Capítulo XVIII

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— Uma festa! — Madame Quinn grita, fazendo todos a repreenderem na cozinha por ela ter dito tão alto. Seu marido, senhor Bentley, colocou a mão em sua boca.

— Fale baixo, mulher. Quer que a festa acabe antes mesmo de começar?

— Eu fico responsável por levar a lenha e as bebidas. Posso passar na vila no horário do almoço e conseguir um porco. — disse Max, retirando a boina marrom da cabeça e sorrindo. — Será que ela vai gostar?

— Ela vai amar, Andy é louca por festas. — respondeu Tiana, mexendo no caldeirão. Pegando uma colher de pau, ela provou um pouco do caldo. — A família real não vai comer nem metade do que estamos preparando para o almoço, podemos levar as sobras. Eles não vão nem notar. Farei algumas batatas assadas para colocar junto com o porco. Traga cedo Max, para dar tempo de cozinhar.

— Pode deixar. — ele acenou feliz.

— Foi uma ótima ideia, Victória. — Laurel, uma das servas, disse, com um esfregão na mão. — Serão duas comemorações, uma pela melhora dela e outra pelo aniversário atrasado.

— É a minha última noite aqui, então, será bom passar com vocês. — sorri, vendo todos soltar um suspiro decepcionado.

— Eu ainda acho que você vai acabar ficando, menina. — disse Bentley, descascando uma laranja com uma faca.

— Terá muita música? Sem música eu não vou. — o jardineiro mais velho disse, aparecendo com as mãos sujas de esterco.

— Saia com as mãos sujas da cozinha, Antoine. — disse madame Quinn, empurrando o senhor.
— Leve seu alaúde à noite, é claro que teremos música.

— Vocês não vão chamar a Odella? — perguntei, vendo todos me olharem com as sobrancelhas erguidas.

— Não. — todos responderam juntos.

— Inclusive, você menina ficará responsável por deixar a Andy ocupada o dia inteiro. Não deixe que ela descubra a surpresa, e a leve na hora certa.

— Não é melhor a Ti fazer isso? Não sou muito boa com surpresas.

— Eu estarei cozinhando, Victória! — Tiana me olhou, erguendo os braços.

— A gente fará a decoração. — disse outra serva, levantando a mão de Laurel.

— Podemos chamar alguns guardas? Precisamos de pares para a dança. — disse outra cozinheira, que sorriu de orelha a orelha enquanto terminava de cortar as verduras.

— Só os que são confiáveis. — respondeu madame Quinn, se sentando no banquinho de madeira que parecia pequeno demais para ela. — Não podemos correr o risco...

— Correr o risco de que? — a voz de Odella fez todos pararem, e ela apareceu na porta da cozinha.  — Eu posso saber o motivo de tantas risadas?

— Eu estava apenas contando uma piada. — respondeu Max, a lançando um sorriso fofo.

— Você não devia estar cuidando dos excrementos dos estábulos? — Odella o lançou um olhar frio.

— É o horário de almoço, ele já está voltando aos serviços, senhora. — respondeu Bentley, deixando a laranja de lado e se levantando na mesma postura que ela, com os braços para trás.

Todos voltaram às pressas para os seus afazeres, sentindo o olhar de Odella sobre eles. Escolhendo a quem repreender, ela olhou para mim.

— A senhorita não disse que iria embora?

— Irei amanhã ao alvorecer.

— Enquanto isso, ficará aí parada atrapalhando o serviços dos outros? Ajude o Bentley a arrumar a mesa para o almoço de vossa majestade.

Irrefutável SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora