• capítulo dez •

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✿ Davi

"Davi, eu preciso falar com você."

Foi a mensagem de Paulo direcionada a mim.

"Aconteceu alguma coisa? Pode falar."

Digitei e mandei, já preocupado.

"Tem que ser pessoalmente."

Paulo parecia estar falando de algo realmente sério. Algo me dizia que não era coisa boa.

"Tá bom. Quer vir aqui em casa?"

"Pode ser. Passo aí daqui a pouco."

"Te espero."

Eu realmente não faço ideia do que meu amigo queria falar comigo. Eu temia que fosse algo muito ruim e comecei a orar andando de um lado para o outro. Por que essa angústia apareceu assim, do nada?

Esperei por alguns minutos, mas já estava ficando nervoso pela demora de Paulo. Uma dor de cabeça começou e tive que me sentar para acalmar um pouco. Eu sentia aquela mesma pontada de alguns dias atrás. Tá repreendido em nome de Jesus - pensei enquanto colocava a mão na área que vinha a dor.

Me levantei e fui tomar um remédio para ver se acalmava um pouco a dor. Quando estava terminando de tomar um copo de água, ouvi o interfone tocando. Provavelmente era Paulo.

Dito e feito. Logo, meu amigo já estava subindo e ao chegar em meu andar, bateu à porta. Abri a mesma e Paulo entrou com um semblante triste e aflito.

- O que aconteceu, irmão? - perguntei enquanto apontava o sofá para Paulo sentar e ele o fez. Me sentei ao seu lado. Ele suspirou pesado antes de responder.

- E-eu não deveria ter feito isso... - Paulo olhou-me com seus olhos embargados. - Meu Deus, p-por que isso aconteceu?

- Calma, cara. Pode me contar, respira. Vou pegar uma água para você. - me levantei e fui até a cozinha, um minuto depois voltei ao lugar anterior com um copo cheio de água para Paulo.

Esperei o mesmo tomar e fiz um sinal para que continuasse. Ele suspirou novamente antes de continuar.

- E-eu... a Taís... - Paulo não conseguia nem falar direito. - Nós terminamos. - eu fiquei perplexo na hora. Eu que pensava que logo os dois iriam se casar.

- O quê? - foi a única coisa que saiu da minha boca na hora. - Como assim vocês terminaram? Isso não faz sentido. - me levantei indignado.

- Pois é... mas foi o que aconteceu. - Paulo se inclinou colocando os cotovelos apoiados na perna e as mãos segurando a cabeça. Era nítido seu sofrimento.

- Meu Deus, como isso foi acontecer? Você não estava pensando em pedir ela em casamento?

_ Sim, mas...

_ Mas por que?

- Eu não tive coragem. Na hora, eu amarelei e acabamos brigando de novo. - eu não podia acreditar naquilo.

- Paulo, mas isso não está certo. Vocês eram um casal tão abençoado. Era uma relação tão de Deus, dava para ver isso apenas olhando para vocês.

- Eu sei... por isso, não sei mais o que fazer.

- Você precisa conversar melhor com a Taís.

- Não sei, não, cara. Ela saiu muito machucada da nossa última conversa, e eu também. Não sei se daria certo mesmo.

- Se quiser, eu posso conversar com ela. - estendi a mão e apoiei em seu ombro, para demonstrar estar sempre ali para o que meu amigo precisar.

- Se você achar necessário, tudo bem. Mas não sei se seria bom tocar nesse assunto novamente, talvez apenas devemos seguir nossas vidas. - Paulo proferiu aquelas palavras com uma expressão de tristeza.

Seu coração estava quebrado.

- Você ama ela, Paulo? - olhei bem em seus olhos.

- É claro que amo. Ela é a melhor coisa que Deus me deu... e agora, tirou.

- Então! Tenho certeza que ela te ama também. Vocês não podem deixar que um simples problema destrua a relação linda que vocês têm.

- Você acha?

- Claro! - quase gritei. Me recompus e soltei um suspiro - Olha, amigo, ore muito sobre isso. Sei que Deus vai te dar uma resposta e você vai saber o que fazer. Vou orar pelos dois também.

- Muito obrigado, amigo. Você sempre me ajuda, agradeço a Deus por sua vida. - nós dois sorrimos.

- É isso que os amigos fazem, não é mesmo? Agora vá falar com Jesus, o mais rápido possível. - Paulo se levantou e se despediu.

Com certeza, ele saiu melhor do que quando chegou.

Alguns minutos depois que Paulo saiu, enquanto eu estava em meu quarto arrumando algumas coisas, ouvi meu celular tocar na sala e fui até lá. Eu estava recebendo uma ligação de Taís. Digamos que eu já sabia do assunto que ela queria tratar.

- Oi, Taís! - Falei tentando parecer o mais normal possível, logo após atender.

- Davi, vo-você não sabe o que aconteceu... - sua voz soava triste, porém não parecia estar chorando.

- Na verdade, eu acho que eu sei... - falei baixo para Taís não ouvir.

- O quê? - ela parecia desanimada.

- Nada não. O que aconteceu? Pode falar, você sabe que estou aqui para ajudar.

- Então, eu e Paulo terminamos. - quando terminou a frase, parecia estar quase chorando, mas isso não aconteceu.

Tenho certeza que, do jeito que Taís é durona, ela está tentando se fazer de forte para não chorar.

- Isso é horrível. - falei triste. - Como você está?

- Eu não sei... e-eu não sei nem o que pensar, nem o que fazer. - ela estava se embaralhando para falar.

- Por que vocês terminaram? Isso não deveria acontecer, vocês se amavam tanto.

- Acabamos brigando por motivos bobos. Eu estava cansada de não receber atenção e acabei jogando a culpa tudo para cima dele.

- Vocês precisam conversar. O amor não pode acabar desse jeito.

- Eu não acho que isso seja uma boa ideia....

- Bom, você ama ele, não?

- Sim, eu o amo muito... - Taís desatou a chorar, parecia não ter aguentado mais segurar. - E-eu não sei o que vou fazer agora... nós nos machucamos muito.

- Tenho certeza que vocês podem resolver isso juntos. Sei que Deus não teria permitido isso sem um motivo. Talvez vocês precisem dar um tempo para pensar sobre tudo, mas por favor, não deixem que esses problemas atrapalhem sua relação.

- Você tem razão. - Taís estava com a voz embargada, tentando parando de chorar.

- Então - continuei - o que posso te falar é para orar muito sobre a relação de vocês. Eu vou orar também, creio que logo tudo vai se resolver, apenas confie no Senhor que faz tudo perfeito.

- Tá bom, vou orar sim.

- E se precisar conversar, saiba que estou aqui, ok?

- Ok. Muito obrigada, amigo. Ainda bem que Deus te colocou na minha vida. - ela riu e eu a acompanhei - Bom, agora preciso desligar. Tchau, até depois. - Taís fungou devido ao choro.

- Fique com Deus. Até depois.

A ligação encerrou e eu coloquei meu celular em cima da mesa, soltando um suspiro. Pronto, consegui ajudar dois amigos em um dia só. Talvez eu devesse ser psicólogo - pensei e depois ri de mim mesmo.

Dono dos meus diasOnde histórias criam vida. Descubra agora