camisa justa branca de mangas longas. Estava escuro, a não ser por uma lamparina caída ao chão que imaginei ter sido trazida por ele.

Nos olhamos por algum tempo, e, depois de sentir de perto a sua respiração, sem fôlego e tomada pelo susto, dei um passo brusco para trás quando o cavalo relinchou.

— Perdão, não queria assustá-la. — ele também deu um passo para trás, pegando a lamparina que havia sido derrubada. — Se machucou?

— Não, eu estou bem. — porque mesmo minhas pernas estavam fracas?

— Eu... a toquei... tentei ampará-la, me perdoe, não irá ocorrer novamente. É uma promessa.

— Agradeço. — respondi firme, erguendo a cabeça. Eu estava alucinando em meus próprios pensamentos. Definitivamente, não havia nenhuma atração. Isso era impossível. Eu não queria mesmo as mãos dele em mim outra vez. — Não sabia que era vosso cavalo.

— É o mais veloz... e o mais difícil também, isso além da aparência diferente. — o vi tentar acalmar o animal. — Foi difícil domá-lo, mas gosto de dizer que sou persistente com o que desejo.

— Talvez ele não quisesse ser domado.

— Ele seria morto se não fosse. — o cavalo se acalmou sob o toque dele. — O que faz aqui a essa hora? Está demasiadamente tarde.

— Estava sem sono, decidi cavalgar. — disse, da forma mais convincente que podia.

— Nunca conheci uma dama que gostasse de cavalgar, ainda mais a esse horário.

— Então trarei eu riqueza a vossa lista de conhecimentos acerca de diferentes damas.

— De fato. — ele sorriu de lado. — Posso acompanhá-la? Creio que seja perigoso ires sozinha.

— Não é necessária vossa preocupação. Posso muito bem cavalgar sozinha. — subi no cavalo, o vendo erguer as sobrancelhas.

— Como eu disse, esse é o meu cavalo.

— Todos os cavalos são seus, não me interessa se esse é o que vossa alteza possui mais apego. Os criados sempre cuidam deles, estou dando uma volta para ele, pelo menos, respirar um pouco de ar fora desse estábulo depois de passar um dia inteiro preso. Estou fazendo o meu trabalho, agora, se me permite. — fiz final com a cabeça para que ele saísse da frente, e quando assim o fez, saí com tudo com o animal.

A sensação do vento em meu cabelo enquanto eu galopava me trouxe a saudade da liberdade que eu sentia sempre que fugia do castelo de Beaumont.

Sorri. Não me importava que eu não possuísse mais dinheiro, se eu cavalgasse nesse mesmo ritmo ainda daria tempo de chegar aos portões da muralha na troca de guardas e finalmente...

Irrefutável SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora